- Voltamos com o quinto round deste grande espetáculo. Deu, o singular de Deus enfrentou até aqui Deus, o plural de Deu. Mas é com pesar que informo à minha distinta platéia que Deu abandonou o recinto, alegando ter ganho o debate por barbada!
Deus interrompeu:
- Mas agora eu é que ganhei de WO.
- Bem, - respondi - isto não estava previsto no regulamento. Mas quando o Senhor disse que torce para a seleção brasileira, quase abandonei o recinto.
Deus ficou avermelhado.
- Mas não se importe. Neste bloco, há uma grande chance de redenção. Vamos lhe fazer perguntas que vêm de todos os lugares. Do Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico, do Oceano Pacífico ao Guarujá, a pérola do Atlântico! Vamos à primeira. Ela vem de Cascavel, Paraná. Deus, até quando a menstruação continuará a ser um privilégio feminino?
Deus desembaralhou seu calhamaço de papéis com atenção e a resposta não foi outra, senão essa:
- Muitas mulheres reclamam da menstruação. Eu também não gostaria de menstruar. Uma vez testei a menstruação em mim mesmo, e tive que fazer a Guerra dos 100 anos para prover tanto sangue que saía de minhas genitais. Não deu certo. O órgão genital feminino favorece deveras a circulação de sangue. E o cheiro atrai os homens. Se as mulheres não menstruassem, creio que a homossexualidade aumentaria profundamente no mundo. Nada contra os homossexuais como eu e Deu já frisamos aqui. Acontece que as mulheres também merecem fazer sexo com um pênis. Então é uma escolha. Ou se menstrua e faz sexo com pênis, ou não se menstrua e se utilizem de borrachas.
A platéia não esperava tamanha franqueza de Deus. É a primeira vez na história que se ouve um líder religioso citando, mesmo que indiretamente, vibradores e variantes de pênis de borracha. Esta era a pergunta seguinte:
- Essa é de Pirinópolis, o estado me foge agora. Porque o senhor da guerra não gosta de crianças?
- Ah, muito obrigado, habitante de Pirinópolis. Rapaz, eu também não sei onde fica essa cidade. Desde que um grande autor de auto-ajuda escreveu uma música dizendo que o senhor da guerra não gosta de crianças, tenho recebido muitos e-mails questionando este fato. Acontece que tive muito trabalho para fazer com que o senhor da guerra não gostasse de crianças. Imagine! Ele já faz guerra, se gostasse de crianças, seria um pedófilo bélico! Cruzes!
Trovão.
- A pergunta seguinte vem de Piraporinha do Norte, cujo estado não quis ser citado. Se o senhor está em todos os lugares ao mesmo tempo, então quer dizer que há a possibilidade de estar encostando na gente enquanto urina?
- A pergunta desta pessoa é muito boa. Mas a resposta é curta: Eu não estou em todos os lugares ao mesmo tempo. O que há são meus representantes que adquiriram a franquia divina em todos os lugares do mundo.
- Esta pergunta vem de Guarujá, São Paulo. O Senhor realmente torce para a seleção brasileira?
- Torço, sim, por quê? - respondeu Deus, enfezadinho. - É a terceira vez que meu gosto futebolístico é aqui questionado. Torço para a seleção brasileira porque, como todos sabem, Deus é brasileiro.
Entendo.
- Deus, agora me diga. Qual é o melhor blog do mundo?
- O melhor blog do mundo é o Eu não sou virgem, Maria! E posso anunciar que ele será o blog oficial da Copa do Mundo de 2014!
- Muito obrigado, muito obrigado. Bem, senhores, vejo que nuvens se aproximam. É dada a hora de irmos embora. Espero que este debate tenha sido elucidador! Tenham todos uma boa noite.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Deu, o singular de Deus x Deus, o plural de Deu – 4º intervalo
Chegamos ao último intervalo do grande duelo, e nele tivemos uma grande surpresa. Deu, o singular de Deus, apertou o cinto e informou que ia embora.
- Para nunca mais voltar! - frisou.
Ele argumentou que estava muito cansado, e que já havia ganho o debate quando Deus disse que torce para a seleção brasileira.
- Quem torce para a seleção brasileira ou é afeminado ou mentiroso. Nada contra os afeminados. É que Deus é mentiroso mesmo. E nada contra Deus, mas ele é mentiroso, sim. Fora isso, tenho que encontrar um peixe fora d´água que está a me esperar lá em casa.
Foi uma boa razão. Pena que o debate se transformou em um monólogo. Tudo bem, um monólogo com um cara tão plural é quase uma reunião!
- Para nunca mais voltar! - frisou.
Ele argumentou que estava muito cansado, e que já havia ganho o debate quando Deus disse que torce para a seleção brasileira.
- Quem torce para a seleção brasileira ou é afeminado ou mentiroso. Nada contra os afeminados. É que Deus é mentiroso mesmo. E nada contra Deus, mas ele é mentiroso, sim. Fora isso, tenho que encontrar um peixe fora d´água que está a me esperar lá em casa.
Foi uma boa razão. Pena que o debate se transformou em um monólogo. Tudo bem, um monólogo com um cara tão plural é quase uma reunião!
Seção:
DEU - o singular de deus
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Deu, o singular de Deus x Deus, o plural de Deu – 4º round
- Estamos chegando ao quarto e penúltimo bloco de uma conversa sem precedentes na história da humanidade. De um lado, o grande fanfarrão Deu, com seu um metro e sessenta mal distribuídos. Do outro, Deus, com seus bilhões de quilômetros divinamente arredondados. Para quem não sabia e está ligou a televisão agora, Deus é gordo!
Neste instante, Deus pede a palavra:
- Por favor, André. Por favor. Eu gostaria de fazer um anúncio!
- Opa! Vai entrar para a Bíblia?
- Creio que sim. A correção bibliográfica sai no ano que vem, num acordo entre todos os povos. Mas não é este o anúncio. Eu quero dizer que um dos pecados capitais não mais existirá.
- Oba! - eu disse - Agora já posso sentir inveja sem culpa?!
- Não! Inveja é feio, inveja é crime, inveja é foda. Você pode continuar sentindo inveja, só não pode senti-la sem culpa. Quero anunciar que a gula não é mais um pecado capital! Podem comer à vontade. Inventei este pecado porque faltava comida. Hoje não falta mais. Hoje não pode é jogar comida fora. Mesmo que para isso seja preciso ser guloso!
- Então agora são seis pecados capitais? - perguntou Deu, que já se sentia um pouco excluído do debate.
- Não, não! Continuam sete. Como a gula era o primeiro, são sete, começando do segundo, mas o primeiro fica vago. Preciso pensar em outro. - disse Deus extremamente sereno.
- Eu tenho uma sugestão para o primeiro pecado capital. - gritou Deu, com seu microfone falhando - Para mim, o novo pecado capital deve ser a extroversão! Viva os tímidos!
- Taí uma boa idéia, disse Deus coçando a barba. Pode ser esse, Deu? Mas você não vai querer cobrar os direitos autorais, né?
- Conversaremos depois sobre isso. - falou Deu, agora com o microfone restabelecido.
Os dois estavam saidinhos demais. Era preciso continuar com o roteiro do programa. Desse jeito, eles se reuniriam. Um seria líder, o outro suplente, e a humanidade seria entregue a um monopólio. Chamei meu primeiro convidado da noite.
- Liguem os holofotes, porque aí vem Roberto Justus!
Deus fez cara de espanto, enquanto Deu não escondeu o nojo.
- O que é isso? Vocês não querem o Roberto Justus?
Ambos fizeram que não com a cabeça.
- Então pode ir embora, Roberto! - eu disse com meu melhor sorriso. - É preciso começarmos as perguntas de teste de empresas, porque muitos psicólogos e empresários estão assistindo a este duelo, e não saberiam decidir sem estas perguntas. Vamos começar. Deu, qual foi o último livro que você leu?
- A Bíblia, para estudar meu adversário.
Deus:
- Eu li "Quem mexeu no meu queijo?", porque estavam invadindo a fábricas de queijo na Suíça. Mas não ajudou muito, não.
- Se você pudesse mudar uma coisa no mundo, qual seria? Deus.
- Eu posso mudar o que eu quiser no mundo.
- E você, Deu?
- Eu acabaria com a enxaqueca.
- Quais são os seus times? Deu.
- Eu torço para o Palmeiras. Mas apesar de gostar de comida italiana, não gosto do Flamengo e do Corinthians, time das massas.
- Deus?
- Eu torço para a Seleção Brasileira!
- Vejam esta foto:

- O que está faltando nela? Deus.
- Estou faltando eu.
- Deu?
- Faltam mulatas.
O bloco já podia ser encerrado.
Neste instante, Deus pede a palavra:
- Por favor, André. Por favor. Eu gostaria de fazer um anúncio!
- Opa! Vai entrar para a Bíblia?
- Creio que sim. A correção bibliográfica sai no ano que vem, num acordo entre todos os povos. Mas não é este o anúncio. Eu quero dizer que um dos pecados capitais não mais existirá.
- Oba! - eu disse - Agora já posso sentir inveja sem culpa?!
- Não! Inveja é feio, inveja é crime, inveja é foda. Você pode continuar sentindo inveja, só não pode senti-la sem culpa. Quero anunciar que a gula não é mais um pecado capital! Podem comer à vontade. Inventei este pecado porque faltava comida. Hoje não falta mais. Hoje não pode é jogar comida fora. Mesmo que para isso seja preciso ser guloso!
- Então agora são seis pecados capitais? - perguntou Deu, que já se sentia um pouco excluído do debate.
- Não, não! Continuam sete. Como a gula era o primeiro, são sete, começando do segundo, mas o primeiro fica vago. Preciso pensar em outro. - disse Deus extremamente sereno.
- Eu tenho uma sugestão para o primeiro pecado capital. - gritou Deu, com seu microfone falhando - Para mim, o novo pecado capital deve ser a extroversão! Viva os tímidos!
- Taí uma boa idéia, disse Deus coçando a barba. Pode ser esse, Deu? Mas você não vai querer cobrar os direitos autorais, né?
- Conversaremos depois sobre isso. - falou Deu, agora com o microfone restabelecido.
Os dois estavam saidinhos demais. Era preciso continuar com o roteiro do programa. Desse jeito, eles se reuniriam. Um seria líder, o outro suplente, e a humanidade seria entregue a um monopólio. Chamei meu primeiro convidado da noite.
- Liguem os holofotes, porque aí vem Roberto Justus!
Deus fez cara de espanto, enquanto Deu não escondeu o nojo.
- O que é isso? Vocês não querem o Roberto Justus?
Ambos fizeram que não com a cabeça.
- Então pode ir embora, Roberto! - eu disse com meu melhor sorriso. - É preciso começarmos as perguntas de teste de empresas, porque muitos psicólogos e empresários estão assistindo a este duelo, e não saberiam decidir sem estas perguntas. Vamos começar. Deu, qual foi o último livro que você leu?
- A Bíblia, para estudar meu adversário.
Deus:
- Eu li "Quem mexeu no meu queijo?", porque estavam invadindo a fábricas de queijo na Suíça. Mas não ajudou muito, não.
- Se você pudesse mudar uma coisa no mundo, qual seria? Deus.
- Eu posso mudar o que eu quiser no mundo.
- E você, Deu?
- Eu acabaria com a enxaqueca.
- Quais são os seus times? Deu.
- Eu torço para o Palmeiras. Mas apesar de gostar de comida italiana, não gosto do Flamengo e do Corinthians, time das massas.
- Deus?
- Eu torço para a Seleção Brasileira!
- Vejam esta foto:

- O que está faltando nela? Deus.
- Estou faltando eu.
- Deu?
- Faltam mulatas.
O bloco já podia ser encerrado.
Seção:
DEU - o singular de deus
Deu, o singular de Deus x Deus, o plural de Deu – 3º intervalo
O terceiro intervalo deste caloroso debate foi marcado por uma situação muito curiosa.
Enquanto Deus conversava com seus anjos, Deu debatia calorosamente com um desafeto da plateia. A gritaria foi tanta, que Deus chegou perto para saber o que estava acontecendo. Deu explicou-lhe a situação, que não importa aqui contar qual era, e Deus concordou com o ponto de vista de Deu.
Resultado: Deu e Deus se uniram contra o desafeto da plateia, e no final, quando estávamos prestes a começar o quarto bloco se cumprimentaram efusivamente.
Enquanto Deus conversava com seus anjos, Deu debatia calorosamente com um desafeto da plateia. A gritaria foi tanta, que Deus chegou perto para saber o que estava acontecendo. Deu explicou-lhe a situação, que não importa aqui contar qual era, e Deus concordou com o ponto de vista de Deu.
Resultado: Deu e Deus se uniram contra o desafeto da plateia, e no final, quando estávamos prestes a começar o quarto bloco se cumprimentaram efusivamente.
Seção:
DEU - o singular de deus
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Deu, o singular de Deus x Deus, o plural de Deu – 3º round
Assim introduzi o terceiro round deste grande duelo:
- Estamos de volta com o terceiro round do duelo, da briga, do debate, da disputa, da querela, da rixa entre Deu, o singular de Deus e Deus, o plural de Deu! Vamos conferir a pulsação dos dois candidatos! Primeiro Deu!
Olhamos todos para Deu, enquanto os paramédicos instalam o medidor em seu pulso.
- Oitenta e seis batimentos por segundo! - grito, exaltando o coração deste grande homem. - E agora, Deus! - todos olhamos para Deus, e os paramédicos têm uma postura corporal esquisita. Talvez seja pelo resultado - Cinco trilhões, novecentos e sessenta e seis mil, trezentos e quarenta e quatro batimentos por minuto! Isto significa nervosismo, Deus?
- Não, não. Meu coração costuma bater para mais de seis, sete trilhões, em épocas de guerras mundiais. Agora estou calminho. Meu coração tem que bater forte assim porque, como pode ver, sou muito grande. Dá muito trabalho estar em todos os lugares.
- Compreendo, compreendo! Isto também demanda muito sangue, como posso imaginar! E você, Deu? Está nervoso para o terceiro round?
- Como poderia estar nervoso num debate em que estou vencendo? - respondeu Deu, sempre bonachão - Meu coração está ótimo, porque, ao contrário do que dizem, a gordura trans faz muito bem ao corpo humano! E minhas veias esbanjam gordura trans, graças a Deu, graças a mim.
- Sei, seu fanfarrão! - respondi - Este bloco trata do plano de governo. Queremos saber quais são os projetos de nossos dois candidatos para os principais problemas do mundo. Os dois responderão as mesmas perguntas, para que o eleitor tenha base para comparar os dois programas de governo. Estão prontos para a primeira pergunta?
- Sim, sim! - respondem os dois.
- Então respondam, começando por Deus. Quais são seus planos para a solução dos problemas da África?
- O problema da África é tão complexo, - começou Deus - que não vejo uma solução possível. Creio que a melhor alternativa seja dar aos humanos a chance de habitar outros planetas. Assim as pessoas mais abastadas morariam em Marte, e os habitantes da África poderiam se mudar para a Europa, Estados Unidos e Austrália.
- E você, Deu? Como resolveria o problema da África?
- Eu? - disse Deu - Primeiro quero comentar a resposta de Deus. Ele sempre fala que acabará com a fome do mundo, mas que nada! Todos pedem: “O pão nosso de cada dia, nos dai hoje”, mas Deus não dá ouvidos a ninguém. Eu resolveria os problemas da África matando alguns líderes capitalistas pelo mundo. Mas um aparte: Não me chamem de comunista. Só quero matar os líderes capitalistas porque eles monopolizam comida.
- Segunda pergunta! Para os senhores, a Sonia Abraão continuará com tanto espaço para falar abobrinhas? Deus, por favor.
- Já falei várias vezes com esta mulher. Se ela não parar de falar abobrinhas e de se comunicar com defuntos, ela perderá o espaço na televisão para sempre. Mas ela prefere ouvir o diabo...
- Deu?
- Quem é Sonia Abraão? – perguntou Deu.
- Aquela que você chamou de filha da puta na terça. – intrometeu-se Deus.
- Ah, sim! Sabe o que essa mulher é? Eu vou te contar o que ela é. Ela é uma filha da puta.
- Não dará a solução para a existência dela?
- Não tem solução. Não sei se vocês sabem, mas é difícil lidar com uma filha da puta. Eu participei de um debate no programa dela, e fui editado em tempo real. Isso, em tempo real. Eu também não pensei que isso fosse possível, mas aconteceu. Além do mais, ela não me pegou os vinte mil reais que cobrei pela participação no debate. Então veja como fiquei: Participei de programa em que fui editado para pior em tempo real, manchei minha reputação e não ganhei dinheiro. Assim não dá.
- Agora uma terceira pergunta para fechar o bloco! Uma para Deus, outra para Deu. A primeira é para Deus. Se Deu é por nós, quem será contra?
- Boa sacada, boa sacada. Eu quero salientar que não estou contra Deu. Se ele fosse um candidato melhor que eu, não hesitaria em entregar-lhe o monopólio religioso da humanidade. Ele é muito bom. É uma ótima pessoa, com boas idéias. Mas acontece que eu sou perfeito. Se Deu está contra mim, não há problema. Eu não estarei contra ele. Deve ter alguns fanáticos contra Deu, mas nada com o que ele deva se preocupar.
- Agora, Deu. Se Deus é por nós, quem será contra?
- Não sei. É melhor você encerrar o bloco. Não tenho paciência para lidar com esta conjuntura.
- Voltamos já.
- Estamos de volta com o terceiro round do duelo, da briga, do debate, da disputa, da querela, da rixa entre Deu, o singular de Deus e Deus, o plural de Deu! Vamos conferir a pulsação dos dois candidatos! Primeiro Deu!
Olhamos todos para Deu, enquanto os paramédicos instalam o medidor em seu pulso.
- Oitenta e seis batimentos por segundo! - grito, exaltando o coração deste grande homem. - E agora, Deus! - todos olhamos para Deus, e os paramédicos têm uma postura corporal esquisita. Talvez seja pelo resultado - Cinco trilhões, novecentos e sessenta e seis mil, trezentos e quarenta e quatro batimentos por minuto! Isto significa nervosismo, Deus?
- Não, não. Meu coração costuma bater para mais de seis, sete trilhões, em épocas de guerras mundiais. Agora estou calminho. Meu coração tem que bater forte assim porque, como pode ver, sou muito grande. Dá muito trabalho estar em todos os lugares.
- Compreendo, compreendo! Isto também demanda muito sangue, como posso imaginar! E você, Deu? Está nervoso para o terceiro round?
- Como poderia estar nervoso num debate em que estou vencendo? - respondeu Deu, sempre bonachão - Meu coração está ótimo, porque, ao contrário do que dizem, a gordura trans faz muito bem ao corpo humano! E minhas veias esbanjam gordura trans, graças a Deu, graças a mim.
- Sei, seu fanfarrão! - respondi - Este bloco trata do plano de governo. Queremos saber quais são os projetos de nossos dois candidatos para os principais problemas do mundo. Os dois responderão as mesmas perguntas, para que o eleitor tenha base para comparar os dois programas de governo. Estão prontos para a primeira pergunta?
- Sim, sim! - respondem os dois.
- Então respondam, começando por Deus. Quais são seus planos para a solução dos problemas da África?
- O problema da África é tão complexo, - começou Deus - que não vejo uma solução possível. Creio que a melhor alternativa seja dar aos humanos a chance de habitar outros planetas. Assim as pessoas mais abastadas morariam em Marte, e os habitantes da África poderiam se mudar para a Europa, Estados Unidos e Austrália.
- E você, Deu? Como resolveria o problema da África?
- Eu? - disse Deu - Primeiro quero comentar a resposta de Deus. Ele sempre fala que acabará com a fome do mundo, mas que nada! Todos pedem: “O pão nosso de cada dia, nos dai hoje”, mas Deus não dá ouvidos a ninguém. Eu resolveria os problemas da África matando alguns líderes capitalistas pelo mundo. Mas um aparte: Não me chamem de comunista. Só quero matar os líderes capitalistas porque eles monopolizam comida.
- Segunda pergunta! Para os senhores, a Sonia Abraão continuará com tanto espaço para falar abobrinhas? Deus, por favor.
- Já falei várias vezes com esta mulher. Se ela não parar de falar abobrinhas e de se comunicar com defuntos, ela perderá o espaço na televisão para sempre. Mas ela prefere ouvir o diabo...
- Deu?
- Quem é Sonia Abraão? – perguntou Deu.
- Aquela que você chamou de filha da puta na terça. – intrometeu-se Deus.
- Ah, sim! Sabe o que essa mulher é? Eu vou te contar o que ela é. Ela é uma filha da puta.
- Não dará a solução para a existência dela?
- Não tem solução. Não sei se vocês sabem, mas é difícil lidar com uma filha da puta. Eu participei de um debate no programa dela, e fui editado em tempo real. Isso, em tempo real. Eu também não pensei que isso fosse possível, mas aconteceu. Além do mais, ela não me pegou os vinte mil reais que cobrei pela participação no debate. Então veja como fiquei: Participei de programa em que fui editado para pior em tempo real, manchei minha reputação e não ganhei dinheiro. Assim não dá.
- Agora uma terceira pergunta para fechar o bloco! Uma para Deus, outra para Deu. A primeira é para Deus. Se Deu é por nós, quem será contra?
- Boa sacada, boa sacada. Eu quero salientar que não estou contra Deu. Se ele fosse um candidato melhor que eu, não hesitaria em entregar-lhe o monopólio religioso da humanidade. Ele é muito bom. É uma ótima pessoa, com boas idéias. Mas acontece que eu sou perfeito. Se Deu está contra mim, não há problema. Eu não estarei contra ele. Deve ter alguns fanáticos contra Deu, mas nada com o que ele deva se preocupar.
- Agora, Deu. Se Deus é por nós, quem será contra?
- Não sei. É melhor você encerrar o bloco. Não tenho paciência para lidar com esta conjuntura.
- Voltamos já.
Seção:
DEU - o singular de deus
Deu, o singular de Deus x Deus, o plural de Deu – 2º intervalo
Nada aconteceu de relevante no intervalo entre o segundo e o terceiro round entre Deu e Deus.
Deu estava muito tranquilo, e sentou-se quase deitado, com sua imensa barriga para cima. Deus tinha postura perfeita, olhar perfeito. Quem olha para Deus, tem a exata sensação de que ele é perfeito.
Quando faltavam três minutos para o fim dos comerciais, fui ao banheiro fazer xixi. Terminei somente quando restavam alguns segundos. Haja xixi.
Deu estava muito tranquilo, e sentou-se quase deitado, com sua imensa barriga para cima. Deus tinha postura perfeita, olhar perfeito. Quem olha para Deus, tem a exata sensação de que ele é perfeito.
Quando faltavam três minutos para o fim dos comerciais, fui ao banheiro fazer xixi. Terminei somente quando restavam alguns segundos. Haja xixi.
Seção:
DEU - o singular de deus
terça-feira, 2 de junho de 2009
Deu, o singular de Deus x Deus, o plural de Deu – 2º round
Quando o diretor televisivo informou que cessaram os intervalos, pigarreei rapidamente para introduzir o segundo round de nosso debate.
Percebi que Deu mantinha um ar bonachão, enquanto Deus estava um pouco inseguro. Acho que Ele não esperava tamanha força de argumentação de seu oponente. Assim como não era de sua expectativa que a sexualidade de seu filho fosse posta em questão. Tentava manter um ar sereno, mas a preocupação era evidente.
- Sejam todos bem-vindos ao segundo round deste debate sem precedentes na história! – disse eu, quase gritando – Neste bloco, teremos a participação popular. Os espectadores nos enviaram cartas e vídeos com perguntas capciosas. As melhores serão exibidas aqui. Será que nossos candidatos estão prontos para enfrentar o grande público? É o que veremos a partir de agora!
Um grande telão foi posto no centro, entre Deus e Deu.
- Vamos à primeira pergunta! E ela vem de Manaus de uma fiel de Deus!
Eis o vídeo:
- Olá, Deus! Olá, Deu! Eu sou de Manaus e sempre fui fiel a Deus. Meu nome é Celeste. Creio que Deu é um cara muito novo, despreparado para tantas responsabilidades. E é sobre isso que irei falar. Sobre portabilidade. Enquanto posso acessar os serviços de Deus onde quer que eu esteja, sendo necessário somente rezar, para falar com Deus é preciso fazer uma ligação interurbana. Isto quando ele atende o celular! Deu, até quando será tão difícil falar com você?
Aplausos efusivos da platéia.
- Com a palavra, Deu!
- Olá, cara Celeste. – começou Deu, o singular de Deus - Pensei que a produção deste debate fosse selecionar as melhores perguntas. E também, por que a senhora não enviou uma carta? Assim pouparia a nós e a todos os espectadores de tamanha feiura! Mas agradeço por sua pergunta porque é uma grande oportunidade de desfazer um mito que passou por séculos. Eu disse séculos, não dias! Séculos! Quem disse que Deus escuta quando nós rezamos? Rezar é como falar com alguém que não sabemos que é surdo. Ou seja, a gente fala, acha que a pessoa escutou, e nos sentimos bem por passar a mensagem. Quando na verdade, a pessoa não ouviu bulhufas. É surda! Eu entendo a minha baixa disponibilidade. Mas pode ter certeza de que quando a senhora fala comigo, eu escuto e resolvo!
O burburinho não foi pequeno na sessão. Pratos de comida foram jogados ao ar. Até um tiro de revólver se ouviu. Aos berros, tentei conter a multidão, e não obtive sucesso.
- Deus, por favor, cale estas pessoas!
Em um segundo todos estavam mudos.
- Responda, Deus.
- Deu é mesmo muito audacioso. – respondeu Deus – E, se não está fingindo ignorância, é altamente burro. Como todos sabem, sou o Todo-Poderoso, criador do céu e da terra. Diferentemente de uma pessoa comum, quando vários conversam comigo, sou capaz de dar atenção plena a todos. Atenção plena, ouviu? E assim, resolvo todos os problemas do mundo.
- Como?! – interrompeu Deu – Resolve todos os problemas do mundo?! Então a fome na África não é um problema! A pedofilia, o nazismo, a miséria também não! Porque se fosse, o Senhor já os teria resolvido! – disse às gargalhadas.
- Quero que saibam que o que pedem às vezes não é o melhor. Tem gente que pede coisas que somente lhe causaria malefícios! Se há quem passe fome é porque precisa da fome! A fome é proposital!
- Bem, não preciso dizer mais nada. – ao dizer estas palavras, um sorriso triunfal era visível em Deu.
Estava aí um bom argumento. Deus se mostrava como o candidato mais teórico, enquanto Deu ia na prática. Nas pesquisas de Ibope em tempo real, era possível perceber um freqüente aumento da credibilidade de Deu. Vinha agora uma segunda pergunta. Desta vez, um fiel de Deu foi o escolhido.
- Olá, Deu! Como vai, Deus? Meu nome é Josevaldo, e faço agora uma pergunta a Deus. Deus, que horas são?
- Quatro e cinqüenta e oito.
Deu olhou no relógio e não tinha objeção nenhuma a fazer.
Assim encerrei o segundo round. Se isto fosse uma luta de boxe, Deu estaria vencendo por pontos.
Percebi que Deu mantinha um ar bonachão, enquanto Deus estava um pouco inseguro. Acho que Ele não esperava tamanha força de argumentação de seu oponente. Assim como não era de sua expectativa que a sexualidade de seu filho fosse posta em questão. Tentava manter um ar sereno, mas a preocupação era evidente.
- Sejam todos bem-vindos ao segundo round deste debate sem precedentes na história! – disse eu, quase gritando – Neste bloco, teremos a participação popular. Os espectadores nos enviaram cartas e vídeos com perguntas capciosas. As melhores serão exibidas aqui. Será que nossos candidatos estão prontos para enfrentar o grande público? É o que veremos a partir de agora!
Um grande telão foi posto no centro, entre Deus e Deu.
- Vamos à primeira pergunta! E ela vem de Manaus de uma fiel de Deus!
Eis o vídeo:
- Olá, Deus! Olá, Deu! Eu sou de Manaus e sempre fui fiel a Deus. Meu nome é Celeste. Creio que Deu é um cara muito novo, despreparado para tantas responsabilidades. E é sobre isso que irei falar. Sobre portabilidade. Enquanto posso acessar os serviços de Deus onde quer que eu esteja, sendo necessário somente rezar, para falar com Deus é preciso fazer uma ligação interurbana. Isto quando ele atende o celular! Deu, até quando será tão difícil falar com você?
Aplausos efusivos da platéia.
- Com a palavra, Deu!
- Olá, cara Celeste. – começou Deu, o singular de Deus - Pensei que a produção deste debate fosse selecionar as melhores perguntas. E também, por que a senhora não enviou uma carta? Assim pouparia a nós e a todos os espectadores de tamanha feiura! Mas agradeço por sua pergunta porque é uma grande oportunidade de desfazer um mito que passou por séculos. Eu disse séculos, não dias! Séculos! Quem disse que Deus escuta quando nós rezamos? Rezar é como falar com alguém que não sabemos que é surdo. Ou seja, a gente fala, acha que a pessoa escutou, e nos sentimos bem por passar a mensagem. Quando na verdade, a pessoa não ouviu bulhufas. É surda! Eu entendo a minha baixa disponibilidade. Mas pode ter certeza de que quando a senhora fala comigo, eu escuto e resolvo!
O burburinho não foi pequeno na sessão. Pratos de comida foram jogados ao ar. Até um tiro de revólver se ouviu. Aos berros, tentei conter a multidão, e não obtive sucesso.
- Deus, por favor, cale estas pessoas!
Em um segundo todos estavam mudos.
- Responda, Deus.
- Deu é mesmo muito audacioso. – respondeu Deus – E, se não está fingindo ignorância, é altamente burro. Como todos sabem, sou o Todo-Poderoso, criador do céu e da terra. Diferentemente de uma pessoa comum, quando vários conversam comigo, sou capaz de dar atenção plena a todos. Atenção plena, ouviu? E assim, resolvo todos os problemas do mundo.
- Como?! – interrompeu Deu – Resolve todos os problemas do mundo?! Então a fome na África não é um problema! A pedofilia, o nazismo, a miséria também não! Porque se fosse, o Senhor já os teria resolvido! – disse às gargalhadas.
- Quero que saibam que o que pedem às vezes não é o melhor. Tem gente que pede coisas que somente lhe causaria malefícios! Se há quem passe fome é porque precisa da fome! A fome é proposital!
- Bem, não preciso dizer mais nada. – ao dizer estas palavras, um sorriso triunfal era visível em Deu.
Estava aí um bom argumento. Deus se mostrava como o candidato mais teórico, enquanto Deu ia na prática. Nas pesquisas de Ibope em tempo real, era possível perceber um freqüente aumento da credibilidade de Deu. Vinha agora uma segunda pergunta. Desta vez, um fiel de Deu foi o escolhido.
- Olá, Deu! Como vai, Deus? Meu nome é Josevaldo, e faço agora uma pergunta a Deus. Deus, que horas são?
- Quatro e cinqüenta e oito.
Deu olhou no relógio e não tinha objeção nenhuma a fazer.
Assim encerrei o segundo round. Se isto fosse uma luta de boxe, Deu estaria vencendo por pontos.
Seção:
DEU - o singular de deus
Deu, o singular de Deus x Deus, o plural de Deu - 1º intervalo
O intervalo entre o primeiro e o segundo round de nosso debate correu com um grande trauma.
Deu ficou irritado com um assessor que pegou uma paçoquinha sem sua autorização. Aliás, isto foi o que o assessor argumentou, diante da acusação de Deu de que aquilo era roubo. "Vai ser fiel de Deus! Deus é que perdoa a tudo e a todos. Eu só gosto de gente fina e gente boa. E gente fina e gente boa não rouba paçoquinha!", gritou para grande constrangimento de todos. O assessor iniciou um choro e foi logo acolhido por Deus.
Fora isso, nenhum outro problema.
Para manter a boa voz, Deus e Deu tomaram bastante água. E para ninguém interromper o debate para fazer xixi, foram os dois ao banheiro.
Deu ficou irritado com um assessor que pegou uma paçoquinha sem sua autorização. Aliás, isto foi o que o assessor argumentou, diante da acusação de Deu de que aquilo era roubo. "Vai ser fiel de Deus! Deus é que perdoa a tudo e a todos. Eu só gosto de gente fina e gente boa. E gente fina e gente boa não rouba paçoquinha!", gritou para grande constrangimento de todos. O assessor iniciou um choro e foi logo acolhido por Deus.
Fora isso, nenhum outro problema.
Para manter a boa voz, Deus e Deu tomaram bastante água. E para ninguém interromper o debate para fazer xixi, foram os dois ao banheiro.
Seção:
DEU - o singular de deus
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Deu, o singular de Deus x Deus, o plural de Deu - 1º round
Sempre houve uma grande rixa entre Deu e Deus. Sempre que Eles iniciaram uma conversa, nunca chegaram a um consenso. Deus se acha superior porque é o plural, e Deu se acha superior por ser singular. E assim baseiam seus argumentos: Um acha qualidades irrevogáveis onde o outro vê um defeito indiscutível.
É por isso que resolvi propor o primeiro debate público entre os dois. Assim as picuinhas serão postas de lado, e os fiéis saberão qual é o melhor e mais confiável líder espiritual.
O encontro foi na minha casa, para que ninguém se sentisse prejudicado. Deus ameaçou reclamar, mas no mesmo instante pedi que meus empregados lhe servissem um manjar dos deuses, seu prato preferido. Deu ficou um pouco enciumado, mas outro garçom lhe serviu paçoquinhas, seu tira gosto preferido.
Quase que o encontro que discutiria o futuro espiritual da humanidade foi subvertido a um mero colóquio culinário. Deus se distraiu e sua barba ficou logo toda manchada pelo manjar. Deu não dava ouvido a seus assessores - só achava tempo para recolher os farelos das paçoquinhas, surdo aos argumentos de que haviam muitas outras mais.
O debate ia começar, quando percebi que havia murmurinhos entre os assessores. Deus queria usar o banheiro.
- É para o número dois - cochichou-me Santo Inácio, com quem tenho muita intimidade.
Deu ouvia tudo achando muita graça, quando pousou gravemente sua mão esquerda sobre a barriga: Também teria que usar o toalete. Foram profundas as negociações, mas ficou decidido que Deus usaria o banheiro dos fundos, e Deu, o banheiro dos patrões. E de novo entramos em um impasse. Deus esbanjou sua escolha, que evocava humildade. Deu comemorou sua opção, que demonstrava superioridade e grandeza.
Se quiserem saber meu ponto de vista, acho que Deu se deu melhor. Na minha casa, não comprou papéis higiênicos de boa qualidade aos empregados. Eles não sabem lidar com a alta classe.
Poderíamos enfim começar o debate. Quarenta e cinco minutos de atraso. Comecei com a seguinte fala:
- Bom dia, Deu! Bom dia, Deus! É bom falar com os dois ao mesmo tempo. Creio que você já estão cientes de que terão que pagar os honorários de meus empregados. Vocês se atrasaram quarenta e cinco minutos nos banheiros para o início deste duelo.
- Por mim, tudo bem! - diz Deus - Eu até acho bom. Não tenho problemas com dinheiro, ao contrário de Deu. Tu preferes que eu dê tudo em gorjetas, diretamente aos funcionários, ou que te entregue o dinheiro, para que tu, então, pagues os funcionários?
- Dê-me diretamente. - Respondi - E você, Deu? Como pagará a sua parte?
- Eu não pagarei a minha parte. Isto é ladainha.
- Ponto para Deu! - disse prontamente - Um líder espiritual da altura de vocês deve saber quando alguém lhes está passando para trás. Por isso, Deu tem a primazia da palavra. Três minutos para a pergunta.
- Eu não quero me prolongar muito. Nem utilizarei os três minutos. Quero somente perguntar o seguinte a Deus. Se Jesus não é homossexual, por que ele tem cavanhaque?!
Altos burburinhos pela casa. Um trovão se ouve do lado de fora, e Deus, visivelmente vermelho, inicia sua resposta.
- Se Jesus é homossexual, jacaré é verde! Quero frisar que não há mal nenhum em ser homossexual nos tempos de hoje. O problema era quando a humanidade era baseada em alicerces inseguros, e era necessário que se aumentasse a população a qualquer custo. O número de humanos já é satisfatório. Quem quiser reproduzir, que reproduza. Mas quem não quiser, não tem problema. Um instantinho, por favor. - Deus escuta um de seus assessores, que lhe fala ao pé do ouvido - Acabo de receber a informação de que jacarés são verdes. Me desculpem pelo equívoco. Ao contrário de Deu, criei muitos animais, e isto chega a me confundir. Mas Jesus, meu filho, não é homossexual. Posso vos assegurar.
Deu inicia sua resposta em tom irônico.
- O que adianta criar tantos animais, se não sabe nem a cor deles? Eu não criei nenhum, mas meu filho não é homossexual. Jesu é macho!
Aplausos da plateia, e encerro o primeiro round deste debate para o intervalo comercial.
É por isso que resolvi propor o primeiro debate público entre os dois. Assim as picuinhas serão postas de lado, e os fiéis saberão qual é o melhor e mais confiável líder espiritual.
O encontro foi na minha casa, para que ninguém se sentisse prejudicado. Deus ameaçou reclamar, mas no mesmo instante pedi que meus empregados lhe servissem um manjar dos deuses, seu prato preferido. Deu ficou um pouco enciumado, mas outro garçom lhe serviu paçoquinhas, seu tira gosto preferido.
Quase que o encontro que discutiria o futuro espiritual da humanidade foi subvertido a um mero colóquio culinário. Deus se distraiu e sua barba ficou logo toda manchada pelo manjar. Deu não dava ouvido a seus assessores - só achava tempo para recolher os farelos das paçoquinhas, surdo aos argumentos de que haviam muitas outras mais.
O debate ia começar, quando percebi que havia murmurinhos entre os assessores. Deus queria usar o banheiro.
- É para o número dois - cochichou-me Santo Inácio, com quem tenho muita intimidade.
Deu ouvia tudo achando muita graça, quando pousou gravemente sua mão esquerda sobre a barriga: Também teria que usar o toalete. Foram profundas as negociações, mas ficou decidido que Deus usaria o banheiro dos fundos, e Deu, o banheiro dos patrões. E de novo entramos em um impasse. Deus esbanjou sua escolha, que evocava humildade. Deu comemorou sua opção, que demonstrava superioridade e grandeza.
Se quiserem saber meu ponto de vista, acho que Deu se deu melhor. Na minha casa, não comprou papéis higiênicos de boa qualidade aos empregados. Eles não sabem lidar com a alta classe.
Poderíamos enfim começar o debate. Quarenta e cinco minutos de atraso. Comecei com a seguinte fala:
- Bom dia, Deu! Bom dia, Deus! É bom falar com os dois ao mesmo tempo. Creio que você já estão cientes de que terão que pagar os honorários de meus empregados. Vocês se atrasaram quarenta e cinco minutos nos banheiros para o início deste duelo.
- Por mim, tudo bem! - diz Deus - Eu até acho bom. Não tenho problemas com dinheiro, ao contrário de Deu. Tu preferes que eu dê tudo em gorjetas, diretamente aos funcionários, ou que te entregue o dinheiro, para que tu, então, pagues os funcionários?
- Dê-me diretamente. - Respondi - E você, Deu? Como pagará a sua parte?
- Eu não pagarei a minha parte. Isto é ladainha.
- Ponto para Deu! - disse prontamente - Um líder espiritual da altura de vocês deve saber quando alguém lhes está passando para trás. Por isso, Deu tem a primazia da palavra. Três minutos para a pergunta.
- Eu não quero me prolongar muito. Nem utilizarei os três minutos. Quero somente perguntar o seguinte a Deus. Se Jesus não é homossexual, por que ele tem cavanhaque?!
Altos burburinhos pela casa. Um trovão se ouve do lado de fora, e Deus, visivelmente vermelho, inicia sua resposta.
- Se Jesus é homossexual, jacaré é verde! Quero frisar que não há mal nenhum em ser homossexual nos tempos de hoje. O problema era quando a humanidade era baseada em alicerces inseguros, e era necessário que se aumentasse a população a qualquer custo. O número de humanos já é satisfatório. Quem quiser reproduzir, que reproduza. Mas quem não quiser, não tem problema. Um instantinho, por favor. - Deus escuta um de seus assessores, que lhe fala ao pé do ouvido - Acabo de receber a informação de que jacarés são verdes. Me desculpem pelo equívoco. Ao contrário de Deu, criei muitos animais, e isto chega a me confundir. Mas Jesus, meu filho, não é homossexual. Posso vos assegurar.
Deu inicia sua resposta em tom irônico.
- O que adianta criar tantos animais, se não sabe nem a cor deles? Eu não criei nenhum, mas meu filho não é homossexual. Jesu é macho!
Aplausos da plateia, e encerro o primeiro round deste debate para o intervalo comercial.
Seção:
DEU - o singular de deus
Telefonema de Obina

Era quase meia-noite, quando meu telefone tocou. Eu não ia atender, não estivesse escrito este nome no visor de meu celular: Artilheiro Obina. Era o craque quem me telefonava. E eu não sou daqueles que deixam craque esperando.
- Fala, Mestre Obina!
- Como você sabe que sou eu?
- Porque comprei acarajé! E você tem um faro apurado de acarajé.
- É... é... Mas eu liguei para dizer que fiz um gol!
- Ah, é para isso que me ligou? Mais nada?
- É! Fiz um gol pelo Palmeiras!
- Obina. Entenda uma coisa. As pessoas nunca te darão valor se você não tiver um mínimo de arrogância. Ninguém leva a graça a sério. Você tem que marcar os gols como se não se importasse, como se isso lhe fosse natural.
- Mas eu gosto tanto de marcar gol!
- Eu sei que gosta. Todos gostam. O que não pode é parecer que gosta tanto. Pode arrumar outro assunto para esta ligação!
- Tá. Deixa eu pensar.
Passamos dois minutos sem uma palavra. Eu estava distraído, prestando atenção na televisão. Obina, não. Era possível perceber que ele pensava em um segundo assunto para esta ligação.
- Já sei! Liguei para perguntar se você deixou um acarajé para mim ou comeu todos!
- Comi todos, brou. Não sabia que você queria.
- Ah... Então era isso! Abraço!
- Outro.
Desligamos. Ele, eu não sei. Mas eu comi o último acarajé do pote.
- Fala, Mestre Obina!
- Como você sabe que sou eu?
- Porque comprei acarajé! E você tem um faro apurado de acarajé.
- É... é... Mas eu liguei para dizer que fiz um gol!
- Ah, é para isso que me ligou? Mais nada?
- É! Fiz um gol pelo Palmeiras!
- Obina. Entenda uma coisa. As pessoas nunca te darão valor se você não tiver um mínimo de arrogância. Ninguém leva a graça a sério. Você tem que marcar os gols como se não se importasse, como se isso lhe fosse natural.
- Mas eu gosto tanto de marcar gol!
- Eu sei que gosta. Todos gostam. O que não pode é parecer que gosta tanto. Pode arrumar outro assunto para esta ligação!
- Tá. Deixa eu pensar.
Passamos dois minutos sem uma palavra. Eu estava distraído, prestando atenção na televisão. Obina, não. Era possível perceber que ele pensava em um segundo assunto para esta ligação.
- Já sei! Liguei para perguntar se você deixou um acarajé para mim ou comeu todos!
- Comi todos, brou. Não sabia que você queria.
- Ah... Então era isso! Abraço!
- Outro.
Desligamos. Ele, eu não sei. Mas eu comi o último acarajé do pote.
Seção:
Crônicas
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Obina na minha casa
Qual não foi minha enorme surpresa, quando na tarde de segunda-feira, enquanto via a edição da noite do SPTV, me deparei com a seguinte notícia, na voz de Carlos Tramontina:
- O Palmeiras acaba de anunciar a contratação de Obina, do Flamengo!
Antes de minha risada cessar, eis que toca minha campainha. Espio pelo olho mágico e vejo o homem noticiado há pouco. Mantendo o estado pasmo da notícia recém chegada, respiro para abrir a porta a este grande amigo.
- Ora, ora! Se não é meu grande amigo, que agora joga pelo meu time?!
Obina olha para o chão um pouco constrangido. E diz, com o canto esquerdo da boca:
- Eu vim para cá o quanto antes. Queria ser o primeiro a lhe dar a notícia! Pelo jeito me atrasei, né?
Ele se entristeceu um pouco quando lhe contei que o Tramontina já havia dado a boa nova um minuto antes. Mas logo se esqueceu quando lhe disse que hoje mesmo havia comprado na feira dois acarajés.
- Comprei um para mim e outro para você. Pena que comi os dois no almoço!
De novo Obina se entristece.
- Desculpe, Obina. Não sabia que você vinha.
- Então por que comprou um acarajé para mim?
- Eu comprei um para você. E como não sabia que você vinha, comi para não estragar. Se você tivesse me contado antes, compraria três. Assim sobraria um para você, meu grande amigo.
Ele não entendeu nada e coçou a orelha. Dei-lhe logo um grande abraço com cócegas, para que se esquecesse dos acarajés. Senti logo que ele estava um pouco acima do peso. Mas, ao contrário do que recomendaria a qualquer outro jogador de futebol, ele não precisa de regime. Obina é um jogador que nunca jogou com o físico ideal. Para ele magreza até atrapalharia, pois já se acostumou a jogar com quilos a mais.
- Como é que é? Fica no Palmeiras até o final do ano, meu chapa?
- Fico, sim. E se Deus quiser, renovamos o contrato. Eu não sou melhor que o Eto´o, mas o Palmeiras é muito melhor que o Flamengo.
- Rapaz, você não tem mais que se preocupar em ser melhor que o Eto´o. Você tem que ser melhor que o Keirrison!
Obina olhou como se não entendesse. Percebi que não conhece Keirrison, o atacante titular do Palmeiras.
- Eu não vou jogar na NBA, não - disse Obina - Quem é esse Keirrison? Pelo nome, é jogador de basquete.
- Nada, não. Qualquer dia você o encontra por aí.
O celular de Obina toca, ele faz que sim com a cabeça umas três vezes e desliga.
- Tenho que ir embora. Hoje é dia de concentração.
- Tudo bem, meu grande amigo Obina. Vá lá!
Demos abraços efusivos e nos despedimos.
- O Palmeiras acaba de anunciar a contratação de Obina, do Flamengo!
Antes de minha risada cessar, eis que toca minha campainha. Espio pelo olho mágico e vejo o homem noticiado há pouco. Mantendo o estado pasmo da notícia recém chegada, respiro para abrir a porta a este grande amigo.

Obina olha para o chão um pouco constrangido. E diz, com o canto esquerdo da boca:
- Eu vim para cá o quanto antes. Queria ser o primeiro a lhe dar a notícia! Pelo jeito me atrasei, né?
Ele se entristeceu um pouco quando lhe contei que o Tramontina já havia dado a boa nova um minuto antes. Mas logo se esqueceu quando lhe disse que hoje mesmo havia comprado na feira dois acarajés.
- Comprei um para mim e outro para você. Pena que comi os dois no almoço!
De novo Obina se entristece.
- Desculpe, Obina. Não sabia que você vinha.
- Então por que comprou um acarajé para mim?
- Eu comprei um para você. E como não sabia que você vinha, comi para não estragar. Se você tivesse me contado antes, compraria três. Assim sobraria um para você, meu grande amigo.
Ele não entendeu nada e coçou a orelha. Dei-lhe logo um grande abraço com cócegas, para que se esquecesse dos acarajés. Senti logo que ele estava um pouco acima do peso. Mas, ao contrário do que recomendaria a qualquer outro jogador de futebol, ele não precisa de regime. Obina é um jogador que nunca jogou com o físico ideal. Para ele magreza até atrapalharia, pois já se acostumou a jogar com quilos a mais.
- Como é que é? Fica no Palmeiras até o final do ano, meu chapa?
- Fico, sim. E se Deus quiser, renovamos o contrato. Eu não sou melhor que o Eto´o, mas o Palmeiras é muito melhor que o Flamengo.
- Rapaz, você não tem mais que se preocupar em ser melhor que o Eto´o. Você tem que ser melhor que o Keirrison!
Obina olhou como se não entendesse. Percebi que não conhece Keirrison, o atacante titular do Palmeiras.
- Eu não vou jogar na NBA, não - disse Obina - Quem é esse Keirrison? Pelo nome, é jogador de basquete.
- Nada, não. Qualquer dia você o encontra por aí.
O celular de Obina toca, ele faz que sim com a cabeça umas três vezes e desliga.
- Tenho que ir embora. Hoje é dia de concentração.
- Tudo bem, meu grande amigo Obina. Vá lá!
Demos abraços efusivos e nos despedimos.
Seção:
Entrevistas com lideranças
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Clássicos? Sei. - Raul Seixas, Eu nasci há dez mil anos atrás
O leitor não deve nem imaginar de onde surge gente pedindo minhas ajudas.
Quando eu era criança, lá pelos meus 3, 4 anos, recebi uma carta. A dona Estefânia, a empregada, achou muito estranho que tenha chegado uma carta para mim.
- Logo para você, a única pessoa dessa casa que não sabe ler! – olhou-me intrigada.
Eu olhei de volta daquele jeito que criança faz quando não entende algum espanto alheio. A ela restava somente ler tudo para mim, já que eu era, acreditem, um analfabeto.
"Olá, Senhor André,
Meu nome é Raul Seixas. É muito provável que você não me conheça, pois há pessoas muito mais famosas que eu que, ao procurarem seus conselhos, se surpreenderam por você desconhecê-las.
Sou um monstro do rock brasileiro e devo morrer em breve. Não sei do quê.
Escrevo esta carta para me aproveitar dos seus dotes artísticos e lhe pedir que me aconselhe sobre a música que fiz.
Ela trata de magreza e dietas. Espero que seja do seu agrado. Não tenha vergonha de mudar nada, ok?
Ei-la:
Eu nasci há dez mil anos atrás
Eu nasci
Há dez mil anos atrás.
E não vi nada nesse mundo
Sem uns quilinhos a mais.
Eu vi gorduras sobressalentes nas anoréxicas,
Um grande pneuzinho na orelha da Gisele,
Eu vi Jesus fazer polichinelo
para ficar magro quando fosse crucificado.
Eu vi...
Eu vi Noé precisando emagrecer para que a arca não afundasse,
Vi bebê recusando cebola pelo seu alto teor calórico,
Eu vi Nossa Senhora malhando para recuperar o peso que tinha
Antes do Espírito Santo tê-la engravidado.
Eu vi...
Eu vi Cleópatra com gordura na batata,
Eu vi Napoleão de mau humor por uma dieta,
Vi coelhos se reproduzindo
Só para queimar a gordura acumulada.
Eu vi...
Eu li todas as revistas de dieta,
Eu vi gente engordar sem deixar a boca aberta,
Vi mulheres emagrecendo três quilos em um mês
E engordando o dobro em uma semana.
Eu vi,
Eu vi um velociraptor enfartando de tanto comer dinossauro,
Vi mamute cortando os chifres para enganar a balança,
Eu vi gente reclamando de Jesus
porque ele achou os peixes bem em época de dieta!
Eu vi...
E aí, André? Gostou? Espero que sim.
Escreva-me o quanto antes com as mudanças propostas. E informe no verso da carta a quantia para a manutenção do anonimato.
Grande abraço,
Raul Seixas, um monstro do rock”
Quando dona Estefânia terminou de ler, fui logo ditando a carta de resposta, sem ao menos esperar que ela pegasse uma caneta e uma folha de papel:
“Caro Raul Seixas,
É claro que o conheço. Você não é aquele loirinho que apresenta o Domingo Legal?
Sobre a música, gostei muito. Mas imagino que você não quer uma boa música. Você quer uma música que faça sucesso. Para isso, lhe proponho que escreva para um sujeito que não é amigo meu, mas que certamente lhe dará bons conselhos para a fama e o sucesso. O nome dele é Paulo Coelho e atende pelo e-mail paulocoelho_vampiro@hotmail.com .
Qualquer coisa, escreva-me mais tarde. Desejo cinco mil reais para trocar de colchão.
Abraços efusivos,
André
Ps: Não ligue para os erros de ortografia desta carta. É que não sei escrever. Estou ditando para minha empregada”
E assim começou a grande parceria entre Raul Seixas, o monstro do rock, e Paulo Coelho.
Quando eu era criança, lá pelos meus 3, 4 anos, recebi uma carta. A dona Estefânia, a empregada, achou muito estranho que tenha chegado uma carta para mim.
- Logo para você, a única pessoa dessa casa que não sabe ler! – olhou-me intrigada.
Eu olhei de volta daquele jeito que criança faz quando não entende algum espanto alheio. A ela restava somente ler tudo para mim, já que eu era, acreditem, um analfabeto.
"Olá, Senhor André,
Meu nome é Raul Seixas. É muito provável que você não me conheça, pois há pessoas muito mais famosas que eu que, ao procurarem seus conselhos, se surpreenderam por você desconhecê-las.
Sou um monstro do rock brasileiro e devo morrer em breve. Não sei do quê.
Escrevo esta carta para me aproveitar dos seus dotes artísticos e lhe pedir que me aconselhe sobre a música que fiz.
Ela trata de magreza e dietas. Espero que seja do seu agrado. Não tenha vergonha de mudar nada, ok?
Ei-la:
Eu nasci há dez mil anos atrás
Eu nasci
Há dez mil anos atrás.
E não vi nada nesse mundo
Sem uns quilinhos a mais.
Eu vi gorduras sobressalentes nas anoréxicas,
Um grande pneuzinho na orelha da Gisele,
Eu vi Jesus fazer polichinelo
para ficar magro quando fosse crucificado.
Eu vi...
Eu vi Noé precisando emagrecer para que a arca não afundasse,
Vi bebê recusando cebola pelo seu alto teor calórico,
Eu vi Nossa Senhora malhando para recuperar o peso que tinha
Antes do Espírito Santo tê-la engravidado.
Eu vi...
Eu vi Cleópatra com gordura na batata,
Eu vi Napoleão de mau humor por uma dieta,
Vi coelhos se reproduzindo
Só para queimar a gordura acumulada.
Eu vi...
Eu li todas as revistas de dieta,
Eu vi gente engordar sem deixar a boca aberta,
Vi mulheres emagrecendo três quilos em um mês
E engordando o dobro em uma semana.
Eu vi,
Eu vi um velociraptor enfartando de tanto comer dinossauro,
Vi mamute cortando os chifres para enganar a balança,
Eu vi gente reclamando de Jesus
porque ele achou os peixes bem em época de dieta!
Eu vi...
E aí, André? Gostou? Espero que sim.
Escreva-me o quanto antes com as mudanças propostas. E informe no verso da carta a quantia para a manutenção do anonimato.
Grande abraço,
Raul Seixas, um monstro do rock”
Quando dona Estefânia terminou de ler, fui logo ditando a carta de resposta, sem ao menos esperar que ela pegasse uma caneta e uma folha de papel:
“Caro Raul Seixas,
É claro que o conheço. Você não é aquele loirinho que apresenta o Domingo Legal?
Sobre a música, gostei muito. Mas imagino que você não quer uma boa música. Você quer uma música que faça sucesso. Para isso, lhe proponho que escreva para um sujeito que não é amigo meu, mas que certamente lhe dará bons conselhos para a fama e o sucesso. O nome dele é Paulo Coelho e atende pelo e-mail paulocoelho_vampiro@hotmail.com .
Qualquer coisa, escreva-me mais tarde. Desejo cinco mil reais para trocar de colchão.
Abraços efusivos,
André
Ps: Não ligue para os erros de ortografia desta carta. É que não sei escrever. Estou ditando para minha empregada”
E assim começou a grande parceria entre Raul Seixas, o monstro do rock, e Paulo Coelho.
Seção:
Clássicos? Sei.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Roupas ultra camufláveis para animais

Seção:
Roupas ultra camufláveis
terça-feira, 19 de maio de 2009
O exame
O doutor recebeu os exames das mãos da própria mãe do menino. Ela estava muito tensa, e posso dizer até que lhe tremiam as mãos. O olhar, que na maioria do tempo era distraído, agora estava fixo naquele homem de branco.
- Doutor! Fale logo, doutor!
Roberval, era o nome dele, do médico. Ele fez medicina para que lhe pudessem chamar de outra coisa, de doutor. Talvez lhe fosse menos despendioso ser um cobrador, mas ônibus sempre lhe causou enjôo.
- A senhora vai bem? - perguntou Roberval, se aproveitando da agonia daquela mulher.
- Bem, bem.
- Temos novidades? - continuou, com os exames nas mãos, sem demonstrar que pretendia abri-lo.
- Depende do que está aí dentro - respondeu Marlene, apontando o envelope.
O menino? O menino estava impassível, como se o exame fosse de um desconhecido.
- Como o menino tem passado? Os sinais cessaram?
- Não sei. outro dia achei o rosto dele avermelhado, já ia ligar par ao senhor, mas vi que o menino só estava com vergonha. Terça-feira achei que ele tinha hipotermia, mas foi só aquecer a piscina que passou. Ontem ele rejeitou Coca-Cola, mas logo vi que estava sem gelo. Doutor, eu estou apavorada, doutor!
- Entendo. Coca sem gelo, não dá.
Roberval enfim se concentrou no exame. Olhou com gravidade o envelope branco. Começou a abri-lo, mas era necessário tirar aquela cola. Parecia impossível. Rasgou o envelope e não abriu.
- A senhora tem uma tesoura? - perguntou, seguindo a tese própria de que as mulheres bonitas têm tudo na bolsa.
- Não, doutor!
Ele olhou para Marlene mais criteriosamente e percebeu que ela não era bonita assim.
Pegou o telefone e falou rapidamente:
- Suzana! Traga já uma tesoura.
Os dois se encaravam. De repente Marlene se lembrou de que o menino estava ao lado dela. Abraçou-o fortemente. Roberval olhava como se a cena fosse cômica.
- Calor.
- É, calor.
Enfim, a tesoura chegou. Suzana sorriu para a mãe, e fez uma careta infantil ao menino, que achou graça.
Robeval abriu o exame, e logo falou:
- É, dona Marlene. Seu filho definitivamente não poderia ser um tubarão.
A mãe não se mexeu.
Marlene, notando que Roberval esperava uma reação obrigatória para seguir adiante, perguntou:
- Por que, doutor?! Meu filho não poderia ser um tubarão?!
- De jeito nenhum! Nem pensar! O que ele tem, é alergia a peixe!
- Doutor! Fale logo, doutor!
Roberval, era o nome dele, do médico. Ele fez medicina para que lhe pudessem chamar de outra coisa, de doutor. Talvez lhe fosse menos despendioso ser um cobrador, mas ônibus sempre lhe causou enjôo.
- A senhora vai bem? - perguntou Roberval, se aproveitando da agonia daquela mulher.
- Bem, bem.
- Temos novidades? - continuou, com os exames nas mãos, sem demonstrar que pretendia abri-lo.
- Depende do que está aí dentro - respondeu Marlene, apontando o envelope.
O menino? O menino estava impassível, como se o exame fosse de um desconhecido.
- Como o menino tem passado? Os sinais cessaram?
- Não sei. outro dia achei o rosto dele avermelhado, já ia ligar par ao senhor, mas vi que o menino só estava com vergonha. Terça-feira achei que ele tinha hipotermia, mas foi só aquecer a piscina que passou. Ontem ele rejeitou Coca-Cola, mas logo vi que estava sem gelo. Doutor, eu estou apavorada, doutor!
- Entendo. Coca sem gelo, não dá.
Roberval enfim se concentrou no exame. Olhou com gravidade o envelope branco. Começou a abri-lo, mas era necessário tirar aquela cola. Parecia impossível. Rasgou o envelope e não abriu.
- A senhora tem uma tesoura? - perguntou, seguindo a tese própria de que as mulheres bonitas têm tudo na bolsa.
- Não, doutor!
Ele olhou para Marlene mais criteriosamente e percebeu que ela não era bonita assim.
Pegou o telefone e falou rapidamente:
- Suzana! Traga já uma tesoura.
Os dois se encaravam. De repente Marlene se lembrou de que o menino estava ao lado dela. Abraçou-o fortemente. Roberval olhava como se a cena fosse cômica.
- Calor.
- É, calor.
Enfim, a tesoura chegou. Suzana sorriu para a mãe, e fez uma careta infantil ao menino, que achou graça.
Robeval abriu o exame, e logo falou:
- É, dona Marlene. Seu filho definitivamente não poderia ser um tubarão.
A mãe não se mexeu.
Marlene, notando que Roberval esperava uma reação obrigatória para seguir adiante, perguntou:
- Por que, doutor?! Meu filho não poderia ser um tubarão?!
- De jeito nenhum! Nem pensar! O que ele tem, é alergia a peixe!
Seção:
Crônicas
domingo, 17 de maio de 2009
Ombudsman
Olá, meu nome é Pelé, e você deve saber muito bem que sou o ombudsman oficial do blog Eu não sou virgem, Maria! e que não joguei a copa de 70.
Não deve ter um ombudsman falsificado, até porque esta função é mais indesejada que a de limpeza de fezes de elefante. Mas na internet é bom dizer logo que é oficial, porque aqui se falsifica tudo! Não sei por que toquei no assunto dos elefantes. Foi um grande erro. André disse uma vez que sou ombudsman porque não há pior função nem menos remunerada. É capaz de ele comprar um elefante só para me pagar menos.
Vocês devem ter notado que não atualizo minha coluna há tempos. Já enviei diversos textos para André publicar, mas ele encontra tantas falhas, que inviabiliza a publicação da coluna. Ele acha erros em lugares que não existem! É o que eu chamo de burocracia na correção textual. Ele de um jeito tão pessoal, sem lógica nenhuma, que impossibilita qualquer avanço. Mas não falemos mais de bazófias. Sei muito bem da importância deste blog para a internet mundial, e é sobre ele que sou remunerado a escrever.
Tenho recebido muitas reclamações de que o blog está com um sério déficit nas atualizações. Uma reivindicação corrente é a de que poste aos finais de semana. Ele já respondeu dizendo que tem coisas melhores a fazer aos sábados e domingos. Tudo bem, entendemos. Agora, porém, não têm sido raros os dias úteis em que ele não posta! Na terça e na quarta-feira desta semana, por exemplo, não houve post algum. Falemos com o autor para esclarecermos este problema.
Pelé: André, sabemos que sua vida é atribulada. Mas por que não tem postado?
André: Eu? Eu não tenho postado? Postei muitas vezes no ano passado.
Pelé: Pois é. Mas nesta semana você não postou por duas oportunidades.
André: Pois é. Esqueci. Que bom que você avisou. Mas é pena que não se pode voltar no tempo, senão eu postaria.
Pelé: Então a falta de posts neste espaço é um mero problema de esquecimento?
André: Isso mesmo. Quanto você cobraria para me lembrar todos os dias que é necessário postar?
Pelé: Uns dez reais por dia.
André: E se eu não te pagasse, você me avisaria da mesma forma?
Pelé: Sim.
André: Então não vou lhe pagar. Não sou burro. Vou pagar por uma coisa que posso ter de graça?!
Agora o leitor entende a dificuldade de lidar com este homem? Tudo que ele tem de talentoso, tem de complicado no fino trato.
André: Ah! Esqueci de falar uma coisa.
Pelé: Sim?
André: Seus textos vêm com muitos erros! O senhor precisa aprender a usar vírgulas muitas, muitas vezes! Dá charme ao texto.
Pelé: Pensarei sobre isso.
André: Não adianta pensar. Tem que agir, meu filho!
Bem. Entendo que André se irrite com meu jeito de escrever. Mas ele não implica com os erros. Implica com tudo o que escrevo e não se parece com o que ele escreve. No mais, peço para que vocês reclamem menos do blog. Isto aumenta meu trabalho e os conflitos com meu chefe.
Agradecidamente,
Pelé
Não deve ter um ombudsman falsificado, até porque esta função é mais indesejada que a de limpeza de fezes de elefante. Mas na internet é bom dizer logo que é oficial, porque aqui se falsifica tudo! Não sei por que toquei no assunto dos elefantes. Foi um grande erro. André disse uma vez que sou ombudsman porque não há pior função nem menos remunerada. É capaz de ele comprar um elefante só para me pagar menos.
Vocês devem ter notado que não atualizo minha coluna há tempos. Já enviei diversos textos para André publicar, mas ele encontra tantas falhas, que inviabiliza a publicação da coluna. Ele acha erros em lugares que não existem! É o que eu chamo de burocracia na correção textual. Ele de um jeito tão pessoal, sem lógica nenhuma, que impossibilita qualquer avanço. Mas não falemos mais de bazófias. Sei muito bem da importância deste blog para a internet mundial, e é sobre ele que sou remunerado a escrever.
Tenho recebido muitas reclamações de que o blog está com um sério déficit nas atualizações. Uma reivindicação corrente é a de que poste aos finais de semana. Ele já respondeu dizendo que tem coisas melhores a fazer aos sábados e domingos. Tudo bem, entendemos. Agora, porém, não têm sido raros os dias úteis em que ele não posta! Na terça e na quarta-feira desta semana, por exemplo, não houve post algum. Falemos com o autor para esclarecermos este problema.
Pelé: André, sabemos que sua vida é atribulada. Mas por que não tem postado?
André: Eu? Eu não tenho postado? Postei muitas vezes no ano passado.
Pelé: Pois é. Mas nesta semana você não postou por duas oportunidades.
André: Pois é. Esqueci. Que bom que você avisou. Mas é pena que não se pode voltar no tempo, senão eu postaria.
Pelé: Então a falta de posts neste espaço é um mero problema de esquecimento?
André: Isso mesmo. Quanto você cobraria para me lembrar todos os dias que é necessário postar?
Pelé: Uns dez reais por dia.
André: E se eu não te pagasse, você me avisaria da mesma forma?
Pelé: Sim.
André: Então não vou lhe pagar. Não sou burro. Vou pagar por uma coisa que posso ter de graça?!
Agora o leitor entende a dificuldade de lidar com este homem? Tudo que ele tem de talentoso, tem de complicado no fino trato.
André: Ah! Esqueci de falar uma coisa.
Pelé: Sim?
André: Seus textos vêm com muitos erros! O senhor precisa aprender a usar vírgulas muitas, muitas vezes! Dá charme ao texto.
Pelé: Pensarei sobre isso.
André: Não adianta pensar. Tem que agir, meu filho!
Bem. Entendo que André se irrite com meu jeito de escrever. Mas ele não implica com os erros. Implica com tudo o que escrevo e não se parece com o que ele escreve. No mais, peço para que vocês reclamem menos do blog. Isto aumenta meu trabalho e os conflitos com meu chefe.
Agradecidamente,
Pelé
Seção:
Ombudsman
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Regra de convivência #328 - Ser tímido
Há alguns desafios por que um ser humano tem que passar para se tornar uma pessoa decente.
Se você tem um pai que não gosta de futebol, por exemplo, o seu afinco para gostar deste esporte terá que ser dobrado. Se seus pais são ladrões, será necessário sempre uma atenção especial para que você também não o seja. Assim como se os ambientes de sua infância forem compostas de pessoas extrovertidas.
O grande mal da educação brasileira é a obsessão pela extroversão. Não há pecado maior nas nossas escolinhas que o da timidez. As tias matam a timidez como se fosse lepra que deve ser extirpada das crianças a todo custo! E ainda contam com o apoio dos pais! Eu soube de uma mãe que, arrasada pela timidez do mais novo, o obrigava a cumprimentar desconhecidos na rua! Isso com o apoio dos professores do Pré 1, que o colocavam sempre com duplinhas diferentes nas aulas de artes.
A necessidade de uma pessoa ser extrovertida não é nada mais que um senso comum. As pessoas que assim pensam, acham que a pessoa extrovertida é a que obtém maior sucesso profissional, que conquista mais facilmente as pessoas do sexo oposto, e outras coisas maravilhosas.
Mal sabem dos grandes benefícios da timidez. Aliás, nos tempos de superexposição, a timidez é a grande qualidade humana! O tímido se põe à parte da certeza geral burra. No lugar do relacionamento com desconhecidos, o tímido está sempre pensando. Pensando em um livro, em um jeito diferente de se abrir a porta, num caminho novo, num helicóptero.
Veja só. Alguém acha que seria possível Leonardo Da Vinci inventar tantas coisas, não fosse tímido? Fosse ele um extrovertido, gastaria toda sua genialidade no bom trato.
Por isso, ao ver as pessoas reprimindo sua timidez, corte a relação. Senão, você poderá se tornar um falso extrovertido – a pior categoria de extroversão.
Se você tem um pai que não gosta de futebol, por exemplo, o seu afinco para gostar deste esporte terá que ser dobrado. Se seus pais são ladrões, será necessário sempre uma atenção especial para que você também não o seja. Assim como se os ambientes de sua infância forem compostas de pessoas extrovertidas.
O grande mal da educação brasileira é a obsessão pela extroversão. Não há pecado maior nas nossas escolinhas que o da timidez. As tias matam a timidez como se fosse lepra que deve ser extirpada das crianças a todo custo! E ainda contam com o apoio dos pais! Eu soube de uma mãe que, arrasada pela timidez do mais novo, o obrigava a cumprimentar desconhecidos na rua! Isso com o apoio dos professores do Pré 1, que o colocavam sempre com duplinhas diferentes nas aulas de artes.
A necessidade de uma pessoa ser extrovertida não é nada mais que um senso comum. As pessoas que assim pensam, acham que a pessoa extrovertida é a que obtém maior sucesso profissional, que conquista mais facilmente as pessoas do sexo oposto, e outras coisas maravilhosas.
Mal sabem dos grandes benefícios da timidez. Aliás, nos tempos de superexposição, a timidez é a grande qualidade humana! O tímido se põe à parte da certeza geral burra. No lugar do relacionamento com desconhecidos, o tímido está sempre pensando. Pensando em um livro, em um jeito diferente de se abrir a porta, num caminho novo, num helicóptero.
Veja só. Alguém acha que seria possível Leonardo Da Vinci inventar tantas coisas, não fosse tímido? Fosse ele um extrovertido, gastaria toda sua genialidade no bom trato.
Por isso, ao ver as pessoas reprimindo sua timidez, corte a relação. Senão, você poderá se tornar um falso extrovertido – a pior categoria de extroversão.
Seção:
Regras de convivência
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Entrevista de emprego
Chego dez minutos antes do horário marcado porque é assim que os ingleses fazem. E como são confiáveis, os ingleses. Mas seria só me ouvir falando, que se perceberia que não sou inglês. O entrevistador só ouviria minha voz quarenta minutos depois, porque ele se atrasou trinta minutos, talvez para mostrar que aqui não é a Inglaterra, e que ele não vai cair nessa ladainha de candidato a emprego metido a inglês.
- Bom dia. - diz, como quem não está atrasado.
- Olá - digo, como quem não estivesse com raiva do outro estar atrasado.
- Li seu currículo e o texto que você enviou. É um texto muito ousado para um currículo tão raquítico.
Minha cara de bobo não demonstra se engoli o elogio ou a crítica. Acho que ele elogiou o texto para que eu quisesse trabalhar na empresa, e desqualificou o currículo para que não exigisse um bom salário.
- Ah, você gostou do texto?
- Não, não. Eu só disse que é um texto ousado. Um bom texto pode ser ousado ou não.
- Eu não disse que você gostou do texto. Eu só perguntei se você gostou.
- Ah, sim. Gostei.
Poderia sorrir neste momento, mas sei que ele certamente aproveitaria para outra crítica, e isso o convenceria de que não sou um bom candidato. Explico: A necessidade do entrevistador de criticar o candidato o convence de que o candidato não presta. Por isso é preciso dar o menor número de brechas para críticas.
Quando ao currículo raquítico, arrependi-me veementemente por não ter diminuído as margens e aumentado a fonte. Os entrevistadores dão muito valor ao tamanho do currículo, porque provavelmente são pessoas de idade mais elevada. Estas pessoas se ressentem dos mais jovens que podem enxergar letras pequenas.
- Você está aqui porque preciso de alguém para me ajudar nesta revista sobre vulcões. Por isso preciso saber se a sua personalidade se enquadra com o tema.
- Sim, sim. Entendo. A revista é ótima. Tem um artigo sobre maravilhoso a baixa periculosidade das lavas em regiões inóspitas.
Este comentário foi programado. Li a revista no último sábado e percebi que este artigo havia sido escrito pelo entrevistador.
- É muito bom, esse artigo. Foi muito elogiado por toda a revista. Leitores enviaram cartas, também. Vamos às perguntas. O que você pensa sobre vulcões?
- Deixe-me pensar.
- São respostas rápidas, para que eu possa avaliar precisamente a sua personalidade. E para que o candidato não enfeite muito, também.
Porra.
- Os vulcões, para mim, são uns injustiçados. Porque eles nunca atacam de surpresa, apesar de as pessoas se surpreenderem com eles. O vulcão está lá, mesmo que inativo. Sempre já há possibilidade de ele estourar. Os vulcões são muito sinceros.
O entrevistador franze a sobrancelha, não sabendo ainda se aprovou ou não minha impressão sobre os vulcões.
- O que você mudaria?
- Como assim?
Ele me olha nos olhos, espantado com meu retardo mental por não entender esta pergunta.
- Digo... O que você mudaria?
- Mudaria em quê? No mundo? Sobre os vulcões?
- O que você mudaria no mundo sobre os vulcões?
- Calma. Preciso pensar novamente.
- E eu preciso novamente avisá-lo que a resposta precisa ser rápida.
- Então vai para a puta que te pariu! – não disse.
- Eu mudaria o posicionamento dos vulcões. Deixaria todos debaixo do mar, para que quando entrassem em erupção, só queimassem aqueles peixes cegos. – disse.
Ele me olha com mais espanto ainda. Eu devolvo o espanto. Ele olha para baixo. Ufa.
- Qual é a sua disponibilidade para trabalhar aos finais de semana?
- Nenhuma.
- E horas extras?
- Nenhuma.
- Olha. Eu fiz essas perguntas para saber do seu comprometimento com a empresa. O contratado não precisará nunca fazer horas extras ou trabalhar aos finais de semana.
Provavelmente o leitor acha que neste momento senti um arrependimento profundo. Mas não senti. Como eu adivinharia?
Quando se vai fazer uma entrevista de emprego, há duas opções que variam com o desespero. Você pode se mostrar maravilhoso como não é, ou tosco como é. Claro que a chance de ser contratado se mostrando maravilhoso, é maior, mas depois há uma grande possibilidade de perceberem que você não é maravilhoso, e o demitirão por isso.
A equação é a seguinte: se o candidato se mostrar modesto, a chance de ser contratado é menor, mas se conseguir a vaga, a chance de permanecer no emprego é quase plena. Se o candidato de mostrar maravilhoso, a chance de ser contratado é muito maior, assim como a chance de não permanecer no emprego.
- Por que você veio de bermudas? - pergunta-me, de supetão.
- Porque está calor.
- Aqui usamos ar-condicionado. Se você for contratado, estaria disposto a vestir calças?
- Sim, sim. No anúncio desta vaga, não estava escrito que se usa ar-condicionado nesta empresa.
- Mas utilizamos.
Eu poderia continuar com a discussão, mas não queira discutir com um entrevistador. Por mais que você tenha razão, ele não vai admitir. Ou seja: Como ele está numa posição superior à sua, é ele quem tem a razão em todas as instâncias, e discutir seria como tentar permanecer no erro à força.
- E gravata? Por que não veio de gravata?
- Porque não combina com bermuda.
- E por que você veio de bermuda?
- Acho que o senhor já fez uma pergunta semelhante.
É chegada a hora na entrevista em que o candidato tem que se impor e perguntar as coisas da empresa. Aí a situação se inverte, e o entrevistador percebe que o candidato também escolhe a empresa.
- Qual é o salário? - pergunto.
- Você é do tipo de jovem que só trabalha pelo salário?
- Não. Eu só perguntei o salário. Vai que vocês sejam escravistas.
- Eu tenho cara de escravista? – me pergunta, como se fosse um gênio.
- E eu tenho cara de ganancioso? – respondo, como se fosse um humorista.
Silêncio.
- Queira, por favor, me dizer o salário?
- Mil. - diz, com vergonha.
É por isso que ele não queria dizer.
- Mil? - pergunto incrédulo.
- É, mil.
- Mil. - digo, conformado.
- Mil.
Agora todas as coisas mudam. Eu posso seriamente não querer este emprego.
- Mil reais, e tem que vir de gravata?
- Isso se você achar necessário. Acho que basta.
- Quando obtenho a resposta?
- Semana que vem.
Nos cumprimentamos discretamente e fui embora.
- Bom dia. - diz, como quem não está atrasado.
- Olá - digo, como quem não estivesse com raiva do outro estar atrasado.
- Li seu currículo e o texto que você enviou. É um texto muito ousado para um currículo tão raquítico.
Minha cara de bobo não demonstra se engoli o elogio ou a crítica. Acho que ele elogiou o texto para que eu quisesse trabalhar na empresa, e desqualificou o currículo para que não exigisse um bom salário.
- Ah, você gostou do texto?
- Não, não. Eu só disse que é um texto ousado. Um bom texto pode ser ousado ou não.
- Eu não disse que você gostou do texto. Eu só perguntei se você gostou.
- Ah, sim. Gostei.
Poderia sorrir neste momento, mas sei que ele certamente aproveitaria para outra crítica, e isso o convenceria de que não sou um bom candidato. Explico: A necessidade do entrevistador de criticar o candidato o convence de que o candidato não presta. Por isso é preciso dar o menor número de brechas para críticas.
Quando ao currículo raquítico, arrependi-me veementemente por não ter diminuído as margens e aumentado a fonte. Os entrevistadores dão muito valor ao tamanho do currículo, porque provavelmente são pessoas de idade mais elevada. Estas pessoas se ressentem dos mais jovens que podem enxergar letras pequenas.
- Você está aqui porque preciso de alguém para me ajudar nesta revista sobre vulcões. Por isso preciso saber se a sua personalidade se enquadra com o tema.
- Sim, sim. Entendo. A revista é ótima. Tem um artigo sobre maravilhoso a baixa periculosidade das lavas em regiões inóspitas.
Este comentário foi programado. Li a revista no último sábado e percebi que este artigo havia sido escrito pelo entrevistador.
- É muito bom, esse artigo. Foi muito elogiado por toda a revista. Leitores enviaram cartas, também. Vamos às perguntas. O que você pensa sobre vulcões?
- Deixe-me pensar.
- São respostas rápidas, para que eu possa avaliar precisamente a sua personalidade. E para que o candidato não enfeite muito, também.
Porra.
- Os vulcões, para mim, são uns injustiçados. Porque eles nunca atacam de surpresa, apesar de as pessoas se surpreenderem com eles. O vulcão está lá, mesmo que inativo. Sempre já há possibilidade de ele estourar. Os vulcões são muito sinceros.
O entrevistador franze a sobrancelha, não sabendo ainda se aprovou ou não minha impressão sobre os vulcões.
- O que você mudaria?
- Como assim?
Ele me olha nos olhos, espantado com meu retardo mental por não entender esta pergunta.
- Digo... O que você mudaria?
- Mudaria em quê? No mundo? Sobre os vulcões?
- O que você mudaria no mundo sobre os vulcões?
- Calma. Preciso pensar novamente.
- E eu preciso novamente avisá-lo que a resposta precisa ser rápida.
- Então vai para a puta que te pariu! – não disse.
- Eu mudaria o posicionamento dos vulcões. Deixaria todos debaixo do mar, para que quando entrassem em erupção, só queimassem aqueles peixes cegos. – disse.
Ele me olha com mais espanto ainda. Eu devolvo o espanto. Ele olha para baixo. Ufa.
- Qual é a sua disponibilidade para trabalhar aos finais de semana?
- Nenhuma.
- E horas extras?
- Nenhuma.
- Olha. Eu fiz essas perguntas para saber do seu comprometimento com a empresa. O contratado não precisará nunca fazer horas extras ou trabalhar aos finais de semana.
Provavelmente o leitor acha que neste momento senti um arrependimento profundo. Mas não senti. Como eu adivinharia?
Quando se vai fazer uma entrevista de emprego, há duas opções que variam com o desespero. Você pode se mostrar maravilhoso como não é, ou tosco como é. Claro que a chance de ser contratado se mostrando maravilhoso, é maior, mas depois há uma grande possibilidade de perceberem que você não é maravilhoso, e o demitirão por isso.
A equação é a seguinte: se o candidato se mostrar modesto, a chance de ser contratado é menor, mas se conseguir a vaga, a chance de permanecer no emprego é quase plena. Se o candidato de mostrar maravilhoso, a chance de ser contratado é muito maior, assim como a chance de não permanecer no emprego.
- Por que você veio de bermudas? - pergunta-me, de supetão.
- Porque está calor.
- Aqui usamos ar-condicionado. Se você for contratado, estaria disposto a vestir calças?
- Sim, sim. No anúncio desta vaga, não estava escrito que se usa ar-condicionado nesta empresa.
- Mas utilizamos.
Eu poderia continuar com a discussão, mas não queira discutir com um entrevistador. Por mais que você tenha razão, ele não vai admitir. Ou seja: Como ele está numa posição superior à sua, é ele quem tem a razão em todas as instâncias, e discutir seria como tentar permanecer no erro à força.
- E gravata? Por que não veio de gravata?
- Porque não combina com bermuda.
- E por que você veio de bermuda?
- Acho que o senhor já fez uma pergunta semelhante.
É chegada a hora na entrevista em que o candidato tem que se impor e perguntar as coisas da empresa. Aí a situação se inverte, e o entrevistador percebe que o candidato também escolhe a empresa.
- Qual é o salário? - pergunto.
- Você é do tipo de jovem que só trabalha pelo salário?
- Não. Eu só perguntei o salário. Vai que vocês sejam escravistas.
- Eu tenho cara de escravista? – me pergunta, como se fosse um gênio.
- E eu tenho cara de ganancioso? – respondo, como se fosse um humorista.
Silêncio.
- Queira, por favor, me dizer o salário?
- Mil. - diz, com vergonha.
É por isso que ele não queria dizer.
- Mil? - pergunto incrédulo.
- É, mil.
- Mil. - digo, conformado.
- Mil.
Agora todas as coisas mudam. Eu posso seriamente não querer este emprego.
- Mil reais, e tem que vir de gravata?
- Isso se você achar necessário. Acho que basta.
- Quando obtenho a resposta?
- Semana que vem.
Nos cumprimentamos discretamente e fui embora.
Seção:
Crônicas
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Amnésia de japonês mata dezenas de amigos imaginários
A manhã desta segunda-feira foi marcada por uma grande catástrofe na cidade de Nagoya, Japão. Um jovem de aproximadamente dezesseis anos sofreu uma amnésia ao bater com a cabeça em um poste, e provocou a morte de dezenas de amigos imaginários. Os médicos dizem que a situação é irreversível.
Shimizu sempre andava de bicicleta nas redondezas do parque municipal de Nagoya e era, até, considerado um bom ciclista. Nesta segunda-feira, porém, nem suas habilidades foram capazes de desviar de uma cão sem proporcionar um acidente. O cachorro nada sofreu. Shimizu, no entanto, se espatifou com a cabeça em um dos dezessete postes do parque, proporcionando um forte estalo.
"Pela conversa que tive com o paciente posso dizer que os amigos imaginários estão quase todos mortos", revela a psicóloga de Shimizu, dona Nagori. "Há uma meia dúzia de feridos, mas creio que devem morrer todos nos próximos dias. Esta batida causou um amadurecimento súbito em Suzuki", completa.
Pouca gente sabia da existência de tantos amigos imaginários na cabeça deste jovem japonês. Foi seu amigo Shitaro quem primeiro informou à polícia. "Ele sempre falava desses amigos e eu nunca dei bola. Agora que eles morreram, sinto saudade", diz em tom um tanto triste, como é de se compreender. Ele diz que os amigos imaginários de Shimizu somavam a 46, cada um com uma personalidade diferente.
Os amigos imaginários não serão enterrados, visto que no Japão o acesso à terra imaginária é um tanto restrito, além de não haver cemitérios imaginários. Shimizu passa bem, e fontes seguras indicam que ele não sentirá falta dos amigos, já que se esqueceu deles peremptoriamente.
Shimizu sempre andava de bicicleta nas redondezas do parque municipal de Nagoya e era, até, considerado um bom ciclista. Nesta segunda-feira, porém, nem suas habilidades foram capazes de desviar de uma cão sem proporcionar um acidente. O cachorro nada sofreu. Shimizu, no entanto, se espatifou com a cabeça em um dos dezessete postes do parque, proporcionando um forte estalo.
"Pela conversa que tive com o paciente posso dizer que os amigos imaginários estão quase todos mortos", revela a psicóloga de Shimizu, dona Nagori. "Há uma meia dúzia de feridos, mas creio que devem morrer todos nos próximos dias. Esta batida causou um amadurecimento súbito em Suzuki", completa.
Pouca gente sabia da existência de tantos amigos imaginários na cabeça deste jovem japonês. Foi seu amigo Shitaro quem primeiro informou à polícia. "Ele sempre falava desses amigos e eu nunca dei bola. Agora que eles morreram, sinto saudade", diz em tom um tanto triste, como é de se compreender. Ele diz que os amigos imaginários de Shimizu somavam a 46, cada um com uma personalidade diferente.
Os amigos imaginários não serão enterrados, visto que no Japão o acesso à terra imaginária é um tanto restrito, além de não haver cemitérios imaginários. Shimizu passa bem, e fontes seguras indicam que ele não sentirá falta dos amigos, já que se esqueceu deles peremptoriamente.
Seção:
Crônicas
Roupas ultra camufláveis na praia

Era grande, a demanda por vestimentas ultra camufláveis de praia.
Recebi milhares de e-mails de mulheres que não têm estatura peitoral implorando para que eu desenvolvesse os sutiãs ultra camufláveis. Também não foram poucas as mensagens das mulheres que não têm, como se diz, bunda, pedindo os biquínis ultra camufláveis. E os homens de pênis curto também queriam as sungas ultra camufláveis.
Eu respondia todos estes e-mails envergonhadamente. Dizia que sabia da necessidade e da importância destas invenções, mas eu tinha nojo de desenvolvê-las. A criação deste tipo de vestimenta obrigava a lidar com modelos em partes não muito agradáveis. Além do que as pesquisas de campo, na praia, eram sempre enfadonhas, com grande calor e imensa dificuldade ao lidar com a areia úmida que entrava em todos os poros possíveis.
As pessoas não se davam por satisfeitas e respondiam assim:
- Por favor, André. Por favor!
- Está bem.
O que eu tinha a fazer, senão desenvolver logo o que o povo tanto me pedia?
O processo de criação com bonecos foi determinante para o sucesso do projeto.
E que ninguém pense que o preço será igual ao das outras vestimentas. Cobrarei caro. Ai de quem não comprar. Tenho os remetentes de todos os pedidos!
Seção:
Roupas ultra camufláveis
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Propaganda dos óculos ultra camufláveis

O grande sucesso do anônimo usando os óculos ultra camufláveis levou o departamento de marketing deste blog a buscar várias soluções para um aproveitamento financeiro deste fenômeno.
Depois de diversas reuniões, chegamos à conclusão de que contrataríamos uma grande modelo internacional. Aliás, não precisava ser uma grande modelo internacional, como fizemos com Gisele Bündchen. Bastava que parecesse uma. Chegaram à minha mesa dois currículos. Um de Katie Holmes, outro de Margareth Sthepan. Escolhemos Margareth, pelo cachê.
Era também preciso agregar uma marca conhecida de óculos, porque, sinceramente, não temos experiência na produção de lentes oculares. A proposta vencedora foi da Dior, pelo design e também pelo fotógrafo que nos emprestariam.
Gostei muito do resultado, porque demonstra a alta camuflacidade das lentes.
Aliás, cabe esclarecer que os óculos ultra camufláveis funcionam como óculos de verdade. Inclusive, produzimos óculos de grau ultra camufláveis, desde que o cliente pague dobrado.
Seção:
Roupas ultra camufláveis
Com medo da gripe suína, José Ferreira entra no ramo de cavalos
Foi anunciada na noite de ontem uma reviravolta no que se diz respeito à suinocultura nacional. José Ferreira, que ganhou a vida financiando porcos aos brasileiros, resolveu fazer uma troca insólita. Sai do ramo dos porcos para entrar no de cavalos. Ele tem medo da gripe suína.
Ferreira, conhecido no interior como Porquinho (também porque seu nariz lembra o de um porco), deve toda sua fortuna aos porcos. Nascido na favela de Paraisópolis, nos anos 80 enxergou nos suínos uma forma eficaz de ascensão social. “Na época, quem comia porco no Brasil ou era leão ou granfino. O que eu fiz foi popularizar os suínos, e até ontem a carne de porco era mais barata que a de boi”, diz Ferreira.
As notícias da gripe suína se alastrando pelo mundo pegou Porquinho de surpresa. “Olhava para meus porcos como se fossem uns traidores. Os trato tão bem, para transmitirem gripe para mim? Assim não dá”, diz, visivelmente transtornado. Questionado com informações científicas que indicam que a carne suína não transmite o vírus, Porquinho mantém-se impassível: “Não acredito nos cientistas”.
A escolha pelo cavalos foi como um deja vu. “Escolhi criar cavalo porque quem é que come cavalo no Brasil, hoje em dia? Só granfino ou leão. Levarei o cavalo para o povo!”, propala em tom encantador, que ninguém ousa duvidar.
Os porcos de todas as fazendas de Porquinho foram queimados para dar lugar aos cavalos que devem chegar em 15 dias. Os Sem-Terra que tentaram invadir o local, atraídos pelo cheiro da carne queimada, foram afastados por seguranças armados.
Ferreira, conhecido no interior como Porquinho (também porque seu nariz lembra o de um porco), deve toda sua fortuna aos porcos. Nascido na favela de Paraisópolis, nos anos 80 enxergou nos suínos uma forma eficaz de ascensão social. “Na época, quem comia porco no Brasil ou era leão ou granfino. O que eu fiz foi popularizar os suínos, e até ontem a carne de porco era mais barata que a de boi”, diz Ferreira.
As notícias da gripe suína se alastrando pelo mundo pegou Porquinho de surpresa. “Olhava para meus porcos como se fossem uns traidores. Os trato tão bem, para transmitirem gripe para mim? Assim não dá”, diz, visivelmente transtornado. Questionado com informações científicas que indicam que a carne suína não transmite o vírus, Porquinho mantém-se impassível: “Não acredito nos cientistas”.
A escolha pelo cavalos foi como um deja vu. “Escolhi criar cavalo porque quem é que come cavalo no Brasil, hoje em dia? Só granfino ou leão. Levarei o cavalo para o povo!”, propala em tom encantador, que ninguém ousa duvidar.
Os porcos de todas as fazendas de Porquinho foram queimados para dar lugar aos cavalos que devem chegar em 15 dias. Os Sem-Terra que tentaram invadir o local, atraídos pelo cheiro da carne queimada, foram afastados por seguranças armados.
Seção:
Crônicas
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Twitter - Primeiros passos
Tem sido muito frutífera, a minha experiência com o Twitter.
Talvez a minha implicância anterior fosse somente preconceito, mesmo. É uma delícia ter limite de cento e poucos toques para passar uma ideia. Talvez seja por isso que a maioria das pessoas só dizem amenidades. O problema talvez seja somente o teor dessas amenidades.
Veja só. As notícias sobre si são todas positivas. "Estou tomando banho". "Estou vendo LOST" (para quem escreve isso, ver LOST é uma coisa positiva). Eu quero ver é quem diga coisas feias sobre si mesmo. "Estou com vontade de fazer cocô desde às 18". "Esqueci de passar desodorante". "Paquerei uma freira".
Pena que meus posts jamais terão este teor. Primeiro porque não falo sobre cocô com estranhos. Depois, que eu não esqueço de passar desodorante. E ainda, que não falo sobre minha vida pessoal no Twitter, lembra? Foi um grande equívoco prometer isso. Estou morrendo de vontade de dizer algumas coisas pessoais, mas prometido é prometido.
A grande estratégia do momento é começar a provocar o Marcelo Camelo pelo Twitter. Não que eu tenha alguma coisa contra este sujeito. Pelo contrário! Acho que algumas músicas dele são muito bonitas. E também é admirável que um sujeito não tenha vergonha de namorar uma pessoa quinze anos mais nova. Eu teria.
Então os próximos posts no Twitter serão no afã de provocá-lo. Há quem pense que só tenho a perder me indispondo contra este grande sujeito inteligente e cheio de fãs. Além do mais, ouvi dizer que ele poderia se sentir profundamente magoado com meus ataques gratuitos. Mas minha estratégia tem a ver somente com a fama dele. Eu quero utilizar a notoriedade deste homem em meu favor. Espero que dê certo, senão o que eu vou ganhar serão somente scraps anônimos contra meu estilo de vida aproveitador - a que responderei assim: "Me xingue, mas não deixe de ler o blog. Ele é ótimo."
Por fim, quero dizer que não mais direi neste blog qual é o endereço do meu Twitter. A intenção, ao criá-lo, foi a de trazer leitores para cá. Por isso não faria sentido usar o blog para levar leitores para lá. Se a curiosidade for grande, dê um jeito de descobrir. No seu lugar, eu tentaria www.twitter.com/andreursipedes.
Talvez a minha implicância anterior fosse somente preconceito, mesmo. É uma delícia ter limite de cento e poucos toques para passar uma ideia. Talvez seja por isso que a maioria das pessoas só dizem amenidades. O problema talvez seja somente o teor dessas amenidades.
Veja só. As notícias sobre si são todas positivas. "Estou tomando banho". "Estou vendo LOST" (para quem escreve isso, ver LOST é uma coisa positiva). Eu quero ver é quem diga coisas feias sobre si mesmo. "Estou com vontade de fazer cocô desde às 18". "Esqueci de passar desodorante". "Paquerei uma freira".
Pena que meus posts jamais terão este teor. Primeiro porque não falo sobre cocô com estranhos. Depois, que eu não esqueço de passar desodorante. E ainda, que não falo sobre minha vida pessoal no Twitter, lembra? Foi um grande equívoco prometer isso. Estou morrendo de vontade de dizer algumas coisas pessoais, mas prometido é prometido.
A grande estratégia do momento é começar a provocar o Marcelo Camelo pelo Twitter. Não que eu tenha alguma coisa contra este sujeito. Pelo contrário! Acho que algumas músicas dele são muito bonitas. E também é admirável que um sujeito não tenha vergonha de namorar uma pessoa quinze anos mais nova. Eu teria.
Então os próximos posts no Twitter serão no afã de provocá-lo. Há quem pense que só tenho a perder me indispondo contra este grande sujeito inteligente e cheio de fãs. Além do mais, ouvi dizer que ele poderia se sentir profundamente magoado com meus ataques gratuitos. Mas minha estratégia tem a ver somente com a fama dele. Eu quero utilizar a notoriedade deste homem em meu favor. Espero que dê certo, senão o que eu vou ganhar serão somente scraps anônimos contra meu estilo de vida aproveitador - a que responderei assim: "Me xingue, mas não deixe de ler o blog. Ele é ótimo."
Por fim, quero dizer que não mais direi neste blog qual é o endereço do meu Twitter. A intenção, ao criá-lo, foi a de trazer leitores para cá. Por isso não faria sentido usar o blog para levar leitores para lá. Se a curiosidade for grande, dê um jeito de descobrir. No seu lugar, eu tentaria www.twitter.com/andreursipedes.
Seção:
Twitter
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Se alguém me perguntasse há menos de vinte e quatro horas, o que eu acho do Twitter, a resposta provavelmente seria repleta de palavrões e outras palavras mal educadas. Falaria deste site com a raiva de quem fala de algo que não gosta e não pretende gostar nunca.
Sejamos sinceros: Como é bom detestar. É detestando que se cria os assuntos. Eu seria praticamente mudo, caso não detestasse. Falo até com mais entusiasmo do que não gosto do que daquilo que gosto. Detestar é melhor do que gostar.
E assim era com o Twitter. Sempre falei mal, porque só ouvia falar de gente que publicava coisas pessoalíssimas da vida. "Fui fazer cocô", era um post. "Não foi só cocô, também fiz um xixizinho", vinha no post seguinte. Daí pensei que isso também acontece com os blogs. A maioria deles são horríveis e falam da vida pessoal de quem redige. Mas há outros que salvam todo o resto, como este.
Minha ressalva agora é somente com o tamanho mínimo dos posts. Mas esta pode ser uma coisa boa. Tem vezes em que aqui no blog desejo publicar coisas pequenas, mas vem um receio, porque esteticamente não é aceitável. O blog, para mim, exije textos um pouco maiores. Então às vezes encho linguiça para formar um post em torno de uma ideia.
Veja, porém, que encher linguiça não é uma coisa necessariamente ruim. Há quem encha linguiça com filé mignon, como há quem encha com carne de quinta. É claro que encho com filé mignon. Mas às vezes não tem filet. Ou então dá preguiça, mesmo.
No meu twitter, o www.twitter.com/andreursipedes, provavelmente não falarei da minha vida pessoal. Se por um acaso escapar alguma coisa, peço aos meus seguidores que avisem prontamente!
Sejamos sinceros: Como é bom detestar. É detestando que se cria os assuntos. Eu seria praticamente mudo, caso não detestasse. Falo até com mais entusiasmo do que não gosto do que daquilo que gosto. Detestar é melhor do que gostar.
E assim era com o Twitter. Sempre falei mal, porque só ouvia falar de gente que publicava coisas pessoalíssimas da vida. "Fui fazer cocô", era um post. "Não foi só cocô, também fiz um xixizinho", vinha no post seguinte. Daí pensei que isso também acontece com os blogs. A maioria deles são horríveis e falam da vida pessoal de quem redige. Mas há outros que salvam todo o resto, como este.
Minha ressalva agora é somente com o tamanho mínimo dos posts. Mas esta pode ser uma coisa boa. Tem vezes em que aqui no blog desejo publicar coisas pequenas, mas vem um receio, porque esteticamente não é aceitável. O blog, para mim, exije textos um pouco maiores. Então às vezes encho linguiça para formar um post em torno de uma ideia.
Veja, porém, que encher linguiça não é uma coisa necessariamente ruim. Há quem encha linguiça com filé mignon, como há quem encha com carne de quinta. É claro que encho com filé mignon. Mas às vezes não tem filet. Ou então dá preguiça, mesmo.
No meu twitter, o www.twitter.com/andreursipedes, provavelmente não falarei da minha vida pessoal. Se por um acaso escapar alguma coisa, peço aos meus seguidores que avisem prontamente!
Seção:
Twitter
Óculos ultra camufláveis
Este homem comprou um modelo da última moda do que se diz respeito às vestimentas ultra camufláveis.
Trata-se dos óculos frutos da parceria do site Eu não sou virgem Maria! com a marca americana Ray-Ban. O site brasileiro entrou com a ultra camuflacidade e a marca americana, com o design. Eu achei o resultado espetacular, embora tenha fins somente estéticos, já que é possível perceber o resto do rosto da pessoa, como se pode ver na figura.
Fora isso, as vantagens para o mercado brasileiro são imensas. A Ray-Ban ganhará somente 5% das vendas. E ainda arcará com o frete.
Trata-se dos óculos frutos da parceria do site Eu não sou virgem Maria! com a marca americana Ray-Ban. O site brasileiro entrou com a ultra camuflacidade e a marca americana, com o design. Eu achei o resultado espetacular, embora tenha fins somente estéticos, já que é possível perceber o resto do rosto da pessoa, como se pode ver na figura.
Fora isso, as vantagens para o mercado brasileiro são imensas. A Ray-Ban ganhará somente 5% das vendas. E ainda arcará com o frete.

Seção:
Roupas ultra camufláveis
Trecho de um plágio que nunca foi feito
Alguém deve ter caluniado Alfredo, pois foi detido numa manhã sem ter feito nada de mal. Era a primeira vez que lhe ocorria algo deste gênero. Sempre foi tão bonzinho, que morria de medo de ser preso por engano. Parece que o temor se realizou. Isto não é nada surpreendente, porque não é só sonho que se realiza. Não tinha mais nada a se fazer, senão esperar o advogado e dar os primeiros telefonemas. Recusou o oferecimento do policial, muito solícito, porque já viu que poderia falar mais livremente com os celulares dos outros presos. Rafael Nadal, seu cachorro, naturalmente morreu, pois um cachorro mal pode pensar em respirar sozinho, quanto mais em se alimentar. Walter Victor, o papagaio, sobreviveu um pouco mais, mas acabou morrendo quando terminou o alpiste. E a avó paralítica, coitada, também morreu. Ela tentou telefonar diversas vezes, pois estava muito preocupada com o Nadal e o Walter Victor, mas desistiu quando ouviu o toque de chamada do próprio telefonema. Alfredo não pôde levar o celular à delegacia.
Seção:
Crônicas
terça-feira, 5 de maio de 2009
O desfile de moda das roupas ultra camufláveis
Não esperava tamanho sucesso para as roupas ultra camufláveis.
Na verdade esperava. Mas está um pouco cansativo começar textos sempre com alguma frase arrogante para repelir o leitor. Esta insistência, creio eu, acabou afastando mesmo alguns leitores. Acalmem-se, meus chapas, isto é só um tipinho.
Mas as roupas ultra camufláveis têm tido um sucesso, como diria minha avó, estrondoso! É tamanha a procura, que ninguém consegue comprar. Os servidores tiveram excesso de tráfego, e sites como Amazon, Submarino e Pudim mantiveram-se inacessíveis por vários dias. Então resolveram parar de vender.
Ninguém mais vende, porque ninguém tem estrutura para isso. E as roupas esgotaram. Sabe como?
Aqueles que milagrosamente conseguiram comprar antes dos problemas, vestiram as roupas ultra camufláveis e conseguiram entrar nas lojas desapercebidamente e roubaram todas as outras. Roubaram inclusive alguns playstation 3, o que eu não acho correto. O que a Sony tem a ver com a história? Bem. Acho que eles utilizarão o marketing da história e tornar-se-ão mais ricos.
Para que esta invenção não seja em vão por conta de falta de infraestrutura, resolvi que eu mesmo venderei com exclusividade as roupas. Dou um jeito. E para continuar com o impacto dos primeiros meses, resolvi realizar um desfile de moda com as roupas ultra camufláveis.
Não precisei convidar modelos, porque algumas já haviam se proposto a desfilar. Escolhi a Gisele Bundchen, mas depois me arrependi. A mulher é tão magra, que já é por si só ultra camuflável. Deveria ter escolhido alguém mais substancioso. João Gordo, talvez. Mas receio que João não toparia participar desfiles de moda. Ademais, ele não tem molejo.
Gisele desfilou por cem mil dólares. Depois descobri que o cachê dela é bem menor. Mas tinha em mente que, para desfilar com a minha marca, a pessoa tem que se valorizar. Cobrar bem. E ofereci os cem mil dólares impactantes.
Veja uma foto do desfile.

Na verdade esperava. Mas está um pouco cansativo começar textos sempre com alguma frase arrogante para repelir o leitor. Esta insistência, creio eu, acabou afastando mesmo alguns leitores. Acalmem-se, meus chapas, isto é só um tipinho.
Mas as roupas ultra camufláveis têm tido um sucesso, como diria minha avó, estrondoso! É tamanha a procura, que ninguém consegue comprar. Os servidores tiveram excesso de tráfego, e sites como Amazon, Submarino e Pudim mantiveram-se inacessíveis por vários dias. Então resolveram parar de vender.
Ninguém mais vende, porque ninguém tem estrutura para isso. E as roupas esgotaram. Sabe como?
Aqueles que milagrosamente conseguiram comprar antes dos problemas, vestiram as roupas ultra camufláveis e conseguiram entrar nas lojas desapercebidamente e roubaram todas as outras. Roubaram inclusive alguns playstation 3, o que eu não acho correto. O que a Sony tem a ver com a história? Bem. Acho que eles utilizarão o marketing da história e tornar-se-ão mais ricos.
Para que esta invenção não seja em vão por conta de falta de infraestrutura, resolvi que eu mesmo venderei com exclusividade as roupas. Dou um jeito. E para continuar com o impacto dos primeiros meses, resolvi realizar um desfile de moda com as roupas ultra camufláveis.
Não precisei convidar modelos, porque algumas já haviam se proposto a desfilar. Escolhi a Gisele Bundchen, mas depois me arrependi. A mulher é tão magra, que já é por si só ultra camuflável. Deveria ter escolhido alguém mais substancioso. João Gordo, talvez. Mas receio que João não toparia participar desfiles de moda. Ademais, ele não tem molejo.
Gisele desfilou por cem mil dólares. Depois descobri que o cachê dela é bem menor. Mas tinha em mente que, para desfilar com a minha marca, a pessoa tem que se valorizar. Cobrar bem. E ofereci os cem mil dólares impactantes.
Veja uma foto do desfile.

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Roupas ultra camufláveis
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Regra de convivência #26 - Ser o menos influenciável possível
Nos últimos dias, como que por acidente, abri o jornal.
A relação que se tem com o jornal é um tanto esquisita. Nunca o abrimos, quando um dia, sem querer, um deles para na nossa frente. Folheamos à contra gosto e encontramos uma notícia interessante. Uma notícia que fez valer a pena o fardo que é tocar naquela coisa que suja as mãos, é desconfortável e, bem, possui um texto muito mal feito.
Daí, nos dias seguintes procuramos alguma situação para ler jornal, no afã de encontrarmos uma notícia interessante como a que encontramos no dia anterior. Porém, não encontramos nada digno de interesse, e tudo o que passamos é raiva. Então temos a sensação de que jornal é algo de horrível que suja as mãos, é desconfortável e, bem, possui um texto muito mal feito. E esperamos a próxima notícia despretensiosamente interessante que encontraremos sem querer em algum jornal.
Falo isso para dizer da última coisa interessante que li em um jornal. Não me lembro qual a espécie de jornal que era, mas nele estava publicado um texto muito interessante sobre as cem pessoas mais influentes do mundo. Não me lembro do texto, porque o tema me deu a ideia de fazer a regra de convivência número vinte e seis: Ser o menos influenciável possível.
Enquanto via a lista das pessoas mais influentes do mundo, via claramente o motivo por que o mundo vai mal. As pessoas influenciáveis são uma clara fotografia do mundo.
George Dáblio Bush, Justin Timberlake, Madonna... Havia por lá diversas celebridades, mas nenhum gênio! Não vi um Ewerton Clides, nenhum André Ursípedes, zero Sidney Magal. Ou seja, não há, nesta lista, ninguém digno de exercer qualquer influência em alguém! Mas o problema não são as pessoas influentes; o problema são as pessoas influenciadas, que são influenciadas demais!
Um ser influenciado perde a autonomia como o Sertãozinho jogando contra o Palmeiras. E perdendo a autonomia, perde a personalidade e qualquer importância. Porque o influenciável é uma fábrica de cópias. Tal qual o Paraguai imita os produtos chineses, o ser influenciável imita as personalidades americanas.
Sei bem que é muito difícil não ser influenciado por ninguém. E não é isso que peço nesta regra. O objetivo é selecionar as influências e captar somente as que incrementam e desenvolvem a personalidade.
Pense no exemplo anterior: Você compraria um produto paraguaio ou chinês? Se você for muito influenciável e não selecionar suas influências, eu, por exemplo, não falaria jamais com você. Falaria direto com a Madonna.
A relação que se tem com o jornal é um tanto esquisita. Nunca o abrimos, quando um dia, sem querer, um deles para na nossa frente. Folheamos à contra gosto e encontramos uma notícia interessante. Uma notícia que fez valer a pena o fardo que é tocar naquela coisa que suja as mãos, é desconfortável e, bem, possui um texto muito mal feito.
Daí, nos dias seguintes procuramos alguma situação para ler jornal, no afã de encontrarmos uma notícia interessante como a que encontramos no dia anterior. Porém, não encontramos nada digno de interesse, e tudo o que passamos é raiva. Então temos a sensação de que jornal é algo de horrível que suja as mãos, é desconfortável e, bem, possui um texto muito mal feito. E esperamos a próxima notícia despretensiosamente interessante que encontraremos sem querer em algum jornal.
Falo isso para dizer da última coisa interessante que li em um jornal. Não me lembro qual a espécie de jornal que era, mas nele estava publicado um texto muito interessante sobre as cem pessoas mais influentes do mundo. Não me lembro do texto, porque o tema me deu a ideia de fazer a regra de convivência número vinte e seis: Ser o menos influenciável possível.
Enquanto via a lista das pessoas mais influentes do mundo, via claramente o motivo por que o mundo vai mal. As pessoas influenciáveis são uma clara fotografia do mundo.
George Dáblio Bush, Justin Timberlake, Madonna... Havia por lá diversas celebridades, mas nenhum gênio! Não vi um Ewerton Clides, nenhum André Ursípedes, zero Sidney Magal. Ou seja, não há, nesta lista, ninguém digno de exercer qualquer influência em alguém! Mas o problema não são as pessoas influentes; o problema são as pessoas influenciadas, que são influenciadas demais!
Um ser influenciado perde a autonomia como o Sertãozinho jogando contra o Palmeiras. E perdendo a autonomia, perde a personalidade e qualquer importância. Porque o influenciável é uma fábrica de cópias. Tal qual o Paraguai imita os produtos chineses, o ser influenciável imita as personalidades americanas.
Sei bem que é muito difícil não ser influenciado por ninguém. E não é isso que peço nesta regra. O objetivo é selecionar as influências e captar somente as que incrementam e desenvolvem a personalidade.
Pense no exemplo anterior: Você compraria um produto paraguaio ou chinês? Se você for muito influenciável e não selecionar suas influências, eu, por exemplo, não falaria jamais com você. Falaria direto com a Madonna.
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Regras de convivência
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Anedota primeira
Um amigo otorrinolaringologista certo dia me perguntou se eu poderia ajudá-lo. Disse-lhe prontamente que sim, e que não seria sem o maior prazer. Ele morreu três dias depois e posso falar que foi um grande alívio, já que detesto gargantas e orelhas.
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Anedotas
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Calças ultra camufláveis - modelo praia

Um amigo meu, em seu discurso na ONU, chegou a dizer o seguinte, não sem grande emoção: "Leonardo Da Vinci desenvolveu o pára-quedas, Santos Dummont fez o avião, e o André criou as roupas ultra camufláveis". Concordo com ele que o paraquedas e o avião são grandes invenções, e que muitas vidas melhoraram por causa deles. Mas as roupas ultra camufláveis não têm paralelo em toda a história da humanidade. Reconheço, porém, a boa intenção de meu amigo ao me comparar com gente de primeiríssima grandeza.
Comecei com as calças por uma simples questão estética. Minha primeira ideia era criar as cuecas ultra camufláveis, para que os homossexuais de baixa estatura peniana não se sentissem constrangidos ao frequentarem uma sauna. Porém, as cuecas se tornaram mais difíceis por minha dificuldade em lidar com os modelos. Tinha que ficar ajustando as cuecas, e um modelo se excitou por acidente. Sorte que não toquei em nada!
Como se pode ver na foto acima, as calças são realmente ultra camufláveis. Muitos chegaram a dizer que se trata somente de uma foto montagem. A eles, digo: "Como seria uma foto montagem, se na sombra dá para ver que a mulher tem, sim, pernas? Hein? Vocês viram a sombra? Acho que não! Pois agora vejam!". Além disso, eu não faria uma coisa dessas com meus leitores. Não arriscaria anos de brilhantismo e credibilidade por conta de uma invenção que não seria de fato uma invenção.
Os invejosos que duvidam desta criação não querem reconhecer a utilidade destas vestimentas. Agora, ficou muito mais fácil de se passar um susto em alguém. Se antes tínhamos de nos esconder atrás de muros ou postes, agora basta vestir as roupas ultra camufláveis, se postar na frente de alguém e:
- Bu.
Que susto!
Há grande utilidade também nos usos militares, para jogadores de futebol que queiram passar desapercebidos pelos adversários, caçadores em busca de peixes ou periquitos, ou até mesmo donas de casa que não queiram se importar com manchas do dia a dia.
O único problema que devo reconhecer é o de que há gente mal cheirosa que será percebida pelo cheiro. Ou, se der sorte, poderá causar o efeito de gases humanos no local. Mas poxa vida, passar desodorante é tão difícil assim?
Os outros problemas, não os reconheço.
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Roupas ultra camufláveis
sexta-feira, 17 de abril de 2009
André x Fernando Pessoa - 2º round
Minhas declarações causaram rebuliço em Portugal. Fernando Pessoa jamais havia sido tão humilhado diante de um número tão grande de pessoas. Chegou até a circular um boato dando conta de que o poeta havia tentado o suicídio e conseguido - o que foi desmentido horas depois, quando foi visto chorando e comendo pastéis de Belém.
Fernando prometeu grandes declarações bombásticas que prometiam me causar muita vergonha. “Ele se sentirá como se estivesse nu em público!”, declarou Fernando, exaltado. "Fernando Pessoa promete envergonhar André de cabo a rabo", era a manchete de um dos principais jornais de Lisboa. "Fernando Pessoa chora; André ri", era a manchete de um jornal de Coimbra. "Benfica vence mais uma", a manchete de um periódico de Aveiro, mas esta não nos interessa.
A resposta tão aguardada foi esperada durante todo o dia, mas foi só nas últimas horas da noite que Fernando Pessoa apareceu sorridente em um programa de auditório - o mais visto do país. Ninguém esperava tanto contentamento depois de tanta vergonha. O apresentador chegou a insinuar loucura do grande poeta, mas não restava dúvida: A resposta estava pronta.
Conversaram primeiro sobre amenidades, como poesia e literatura portuguesa. Falaram muito sobre o tempo, se chove, se não chove. Os dois eram cúmplices de um grand finale. Aos dezenove minutos de conversa, o apresentador não se conteve e finalmente perguntou:
- Fernando, e quanto o que disse André no blog Eu não sou virgem, Maria!?
- Uma vergonha. Ele arrepender-se-á de ter dito tantas coisas ruins sobre mim.
- Por quê?
- Dar-lhe-ei a resposta agora.
Não foi sem grande susto que a plateia ouviu o que vem a seguir, depois de tantas mesóclises:
O André é um fingidor. Finge tão completamente, Que chega a fingir que é dor, A dor que deveras sente.
Ouviu-se aplausos por todo o país. Houve quem soltasse rojões. Até o minuto de silêncio foi interrompido em um grande clássico do futebol nacional. A bolsa de Coimbra subiu. O mundo aumentou imediatamente a importação de pastéis de Belém. Bruno Aleixo não ouviu, porque era tarde e já estava dormindo. Fernando Pessoa ouvia os aplausos tão merecidos, e no meio de tantas lágrimas, abraçou o apresentador e se despediu desta grande noite. Enfim o poeta se redimia.
Fernando prometeu grandes declarações bombásticas que prometiam me causar muita vergonha. “Ele se sentirá como se estivesse nu em público!”, declarou Fernando, exaltado. "Fernando Pessoa promete envergonhar André de cabo a rabo", era a manchete de um dos principais jornais de Lisboa. "Fernando Pessoa chora; André ri", era a manchete de um jornal de Coimbra. "Benfica vence mais uma", a manchete de um periódico de Aveiro, mas esta não nos interessa.
A resposta tão aguardada foi esperada durante todo o dia, mas foi só nas últimas horas da noite que Fernando Pessoa apareceu sorridente em um programa de auditório - o mais visto do país. Ninguém esperava tanto contentamento depois de tanta vergonha. O apresentador chegou a insinuar loucura do grande poeta, mas não restava dúvida: A resposta estava pronta.
Conversaram primeiro sobre amenidades, como poesia e literatura portuguesa. Falaram muito sobre o tempo, se chove, se não chove. Os dois eram cúmplices de um grand finale. Aos dezenove minutos de conversa, o apresentador não se conteve e finalmente perguntou:
- Fernando, e quanto o que disse André no blog Eu não sou virgem, Maria!?
- Uma vergonha. Ele arrepender-se-á de ter dito tantas coisas ruins sobre mim.
- Por quê?
- Dar-lhe-ei a resposta agora.
Não foi sem grande susto que a plateia ouviu o que vem a seguir, depois de tantas mesóclises:
O André é um fingidor. Finge tão completamente, Que chega a fingir que é dor, A dor que deveras sente.
Ouviu-se aplausos por todo o país. Houve quem soltasse rojões. Até o minuto de silêncio foi interrompido em um grande clássico do futebol nacional. A bolsa de Coimbra subiu. O mundo aumentou imediatamente a importação de pastéis de Belém. Bruno Aleixo não ouviu, porque era tarde e já estava dormindo. Fernando Pessoa ouvia os aplausos tão merecidos, e no meio de tantas lágrimas, abraçou o apresentador e se despediu desta grande noite. Enfim o poeta se redimia.
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Crônicas
William
Fazemos coisas terríveis em nome da seriedade. William é um bom exemplo disso. Ele se nega, se corrompe, se exclui - pela seriedade. E faria muito mais.
Veja a roupa dele. Sempre um terno escolhido por outrem, que ficaria perfeito em qualquer um. E o semblante? A mesma coisa. É um esforço contínuo para que não prestemos atenção nele. É um disfarçado profissional e proposital. Esta tentativa é tão nítida e engraçada, que o pensamento óbvio provocado é: “O que ele quer esconder com tanta seriedade?”
Nunca sei se a seriedade existe mesmo ou se o que chamamos de seriedade é somente uma negação do que nos é cômico. Nesta segunda opção, ela seria somente um anteparo entre o cômico íntimo e o olhar alheio. Um anteparo que pode ser transparente, uma peneira ou algo inexpugnável, que de vez em quando – quase nunca – se distrai, e tudo o que é engraçado e cômico de uma determinada pessoa é escancarado de repente.
William pretende, sempre, transmitir confiança e seriedade a tudo que diz. Na maioria das vezes, consegue. Porém, sua personalidade é revelada em seu erro. Ou melhor: Ele se escancara quando perde o controle da situação e sua seriedade se esvai em um segundo, como numa explosão. Seu anteparo abre uma fresta, e toda sua personalidade é extravasada em um pequeno sorriso, ou num olhar engraçado.
Veja a roupa dele. Sempre um terno escolhido por outrem, que ficaria perfeito em qualquer um. E o semblante? A mesma coisa. É um esforço contínuo para que não prestemos atenção nele. É um disfarçado profissional e proposital. Esta tentativa é tão nítida e engraçada, que o pensamento óbvio provocado é: “O que ele quer esconder com tanta seriedade?”
Nunca sei se a seriedade existe mesmo ou se o que chamamos de seriedade é somente uma negação do que nos é cômico. Nesta segunda opção, ela seria somente um anteparo entre o cômico íntimo e o olhar alheio. Um anteparo que pode ser transparente, uma peneira ou algo inexpugnável, que de vez em quando – quase nunca – se distrai, e tudo o que é engraçado e cômico de uma determinada pessoa é escancarado de repente.
William pretende, sempre, transmitir confiança e seriedade a tudo que diz. Na maioria das vezes, consegue. Porém, sua personalidade é revelada em seu erro. Ou melhor: Ele se escancara quando perde o controle da situação e sua seriedade se esvai em um segundo, como numa explosão. Seu anteparo abre uma fresta, e toda sua personalidade é extravasada em um pequeno sorriso, ou num olhar engraçado.
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Crônicas
quinta-feira, 16 de abril de 2009
André x Fernando Pessoa

Ultimamente meu sucesso literário tem incomodado muitos de quem já fui fã. Recebi um comunicado mal educado de Oscar Wilde, um fax bomba de Baudelaire, e um telefonema anônimo de Nietzsche. (Se o telefonema era anônimo, como eu sei que era Nietzsche? Aquela bigode não engana.) O pior ataque, porém, recebi de Fernando Pessoa. Vocês não imaginam do que um português com o ego ferido é capaz.
Pessoa tem redigido com nomes falsos, cartas aos mais variados jornais da Europa difamando meu nome e meu blog. Felizmente estes meios de comunicação não me conhecem e a repercussão não tem sido abundante. Porém, eu os conheço e fiquei profundamente magoado.
Um dos motivos que me torna superior a Fernando Pessoa – e creio que é por isso que este homem tem tanto me incomodado - é que posso provar que realmente tenho vários eus. Fernando dizia que era múltiplo, mas eram somente palavras. Cadê as fotos, com Fernando lado a lado com Fernando? Ou mais: Alberto Caiero possuía RG? Álvaro de Campos já foi visto estressado no meio do trânsito? Por um acaso o médico Ricardo Reis tinha pacientes?
Pior que isso, todos tinham a mesma caligrafia - aqui sou ainda mais superior, pois ninguém pode comprovar nas entrevistas comigo mesmo que as caligrafias são diferentes, pois são todas digitadas.
É por isso que trago uma foto que comprova a minha total multiplicidade. Era um sábado ensolarado quando me reuni comigo quatro vezes para controlar um barco em alta velocidade. Peço, pois, ao senhor Fernando Pessoa que pare com sua má e falsa literatura, ultrapassada por mim. E também que não me importune mais nos jornais europeus - pois ele não faz ideia do quanto custa importar tantos jornais.
Ps: Aos que me acusam de foto montagem, sugiro que parem de ler textos e poesias do senhor Fernando Pessoa.
Seção:
Crônicas
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Nossas tias
Não é a bomba atômica, o grande mal da humanidade. Nem as abelhas - mas disso, você já sabia. O grande mal da humanidade é o bom senso.
Quando nossas tias discutem conosco, parece que há sempre uma contagem regressiva até que elas peçam que utilizemos o bom senso. "Use o bom senso, meu sobrinho, que não terá mais dúvidas", é o que elas dizem - ou quando não dizem, pensam. Ou seja. Enquanto nossas tias nos oferecem grato amor, elas estão na verdade correndo atrás do grande mal da humanidade!
Isto ocorre sempre quando elas dizem: "Diz com quem andas que te direi quem és". Esta frase, típica do bom senso, é de uma mentira singular.
Como é possível descobrir quem a pessoa é sabendo somente com quem ela anda? Apenas uma pequena parte da população mundial – as ricas e as famosas - tem os amigos de acordo com a própria personalidade. Estas pessoas são as especiais, que têm a possibilidade de escolher os amigos. Elas, sim, têm nos amigos uma indicação do que são.
Mas ao resto da humanidade, restam os amigos que a vida, ou o acaso, oferece. Estas pessoas não escolhem os amigos, senão os toleram.
Se você disser que anda com Sidney Magal, Robson Martins e Péricles Chamusca, tudo o que posso dizer é que você anda com Sidney Magal, Robson Martins e Péricles Chamusca.
O certo, então, seria: "Diga com quem anda que te direi quem são"!
Quando nossas tias discutem conosco, parece que há sempre uma contagem regressiva até que elas peçam que utilizemos o bom senso. "Use o bom senso, meu sobrinho, que não terá mais dúvidas", é o que elas dizem - ou quando não dizem, pensam. Ou seja. Enquanto nossas tias nos oferecem grato amor, elas estão na verdade correndo atrás do grande mal da humanidade!
Isto ocorre sempre quando elas dizem: "Diz com quem andas que te direi quem és". Esta frase, típica do bom senso, é de uma mentira singular.
Como é possível descobrir quem a pessoa é sabendo somente com quem ela anda? Apenas uma pequena parte da população mundial – as ricas e as famosas - tem os amigos de acordo com a própria personalidade. Estas pessoas são as especiais, que têm a possibilidade de escolher os amigos. Elas, sim, têm nos amigos uma indicação do que são.
Mas ao resto da humanidade, restam os amigos que a vida, ou o acaso, oferece. Estas pessoas não escolhem os amigos, senão os toleram.
Se você disser que anda com Sidney Magal, Robson Martins e Péricles Chamusca, tudo o que posso dizer é que você anda com Sidney Magal, Robson Martins e Péricles Chamusca.
O certo, então, seria: "Diga com quem anda que te direi quem são"!
Seção:
Crônicas
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Einstein cumpre sua promessa
Atendi o telefone e uma voz cansada com o tempo me disse:
- André. Me dê o sinal de fax. Sim?
Desliguei sem prestar muita atenção e apertei o START do fax. Uma folha começou a ser impressa, e percebi que tinha grande importância. Ei-la:

Abaixo, havia o recado: "Não falei que daria Palmeiras? Pintei meu cabelo de verde conforme prometido. Abraço. A. Einstein"
Grande gênio. Verifiquei mais tarde que meu fax não imprime fotos coloridas. Mas isto é uma explicação que só Einstein nos poderia fornecer.
- André. Me dê o sinal de fax. Sim?
Desliguei sem prestar muita atenção e apertei o START do fax. Uma folha começou a ser impressa, e percebi que tinha grande importância. Ei-la:

Abaixo, havia o recado: "Não falei que daria Palmeiras? Pintei meu cabelo de verde conforme prometido. Abraço. A. Einstein"
Grande gênio. Verifiquei mais tarde que meu fax não imprime fotos coloridas. Mas isto é uma explicação que só Einstein nos poderia fornecer.
Seção:
Entrevistas com lideranças
Clássicos? Sei. - Drummond
Era uma segunda-feira chuvosa como a de hoje, quando Carlos Drummond de Andrade tocou à minha porta. Olhei pelo olho mágico e suspeitei que fosse o poeta. Mas precisei certificar-me, porque àquela época não era comum que gente importante deste tipo me procurasse. Também porque meu olho não distingue muito bem os velhos.
- Quem é?
- Sou eu - respondeu uma voz cansada. Drummond era genial, mas não era bom para coisas comuns e cotidianas, como uma pergunta corriqueira deste tipo.
- Eu quem?
- Ah, sim. O Drummond.
Abri a porta o mais rápido que pude. Que prazer, ajudar o poeta! Percebi, no entanto, que esta rapidez o assustou um pouco. Foi preciso um copo d’água para que se sentisse melhor e mais ambientado.
Conversamos sobre amenidades. Sobre as diferenças e semelhanças entre São Paulo e Minas, entre São Paulo e o Rio, e entre o Rio e Minas. Nada demais. No final, concluímos que as únicas diferenças dignas de menção eram que em Minas, o pão de queijo era preparado em casa, que no Rio tinha praia, e que em São Paulo não tinha praia nem pão de queijo - ou seja, esta cidade é um mal necessário.
Aproveitei que falamos em pão de queijo e o servi com um pão de queijo do dia de ontem, que para minha surpresa, o agradou.
- Está delicioso! É de ontem? Os pães de queijo ruins ficam melhores no dia seguinte. Ficam mais sequinhos.
Era, sim. Chegamos ao assunto principal. O assunto digno de movê-lo de Minas Gerais até minha casa.
- André, colega, preciso escrever uma poesia e estou sem assunto. Preciso que você me dê um tema!
Um tema? Na hora pensei em alguma guerra, em algum carro, em alguma coisa que me favorecesse.
- Palmeiras! Faça uma poesia sobre o Palmeiras.
- Eu não faria uma poesia de um time que não fosse meu.
- Então fale sobre pão de queijo, ué.
- Muito óbvio. Todo mundo já sabe que sou mineiro.
Foi então que eu disse, já sem paciência:
- Então olhe para minha cara e escreva o que lhe vier à cabeça!
- Tá bom.
Olhe olhava fixamente para mim, e fiquei um pouco constrangido. Pensei que fosse falar da cor dos meus olhos, ou da diferença de coloração que uma bochecha é capaz. Nada disso. Depois de cinco minutos:
- Posso recitar?
- Sim, sim. Pode.
- No meio do nariz tinha uma espinha
tinha uma espinha no meio do nariz
tinha uma espinha
no meio do nariz tinha uma espinha.
- Pare, pare! Pare, que não posso mais ouvir o que você acabou de escrever!
Se antes já estava envergonhado, agora fiquei mais envergonhado que criança feia. Era preciso algo que mudasse o assunto. A poesia era boa, mas o tema ruim. Neste momento, veio-me à cabeça um insight com destino à eternidade.
- Dirce! - era o nome de minha empregada. - Traga uma pedra!
- Quem é?
- Sou eu - respondeu uma voz cansada. Drummond era genial, mas não era bom para coisas comuns e cotidianas, como uma pergunta corriqueira deste tipo.
- Eu quem?
- Ah, sim. O Drummond.
Abri a porta o mais rápido que pude. Que prazer, ajudar o poeta! Percebi, no entanto, que esta rapidez o assustou um pouco. Foi preciso um copo d’água para que se sentisse melhor e mais ambientado.
Conversamos sobre amenidades. Sobre as diferenças e semelhanças entre São Paulo e Minas, entre São Paulo e o Rio, e entre o Rio e Minas. Nada demais. No final, concluímos que as únicas diferenças dignas de menção eram que em Minas, o pão de queijo era preparado em casa, que no Rio tinha praia, e que em São Paulo não tinha praia nem pão de queijo - ou seja, esta cidade é um mal necessário.
Aproveitei que falamos em pão de queijo e o servi com um pão de queijo do dia de ontem, que para minha surpresa, o agradou.
- Está delicioso! É de ontem? Os pães de queijo ruins ficam melhores no dia seguinte. Ficam mais sequinhos.
Era, sim. Chegamos ao assunto principal. O assunto digno de movê-lo de Minas Gerais até minha casa.
- André, colega, preciso escrever uma poesia e estou sem assunto. Preciso que você me dê um tema!
Um tema? Na hora pensei em alguma guerra, em algum carro, em alguma coisa que me favorecesse.
- Palmeiras! Faça uma poesia sobre o Palmeiras.
- Eu não faria uma poesia de um time que não fosse meu.
- Então fale sobre pão de queijo, ué.
- Muito óbvio. Todo mundo já sabe que sou mineiro.
Foi então que eu disse, já sem paciência:
- Então olhe para minha cara e escreva o que lhe vier à cabeça!
- Tá bom.
Olhe olhava fixamente para mim, e fiquei um pouco constrangido. Pensei que fosse falar da cor dos meus olhos, ou da diferença de coloração que uma bochecha é capaz. Nada disso. Depois de cinco minutos:
- Posso recitar?
- Sim, sim. Pode.
- No meio do nariz tinha uma espinha
tinha uma espinha no meio do nariz
tinha uma espinha
no meio do nariz tinha uma espinha.
- Pare, pare! Pare, que não posso mais ouvir o que você acabou de escrever!
Se antes já estava envergonhado, agora fiquei mais envergonhado que criança feia. Era preciso algo que mudasse o assunto. A poesia era boa, mas o tema ruim. Neste momento, veio-me à cabeça um insight com destino à eternidade.
- Dirce! - era o nome de minha empregada. - Traga uma pedra!
Seção:
Clássicos? Sei.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Einstein trombadinha

A série de entrevistas com lideranças mundiais está sendo uma grande sucesso. Percebi que o leitor gosta que eu tenha boas companhias, e que isso pode acrescentar bastante ao debate. Houve muitos questionamentos quando souberam que Obina entraria para a lista, mas cessaram todos após a entrevista, quando puderam perceber a capacidade intelectual deste homem e artilheiro.
Hoje, entrevistarei um gênio. Mas um gênio, gênio mesmo. É assustador ouvir a minha geração utilizando esta palavra. Usam gênio se referindo a um sujeito bom, a uma coisa legal, engraçada ou divertida. Ou seja, hoje em dia genial é fazer uma coisa muito boa. Só que genial é muito mais que isso. Genial é fazer o que ninguém fez, nem poderia imaginar. Genial é fazer mais do que se pensava que um ser humano poderia fazer.
Quando você for chamar alguém de gênio, tente comparar esta pessoa com gênios de outras épocas. Pense: Este sujeito inventou o pára-quedas? Inventou o avião? Intuiu a criação dos planetas? Descobriu que a Terra não é redonda?
Se sim, para pelo menos uma destas perguntas ou similares, a pessoas pode, sim, ser considerada genial. Caso contrário, ela só será muito legal - e olhe que isso já é uma grande coisa, pois a grande maioria das pessoas é composta de chatos irremediáveis!
Mas eu falava do convidado de hoje. Ele é inquestionavelmente um gênio, é alemão e parece meio louco. É o tipo de sujeito referência, que simboliza o ápice da inteligência humana. Não é Obina, não é Obama, muito menos sou eu. Trata-se, é claro, de Albert Einstein.
- Einstein. Olá!
- Olá, meu chapa. Tudo em cima?
Einstein me recebeu em sua casa no século XX. Nós nos encontramos no começo deste ano, aqui no século XXI, numa visita que ele concedeu a meu blog. A conversa foi a seguinte:
- Olá, André! Permita-me apresentar. Meu nome é Albert Einstein, e sou um cientista que viveu há muito tempo. Passei anos pegando elevadores rápidos para avançar no tempo, poder encontrá-lo e ler seu blog. É um grande prazer conhecê-lo.
Caramba, eu pensei, o Einstein veio até aqui só para me conhecer!
- Oi, Einstein! Eu já ouvi falar de você. Vamos conversar. Você veio de muito longe. Deve estar com sede!
- Estou, sim! Muita sede. Você teria uma água tônica?
Deveria desconfiar. Bebida de velho.
- Ter, não tenho. Mas vamos até ali comprar uma bem geladinha.
Sentamo-nos no bar e conversamos, conversamos. O bom de conversar com uma pessoa inteligente e interessante é que ela faz aflorar o lado inteligente e interessante dos outros. Comigo não foi nada diferente. Falei sobre física, opinei sobre bioquímica, e até critiquei descobertas dele mesmo, Einstein.
- Entendo que você critique a bomba atômica, por exemplo. Mas eu só queria inventar o microondas! Aliás, como se escreve microondas na nova ortografia?
- Não sei, Einstein, não sei!
Achei esquisito que ele soubesse deste detalhe da língua portuguesa, já que teimava em falar em alemão. Eu, que não sei alemão, apenas intuí as palavras que ele disse. E vou dizer uma coisa. É muito difícil intuir o alemão, já que todas palavras parecem ter conotações nazistas.
Depois de muito papo, vi que ele tinha uma anotação esquisita: E=mc. Achei que aquilo não batia e opinei:
- Einstein. É ao quadrado. E, igual a MC ao quadrado.
Ele fez uma cara de espanto, fez rápidas contas no guardanapo e me olhou assustado:
- Você vai contar para alguém que foi você quem disse?
- Não, Albert. Fica tranquilo. Só tenta falar do meu blog para seus alunos, não sei.
- Falo. Falo, sim.
Neste momento ele alegou uma desculpa qualquer e disse que tinha que ir embora. Comprou várias águas tônicas geladas, e entrou no elevador. Agora teria que andar numa velocidade menor, para voltar ao tempo. Eu disse que tudo bem, e fui embora.
Desde então, me dediquei a fundo ao alemão. Eis uma língua muito chata. Parece que as palavras não fazem sentido ligando umas às outras, além de parecer que são somente ruídos e, como já disse, nazistas. Mas Einstein não era nazista, e para um melhor papo, era necessário aprender a língua maldita.
Foi hoje de manhã que ele veio, no mesmo elevador. Percebi que ele estava virado de costas, ajeitando o cabelo com o auxílio do espelho.
- Ué! Pensei que você fosse despenteado!
- E sou! É que dá muito trabalho despentear o cabelo.
- Perguntei mal. Eu pensei é que você fosse despenteado por desleixo!
- Bah! Imagine! Eu não sou um homem a frente do tempo? Então. Eu me antecipei à moda do século XX e tenho o cabelo como se tem hoje: comprido e despenteado.
- Caramba! Você é mesmo um gênio.
- Rapaz, mais sessenta anos pegando elevador rápido só para falar com você, então vamos falar de coisas mais importantes. Aliás, prefiro que seja lá em casa. Vamos entrar neste elevador para voltar ao tempo.
Posso dizer que voltar ao tempo é muito mais entediante do que parece. Imagine entrar em um elevador e esperar 60 anos para encontrar uma cidade antiga e sem graça? E depois mais 60 para voltar, porque o velho que estava contigo se esqueceu de comprar a água tônica. Faço grandes coisas por uma grande entrevista.
Chegando na casa de Einstein é que começamos a entrevista.
- Agora eu aprendi a falar alemão! – eu disse.
- Por que você não disse antes? Eu já sabia falar português! Só falei em alemão porque achei que você estivesse compreendendo.
Puta que pariu.
- Tudo bem. Vamos falar em português, mesmo. E aí, como vão as descobertas?
- Vão bem. Olha, você estava certo. É E=mc². Acho que minha maior invenção é sua!
- Não se preocupe. Prefiro que seja sua. Você é um homem tão bom.
- Obrigado. Mas eu cumpri a minha parte do trato. Escrevi na lousa que seu blog é o melhor do mundo. Pedi para um aluno tirar a foto no celular aqui.

- Mas esse celular é meu! Eu o perdi bem naquele dia em que nos encontramos!
- Você não perdeu. Eu peguei para que tirar essa foto. Ficou boa, não?
- Ficou, sim, seu trombadinha. Agora posso começar a gravar? Pensei em entrevistá-lo para a série de entrevistas com lideranças mundiais.
- Claro! Eu estava louco para entrar nessa lista. Agora resolveu escutar os mortos?
- É bom ouvir quem não pode mais dizer, não é? Você é morto, mas é muito inteligente. Creio que é melhor entrevistar você morto do que a Xuxa viva, por exemplo.
- Concordo, embora não conheça essa Xuxa. Porém posso presumir que ela não seja tão inteligente nem tenha coisas tão relevantes para dizer como eu tenho.
- É mesmo. Começa me dizendo uma frase de efeito.
- Se for para destruir, não destrua uma casa, um prédio, ou um bairro. Destrua logo uma cidade inteira!
- Opa! Assim começo a pensar que você quis criar a bomba atômica de propósito!
- Acho que você não ouviu direito. Eu disse se for para construir. Construir, não destruir.
- Sei... como você sabe que eu ouvi destruir, então?
- Pela cara que você fez na hora em que eu disse construir. Intui que você tivesse ouvido o contrário.
- Olha. Não tenho muito mais tempo. Me diz, por favor, quem ganha hoje. Palmeiras ou Sport?
- Palmeiras. E depois do jogo eu ainda pinto o cabelo de verde!
- Tá bom. Você vai de elevador?
- Vou, sim. Só vou comprar umas águas tônicas antes.
Demos abraços fortes e efusivos e nos despedimos.
Hoje, entrevistarei um gênio. Mas um gênio, gênio mesmo. É assustador ouvir a minha geração utilizando esta palavra. Usam gênio se referindo a um sujeito bom, a uma coisa legal, engraçada ou divertida. Ou seja, hoje em dia genial é fazer uma coisa muito boa. Só que genial é muito mais que isso. Genial é fazer o que ninguém fez, nem poderia imaginar. Genial é fazer mais do que se pensava que um ser humano poderia fazer.
Quando você for chamar alguém de gênio, tente comparar esta pessoa com gênios de outras épocas. Pense: Este sujeito inventou o pára-quedas? Inventou o avião? Intuiu a criação dos planetas? Descobriu que a Terra não é redonda?
Se sim, para pelo menos uma destas perguntas ou similares, a pessoas pode, sim, ser considerada genial. Caso contrário, ela só será muito legal - e olhe que isso já é uma grande coisa, pois a grande maioria das pessoas é composta de chatos irremediáveis!
Mas eu falava do convidado de hoje. Ele é inquestionavelmente um gênio, é alemão e parece meio louco. É o tipo de sujeito referência, que simboliza o ápice da inteligência humana. Não é Obina, não é Obama, muito menos sou eu. Trata-se, é claro, de Albert Einstein.
- Einstein. Olá!
- Olá, meu chapa. Tudo em cima?
Einstein me recebeu em sua casa no século XX. Nós nos encontramos no começo deste ano, aqui no século XXI, numa visita que ele concedeu a meu blog. A conversa foi a seguinte:
- Olá, André! Permita-me apresentar. Meu nome é Albert Einstein, e sou um cientista que viveu há muito tempo. Passei anos pegando elevadores rápidos para avançar no tempo, poder encontrá-lo e ler seu blog. É um grande prazer conhecê-lo.
Caramba, eu pensei, o Einstein veio até aqui só para me conhecer!
- Oi, Einstein! Eu já ouvi falar de você. Vamos conversar. Você veio de muito longe. Deve estar com sede!
- Estou, sim! Muita sede. Você teria uma água tônica?
Deveria desconfiar. Bebida de velho.
- Ter, não tenho. Mas vamos até ali comprar uma bem geladinha.
Sentamo-nos no bar e conversamos, conversamos. O bom de conversar com uma pessoa inteligente e interessante é que ela faz aflorar o lado inteligente e interessante dos outros. Comigo não foi nada diferente. Falei sobre física, opinei sobre bioquímica, e até critiquei descobertas dele mesmo, Einstein.
- Entendo que você critique a bomba atômica, por exemplo. Mas eu só queria inventar o microondas! Aliás, como se escreve microondas na nova ortografia?
- Não sei, Einstein, não sei!
Achei esquisito que ele soubesse deste detalhe da língua portuguesa, já que teimava em falar em alemão. Eu, que não sei alemão, apenas intuí as palavras que ele disse. E vou dizer uma coisa. É muito difícil intuir o alemão, já que todas palavras parecem ter conotações nazistas.
Depois de muito papo, vi que ele tinha uma anotação esquisita: E=mc. Achei que aquilo não batia e opinei:
- Einstein. É ao quadrado. E, igual a MC ao quadrado.
Ele fez uma cara de espanto, fez rápidas contas no guardanapo e me olhou assustado:
- Você vai contar para alguém que foi você quem disse?
- Não, Albert. Fica tranquilo. Só tenta falar do meu blog para seus alunos, não sei.
- Falo. Falo, sim.
Neste momento ele alegou uma desculpa qualquer e disse que tinha que ir embora. Comprou várias águas tônicas geladas, e entrou no elevador. Agora teria que andar numa velocidade menor, para voltar ao tempo. Eu disse que tudo bem, e fui embora.
Desde então, me dediquei a fundo ao alemão. Eis uma língua muito chata. Parece que as palavras não fazem sentido ligando umas às outras, além de parecer que são somente ruídos e, como já disse, nazistas. Mas Einstein não era nazista, e para um melhor papo, era necessário aprender a língua maldita.
Foi hoje de manhã que ele veio, no mesmo elevador. Percebi que ele estava virado de costas, ajeitando o cabelo com o auxílio do espelho.
- Ué! Pensei que você fosse despenteado!
- E sou! É que dá muito trabalho despentear o cabelo.
- Perguntei mal. Eu pensei é que você fosse despenteado por desleixo!
- Bah! Imagine! Eu não sou um homem a frente do tempo? Então. Eu me antecipei à moda do século XX e tenho o cabelo como se tem hoje: comprido e despenteado.
- Caramba! Você é mesmo um gênio.
- Rapaz, mais sessenta anos pegando elevador rápido só para falar com você, então vamos falar de coisas mais importantes. Aliás, prefiro que seja lá em casa. Vamos entrar neste elevador para voltar ao tempo.
Posso dizer que voltar ao tempo é muito mais entediante do que parece. Imagine entrar em um elevador e esperar 60 anos para encontrar uma cidade antiga e sem graça? E depois mais 60 para voltar, porque o velho que estava contigo se esqueceu de comprar a água tônica. Faço grandes coisas por uma grande entrevista.
Chegando na casa de Einstein é que começamos a entrevista.
- Agora eu aprendi a falar alemão! – eu disse.
- Por que você não disse antes? Eu já sabia falar português! Só falei em alemão porque achei que você estivesse compreendendo.
Puta que pariu.
- Tudo bem. Vamos falar em português, mesmo. E aí, como vão as descobertas?
- Vão bem. Olha, você estava certo. É E=mc². Acho que minha maior invenção é sua!
- Não se preocupe. Prefiro que seja sua. Você é um homem tão bom.
- Obrigado. Mas eu cumpri a minha parte do trato. Escrevi na lousa que seu blog é o melhor do mundo. Pedi para um aluno tirar a foto no celular aqui.

- Mas esse celular é meu! Eu o perdi bem naquele dia em que nos encontramos!
- Você não perdeu. Eu peguei para que tirar essa foto. Ficou boa, não?
- Ficou, sim, seu trombadinha. Agora posso começar a gravar? Pensei em entrevistá-lo para a série de entrevistas com lideranças mundiais.
- Claro! Eu estava louco para entrar nessa lista. Agora resolveu escutar os mortos?
- É bom ouvir quem não pode mais dizer, não é? Você é morto, mas é muito inteligente. Creio que é melhor entrevistar você morto do que a Xuxa viva, por exemplo.
- Concordo, embora não conheça essa Xuxa. Porém posso presumir que ela não seja tão inteligente nem tenha coisas tão relevantes para dizer como eu tenho.
- É mesmo. Começa me dizendo uma frase de efeito.
- Se for para destruir, não destrua uma casa, um prédio, ou um bairro. Destrua logo uma cidade inteira!
- Opa! Assim começo a pensar que você quis criar a bomba atômica de propósito!
- Acho que você não ouviu direito. Eu disse se for para construir. Construir, não destruir.
- Sei... como você sabe que eu ouvi destruir, então?
- Pela cara que você fez na hora em que eu disse construir. Intui que você tivesse ouvido o contrário.
- Olha. Não tenho muito mais tempo. Me diz, por favor, quem ganha hoje. Palmeiras ou Sport?
- Palmeiras. E depois do jogo eu ainda pinto o cabelo de verde!
- Tá bom. Você vai de elevador?
- Vou, sim. Só vou comprar umas águas tônicas antes.
Demos abraços fortes e efusivos e nos despedimos.
Seção:
Entrevistas com lideranças
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Funcionário do mês - Abril

Quando Joelma foi eleita a funcionária do mês, muitos foram os leitores que protestaram. Mal consegui entrar no prédio ENSVM, de tantos que eram os manifestantes. Tinha um que tive a impressão de que ele estava nu – uma pessoa que me acompanhava disse que ele não estava nu, a roupa dele que era bege.
Nas faixas, estava escrito sempre com algum erro de português que a música dela é ruim, as letras são mal feitas, a voz dela é insuportável e até, pasmem, que o loiro dela é tingido. Ao que eu responderia que os leitores costumam fazer comentários ruins, mal compostos e - ainda bem que não posso ouvi-los, mas se pudesse a voz deles seriam da mesma forma insuportáveis.
A diferença entre a Joelma e os leitores, é que a Joelma melhora o mundo, pelo menos para as pessoas que compram os CDs do Calypso e dançam daquele jeito. É por isso que ela recebeu o título de funcionária do mês.
Isto, porém, pode causar um problema a longo prazo. Deixo que Deus lhes explique:
"Você deve saber que para um relacionamento comprido se manter estável, é preciso que a mulher admire o homem. Mais que isso: É preciso que ela se sinta inferior ao homem. Assim, as coisas ficam na ordem certa: A mulher se sente presa ao homem por ser dependente dele, e o homem se sente preso à mulher por ela ser dependente dele.
É esta ordem que o título de Joelma poderia abalar. Se Chimbinha não ganhasse o título de funcionário do mês, Joelma se veria superior a ele. O casamento poderia acabar, e pior, a banda também.
O fim do Calypso seria ruim para os que gostam e para os que não gostam da banda. Os dois teriam carreira solo, para desespero dos que não gostam, pois teriam que aturar o dobro do que aturam atualmente. Aqueles que gostam de Calypso, ouviriam duas bandas de que gostam, mas que nunca seriam tão boas quanto Calypso.
Parabéns a Chimbinha, o funcionário deste mês!"
Nas faixas, estava escrito sempre com algum erro de português que a música dela é ruim, as letras são mal feitas, a voz dela é insuportável e até, pasmem, que o loiro dela é tingido. Ao que eu responderia que os leitores costumam fazer comentários ruins, mal compostos e - ainda bem que não posso ouvi-los, mas se pudesse a voz deles seriam da mesma forma insuportáveis.
A diferença entre a Joelma e os leitores, é que a Joelma melhora o mundo, pelo menos para as pessoas que compram os CDs do Calypso e dançam daquele jeito. É por isso que ela recebeu o título de funcionária do mês.
Isto, porém, pode causar um problema a longo prazo. Deixo que Deus lhes explique:
"Você deve saber que para um relacionamento comprido se manter estável, é preciso que a mulher admire o homem. Mais que isso: É preciso que ela se sinta inferior ao homem. Assim, as coisas ficam na ordem certa: A mulher se sente presa ao homem por ser dependente dele, e o homem se sente preso à mulher por ela ser dependente dele.
É esta ordem que o título de Joelma poderia abalar. Se Chimbinha não ganhasse o título de funcionário do mês, Joelma se veria superior a ele. O casamento poderia acabar, e pior, a banda também.
O fim do Calypso seria ruim para os que gostam e para os que não gostam da banda. Os dois teriam carreira solo, para desespero dos que não gostam, pois teriam que aturar o dobro do que aturam atualmente. Aqueles que gostam de Calypso, ouviriam duas bandas de que gostam, mas que nunca seriam tão boas quanto Calypso.
Parabéns a Chimbinha, o funcionário deste mês!"
Seção:
Funcionário do mês
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Trecho de um livro gay que nunca foi escrito
"Quando comprei a primeira revista G, não esperava que fosse comprar a segunda, a terceira e todas as outras seguintes. E quando comprei a última, tinha plena certeza de que seria a última, e que precisaria jogar todas fora.
Alguém acreditaria se eu dissesse que não sou homossexual? Eu não sou homossexual. Comprar a revista G, não quer dizer se excitar com ela. Tenho um apreço pela estética masculina que não tenho pela feminina. É isso: Apreço é uma coisa, atração sexual é outra.
Não se foram só as revistas. A cama de solteiro, o raque tridimensional das Casas Bahia, a tevê, aqueles talheres bregas, os quadros de infância, os portas-retratos com fotos de gente que nem conheço, o sofá da sala e o fogão.
O fogão foi por engano."
Alguém acreditaria se eu dissesse que não sou homossexual? Eu não sou homossexual. Comprar a revista G, não quer dizer se excitar com ela. Tenho um apreço pela estética masculina que não tenho pela feminina. É isso: Apreço é uma coisa, atração sexual é outra.
Não se foram só as revistas. A cama de solteiro, o raque tridimensional das Casas Bahia, a tevê, aqueles talheres bregas, os quadros de infância, os portas-retratos com fotos de gente que nem conheço, o sofá da sala e o fogão.
O fogão foi por engano."
Seção:
Crônicas
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Regra de convivência #36 - Dispõe sobre a necessidade de se abreviar sobrenomes pornográficos
Uma das maiores desculpas que as crianças dão para que possam fazer o que quiserem, é dizer que não pediram para nascer. Elas dizem isso porque querem fazer várias coisas que os adultos não deixam. O engraçado é que depois vão crescer, e poderão realizar tudo a que foram impedidos, mas não desejarão mais. Não sei por quê.
Essas crianças não entendem que - tudo bem, não pediram para nascer - mas recebem diversas outras vantagens que também não pediram. Quando a mãe faz bife à milanesa, ninguém deixa de comer por que não pediu. E quando têm escolas boas, não precisam trabalhar, podem ir ao médico à primeira necessidade, não reclamam de nada.
O motivo disso é que ninguém reclama de herança boa, só de herança ruim. Depois de algum tempo, se aprende que pode mostrar a herança boa, e que não se pode reclamar da herança ruim, porque isso seria uma forma de exibi-la ao público.
Quem não sabe disso é que não abrevia os sobrenomes pornográficos. Ninguém gosta de ter Pinto no sobrenome, mas é uma herança e temos que aceitá-la. Aceitá-la, não exibi-la. A simples exibição do sobrenome ruim pode ser comparada ao elogio da pobreza, da fome ou até mesmo da feiura.
Essas crianças não entendem que - tudo bem, não pediram para nascer - mas recebem diversas outras vantagens que também não pediram. Quando a mãe faz bife à milanesa, ninguém deixa de comer por que não pediu. E quando têm escolas boas, não precisam trabalhar, podem ir ao médico à primeira necessidade, não reclamam de nada.
O motivo disso é que ninguém reclama de herança boa, só de herança ruim. Depois de algum tempo, se aprende que pode mostrar a herança boa, e que não se pode reclamar da herança ruim, porque isso seria uma forma de exibi-la ao público.
Quem não sabe disso é que não abrevia os sobrenomes pornográficos. Ninguém gosta de ter Pinto no sobrenome, mas é uma herança e temos que aceitá-la. Aceitá-la, não exibi-la. A simples exibição do sobrenome ruim pode ser comparada ao elogio da pobreza, da fome ou até mesmo da feiura.
Seção:
Regras de convivência
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Pergunta do leitor (com réplica!)
O leitor da internet é um ser mui sensível. Ele, muito criticado por não perceber ironias ou outras minúcias textuais, é capaz de detectar no primeiro olhar qualquer alteração na paginação de um site! Quando uma simples figura deste espaço é modificada na última linha, chego a receber centenas de e-mails com protestos efusivos. Há quem ameace deixar de ler o site. A estes respondo:
- Obrigado. Não esperava que esta alteração conquistasse tamanho sucesso.
Há cerca de três semanas, modifiquei a parte direita deste site, e onde estava a minha descrição, há diversas outras. É sobre isto que trata a pergunta da vez.
Pergunta: Por que você mudou aquilo tudo? Ficou um horror.
Resposta: Meu grande amigo leitor.
Admito que as mudanças neste blog tiraram dele um pouco de sua vasta beleza. Quem digitava http://www.eunaosouvirgemmaria.com/, ou procurasse pornografia com a Virgem Maria no google e sem querer entrasse aqui, se deparava com um belíssimo blog muito convidativo à leitura. Logo de antemão, já era possível saber quem criava este espaço, as críticas que já recebeu em toda imprensa mundial, e-mail para contato e outras coisas mais. Era um exemplo de paginação!
Eis o primeiro grande problema. Exemplo é uma coisa que serve para copiar sem ser notado. E me dói os rins quando vejo que alguém copiou o que tanto me custou para criar. É um certo ciúmes que tenho do texto. É este tipo de gente que pensa que a grande coisa de se escrever são as glórias do elogio, não os orgasmos criativos.
Leitor querido, era preciso mudar! Para isso, tive a ideia súbita de situar quem chegasse neste blog. A parte direita virou como um filme, que no começo a Terra é vista de longe, então a câmera vai se aproximando, aproximando, aproximando, quando, ufa!, chega no criador de toda a história. É exatamente isto que acontece neste espaço.
Fora isso, o blog virou menos exibicionista. Minha assinatura não é mais tão evidente. Porque o importante são os textos.
A ausência da beleza anterior é, sim, aparente. Mas o blog ficou melhor. É como um sujeito lindo que fica menos bonito quando põe óculos. Seria melhor que ele não precisasse usar óculos. Mas é algo inevitável.
Sim?
Abraços aconchegantes,
André
Réplica do leitor: Entendi sua resposta. Mas o sujeito do exemplo final não precisa necessariamente usar óculos. Existe lentes de contato hoje em dia.
Tréplica: Leitor perspicaz,
Não quis mencionar, mas o sujeito em questão morre de aflição de lentes de contato!
Obrigado,
André
- Obrigado. Não esperava que esta alteração conquistasse tamanho sucesso.
Há cerca de três semanas, modifiquei a parte direita deste site, e onde estava a minha descrição, há diversas outras. É sobre isto que trata a pergunta da vez.
Pergunta: Por que você mudou aquilo tudo? Ficou um horror.
Resposta: Meu grande amigo leitor.
Admito que as mudanças neste blog tiraram dele um pouco de sua vasta beleza. Quem digitava http://www.eunaosouvirgemmaria.com/, ou procurasse pornografia com a Virgem Maria no google e sem querer entrasse aqui, se deparava com um belíssimo blog muito convidativo à leitura. Logo de antemão, já era possível saber quem criava este espaço, as críticas que já recebeu em toda imprensa mundial, e-mail para contato e outras coisas mais. Era um exemplo de paginação!
Eis o primeiro grande problema. Exemplo é uma coisa que serve para copiar sem ser notado. E me dói os rins quando vejo que alguém copiou o que tanto me custou para criar. É um certo ciúmes que tenho do texto. É este tipo de gente que pensa que a grande coisa de se escrever são as glórias do elogio, não os orgasmos criativos.
Leitor querido, era preciso mudar! Para isso, tive a ideia súbita de situar quem chegasse neste blog. A parte direita virou como um filme, que no começo a Terra é vista de longe, então a câmera vai se aproximando, aproximando, aproximando, quando, ufa!, chega no criador de toda a história. É exatamente isto que acontece neste espaço.
Fora isso, o blog virou menos exibicionista. Minha assinatura não é mais tão evidente. Porque o importante são os textos.
A ausência da beleza anterior é, sim, aparente. Mas o blog ficou melhor. É como um sujeito lindo que fica menos bonito quando põe óculos. Seria melhor que ele não precisasse usar óculos. Mas é algo inevitável.
Sim?
Abraços aconchegantes,
André
Réplica do leitor: Entendi sua resposta. Mas o sujeito do exemplo final não precisa necessariamente usar óculos. Existe lentes de contato hoje em dia.
Tréplica: Leitor perspicaz,
Não quis mencionar, mas o sujeito em questão morre de aflição de lentes de contato!
Obrigado,
André
Seção:
Mete a boca oca
Carla Perez,
Você deve estranhar deveras por receber um e-mail de uma pessoa séria como eu. Porque sempre que a senhora é lembrada, é para falar de coisas degradantes, como pornografia, nádegas e a objetização da mulher - convenhamos que não há gente muita séria tratando estes assuntos.
O enfoque deste comunicado é outro. Venho falar, pois, sobre suas façanhas. Sobre como alguém que todos sabiam estar no fundo do poço, sai dele e, sem se limpar, começa a frequentar outros lugares.
Eis uma coisa que pouca gente faz: se limpar ao sair do fundo do poço. Parece que o importante é sair e voltar a fazer o que se fazia antes. É um grande engano. No fundo do poço há ratos, baratas e água muito suja. Provavelmente você que esteve lá, deve saber disso muito melhor que eu. Mas não parece!
Carla, assim que você saiu do fundo do poço passou a frequentar igrejas! Agora elas estão todas sujas nos lugares em que você sentou. Como sei disso? Examinei o formato da sujeira que as nádegas formaram e comparei com as fotos das três vezes em que você posou para a playboy e não havia dúvida. Falei com um masturbador especialista em sexo anal e ele confirmou a verdade irrefutável.
Então a aconselho: Lave-se. Depois, pode ir aonde quiser.
Abraços efusivos,
André
O enfoque deste comunicado é outro. Venho falar, pois, sobre suas façanhas. Sobre como alguém que todos sabiam estar no fundo do poço, sai dele e, sem se limpar, começa a frequentar outros lugares.
Eis uma coisa que pouca gente faz: se limpar ao sair do fundo do poço. Parece que o importante é sair e voltar a fazer o que se fazia antes. É um grande engano. No fundo do poço há ratos, baratas e água muito suja. Provavelmente você que esteve lá, deve saber disso muito melhor que eu. Mas não parece!
Carla, assim que você saiu do fundo do poço passou a frequentar igrejas! Agora elas estão todas sujas nos lugares em que você sentou. Como sei disso? Examinei o formato da sujeira que as nádegas formaram e comparei com as fotos das três vezes em que você posou para a playboy e não havia dúvida. Falei com um masturbador especialista em sexo anal e ele confirmou a verdade irrefutável.
Então a aconselho: Lave-se. Depois, pode ir aonde quiser.
Abraços efusivos,
André
Seção:
Cartas
Deu, o singular de Deus;
não são poucas as pessoas que procuram Deu para pedir conselhos ou simples palpites. Melhor palpites:
- Conselhos dão os grandes sábios ou os grandes fanfarrões. Eu, Deu, prefiro dar palpite, para ninguém vir cobrar depois!
Não são poucas as vezes também que os palpites dão certo, por isso há quem diga que o mais correto seria dizer previsões. Mas Deu prefere manter a cautela:
- É por isso que dão certo, porque são simples palpites. Tem gente que diz que eu não poderia chamá-los de palpites, já que como é grande a percentagem de acerto, deveria ter outro nome. A eles, os matemáticos, eu digo que não há base científica ou teórica nenhuma nisso tudo para se ter outro nome que não palpites. Outro dia alguém me perguntou o que poderia fazer para melhorar o mundo, e eu lhe disse para comprar mais melancias, simplesmente porque eu estava com vontade de melancias naquele instante. Não é que esse sujeito é hoje o maior plantador de melancias do mundo?!
Houve um caso peculiar que aqui cabe menção.
Tavares, um sujeito vindo do norte da Itália, muito procurou Deu. Ele precisava de uma previsão que, segundo ele, daria conclusão à sua vida. Eu disse que segundo ele, porque eu não saberia explicar o que isso significa, caso o leitor depois perguntasse. Tavares tentou por diversas vezes marcar hora com Deu, nunca obtendo sucesso, achando que a secretária de Deu não queria facilitar. Somente numa terça-feira, enquanto saía do mercado, foi que encontrou Deu, que foi logo dizendo:
- Sei bem que te chama Tavares, assim como sei que queres falar comigo. Não marquei hora porque não queria falar com você por um motivo muito particular. Rapaz, eu não queria estar na tua pele!
- Por quê, meu Deu? Por quê?
- Porque tens micose!
- Conselhos dão os grandes sábios ou os grandes fanfarrões. Eu, Deu, prefiro dar palpite, para ninguém vir cobrar depois!
Não são poucas as vezes também que os palpites dão certo, por isso há quem diga que o mais correto seria dizer previsões. Mas Deu prefere manter a cautela:
- É por isso que dão certo, porque são simples palpites. Tem gente que diz que eu não poderia chamá-los de palpites, já que como é grande a percentagem de acerto, deveria ter outro nome. A eles, os matemáticos, eu digo que não há base científica ou teórica nenhuma nisso tudo para se ter outro nome que não palpites. Outro dia alguém me perguntou o que poderia fazer para melhorar o mundo, e eu lhe disse para comprar mais melancias, simplesmente porque eu estava com vontade de melancias naquele instante. Não é que esse sujeito é hoje o maior plantador de melancias do mundo?!
Houve um caso peculiar que aqui cabe menção.
Tavares, um sujeito vindo do norte da Itália, muito procurou Deu. Ele precisava de uma previsão que, segundo ele, daria conclusão à sua vida. Eu disse que segundo ele, porque eu não saberia explicar o que isso significa, caso o leitor depois perguntasse. Tavares tentou por diversas vezes marcar hora com Deu, nunca obtendo sucesso, achando que a secretária de Deu não queria facilitar. Somente numa terça-feira, enquanto saía do mercado, foi que encontrou Deu, que foi logo dizendo:
- Sei bem que te chama Tavares, assim como sei que queres falar comigo. Não marquei hora porque não queria falar com você por um motivo muito particular. Rapaz, eu não queria estar na tua pele!
- Por quê, meu Deu? Por quê?
- Porque tens micose!
Seção:
DEU - o singular de deus
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