sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Pergunta do aluno

Terça pela manhã, após tomar meu achocolatado em porções generosas, meu telefone tocou estridentemente. Claro que ele tocou como sempre toca, e não sei se por que era de manhã e eu estava mais sensível, ou se foi por puro pressentimento mesmo, era um toque estridente demais, desesperado demais.

Era de um aluno meu de Desaparecida do Norte.

Eu não gosto de receber telefonemas, mas este aluno é um caso específico. Pois ele se matriculou na faculdade na qual dou aula simplesmente por minha causa. Ele vem todas as terças-feiras presenciar minhas aulas e falta os outros dias justamente para reprovar o ano e poder assistir sempre minhas aulas. É uma grande pessoa.

Ele fez a seguinte pergunta:

Você tem alguma coisa edificante para me dizer nesta manhã de Terça-feira?

A minha resposta foi que sim, que realmente tinha uma coisa edificante para lhe dizer naquela terça-feira. Era uma coisa que mudaria a vida dele. Que teria influência em muitas horas semanais.

Eu disse para ele não me ligar nunca mais, e que também não fosse mais às minhas aulas. Porque parecia ser um enorme mal-amado. Para ele parar com aquele fanatismo, que estava me assustando!

E que cortasse o cabelo.

Na loja de armaduras

Era uma sexta-feira quando um cavaleiro do zodíaco entrou na loja de armaduras. Ele não desconfiou, mas todos tinham os olhos puxados. Inclusive ele. Eu também não acharia estranho, mas reparei no VT. Pensei:

- Esses japoneses dominaram mesmo o mundo!

Fora isso, nada de mais. Armadura do Seya, armadura do Shiriu. Quando um atendente chegou junto e perguntou:

- Como posso ajudá-lo?

Não sei se foi em grego ou em japonês. Contratei uma tradutora que sabia as duas línguas, e esqueci em qual que eles estavam falando. Ah, sim. A tradutora também falava português.

Ele respondeu:

- Estou procurando uma armadura que se adapte ao meu dia a dia. Que quando estiver frio, seja quente; que quando estiver calor, seja fria. Uma armadura que não atrapalhe no banheiro, e que eu possa colocar rapidamente de manhã. Ah! Importantíssimo. Uma que não pegue mancha muito fácil. Olha essa aqui. Estragou depois que eu comi macarrão na casa da minha mãe.

O atendente, muito solícito, disse que sabia do que ele estava precisando. Tratava-se da nova armadura dry fit, da Nike.

- Não gosto da Nike.

- Tem imitação da Adidas, quer dar uma olhadinha?

- Sim, sim.

Ele se encantou por aquelas armaduras que possuíam três faixas no ombro.

- Quero a marrom!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Aviso importante

Os servidores se assustaram pelo enorme aumento de acessos neste blog após sua última aparição em um programa de TV de alcance nacional. Antes acostumados a jogar paciência durante todo o expediente, agora têm que se esforçar para atender cada usuário de maneira convincente.

Eles pedem aumento de 53%, além de vale refeição e direitos trabalhistas. Mas já lhes avisei que aumento não se dá para anão, pois é descaracterizante.

Ah, sim. Eles são anões.

Eles muito bem compreenderam que a honra de trabalhar para este blog está acima de qualquer compensação financeira. Os serviços normalizar-se-ão nas próximas horas.

De nada, pelo aviso.

Eu não sou Virgem Maria - a novela - décimo sexto capítulo - segundo bloco

Voltamos a apresentar: Eu não sou Virgem Maria!

Dona Rodolpha, sempre com a Guinzo na mão, olha firme para Lúcio. Enquanto isso, tira um baton da bolsa e o corta em três fatias com a faca.

- Não se assusta, Lúcio?

- Um pouquinho, mamãe!

- Fofo.

Agora é a estátua de leão da sala que dona Rodolpha corta em fatias. Que faca poderosa! Mas que faca perigosa!

Lúcio pensa se é melhor sair correndo, e para sua sorte toca o telefone. Ele corre para atender, mas a mãe costa o fio com a faca!

- O que é isso, mamãe?

- Guinzo, meu filho. Essas facas são ótimas! - dona Rodolpha já baba um pouquinho na parte esquerda da boca.

Lúcio fechou o ânus que estava preparando para abrir para o Flavinho!

- Que indecência!

- De quê, mãe?

- Dessa novela!

- Ah, sim! Uma indecência! Tem motivo para falar do meu cuzinho?!

- Não tente me distrair, que eu estou muito concentrada! - E dona Rodolpha enfia a faca na parede e tira sem fazer o menor esforço.

- Mas essa faca é muito afiada, mamãe!

Lúcio pega a lista telefônica para se defender, e dona Rodolpha tenta cortar inteira, mas só consegue acertar uma folha.

Súbito, abaixa as calças do filho para cortar-lhe o pênis.

É claro que não conseguiu. O papel fez a faca perder o corte.

Eu não sou Virgem Maria - a novela - décimo sexto capítulo - primeiro bloco

Dona Rodolpha observa Lúcio distraído ao telefone:

- Tá bem, Flavinho. Fofo! Te ligo mais tarde. Beijo, tchau!

- Lúcio! Ao telefone com a Flavinha?

- Não, mamãe! Era o Flavinho!

Música de suspense profundo.

- Mas você nunca foi de mandar beijo ao Flavinho, meu filho! E fofo é mulher que chama homem! O que aconteceu, meu filho?!

- Está tudo escrito na carta! Ai, mãe, estou me sentindo tão bem assim!

- Pois eu não estou! - diz dona Rodolpha, e tira uma faca Guinzo na bolsa.

O suspense aumenta. Lúcio olha assustado para a mãe. E é nesse momento que ela percebe que o filho tinha passado uma base na unha.

- Não dá para continuar desse jeito, Lúcio! Eu não tenho sangue de barata!

- Se você não tem sangue de barata, mamãe, que faça uma transfusão!

Estamos apresentando: Eu não sou Virgem Maria!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Dia da Consciência Albina

Sabemos que os negros foram escravizados por 400 anos e, como se não bastasse, pagaram o que sofreram com o preconceito recebido depois. Daí criarem o Dia da Consciência Negra. É uma data belíssima, além de ser um belo soco nas bolas dos idiotas que ainda têm esse preconceito retardado.

O certo seria que no dia da Consciência Negra, os brancos trabalhassem dobrado. Mas os negros são gentis e não querem troco. Eles só querem que se lembrem muito bem do passado para poderem esquecê-lo tranqüilamente.

Eles não são os únicos que sofreram preconceito. Minha avó, por exemplo, sofreu preconceito, por isso criaram o Dia da Mulher, embora não seja feriado. Os índios também foram escravizados, e dia 19 de Abril é dia deles.

- E os albinos? - Perguntam os leitores desesperadamente.

Os albinos sofreram por todos os tempos, e não há uma data para lembrarmos deles.

Há milhares de anos, têm recebido preconceito do Sol, que os pune com muito mais rigor do que pune os outros. E os outros o punem por isso, em dobro!

Albino não pode ser carteiro, não pode ser juiz de futebol, não pode ser jogador de futebol, não pode ir ao parque com a namorada! Albino não pode nada antes das 18, nada que seja fora de casa!

Criemos o dia da Consciência Albina. Sugiro a data no solstício de verão.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Regime

Para o café da manhã

Compre duas dúzias de chocolate calórico, cinco caixas de macarrão espaguete, três croaçãs de chocolate, Coca-Cola (não pode ser light) 2 litros e sete farias de filé. Coma alface.

Para o almoço

Vá ao armário, veja as duas dúzias de chocolate calórico, as cinco caixas de macarrão espaguete, os três croaçãs de chocolate, a Coca-Cola (lembre-se, não pode ser light) 2 litros e as sete farias de filé, e coma o alface que restou do café da manhã.

Para a janta

Cozinhe todos os ingredientes que você comprou pela manhã, sirva a família inteira em generosas porções, e coma somente alface.

Eu não sou virgem, Maria! - a novela - décimo quinto capítulo

Dona Rodolpha estranhou o cheiro de café às 7 horas da manhã em sua casa. Esse cheiro lhe era comum e ela não sentia desde que...

- NÃO PODE SER - ela pensou alto.

Desde que Lúcio foi passar uns tempos em Moscou. Quando dona Rodolpha sentiu essa cheiro pela última vez, Lúcio não era gay. Agora, é. Gay que nem os meninos que ela olhava feio, que nem os filhos das amigas que ela desprezava. Como aceitar que o menino para quem ela reservava os melhores olhares e os melhores humores era gay?

- Oi, mami! - disse Lúcio com uma pulseira rosa. E pela primeira vez a chamou de mami.

- Com quem você deseja falar, Lúcio?

- Com você, mami!

- Eu sou sua mãe. Sua mami deve ser outra pessoa. Como o senhor está?

- Sem essa, mami! Agora você é minha mami!

Dona Rodolpha inventou que precisava comprar café.

- Mas já tem café, mami! Eu que fiz.

- Não é café. Eu disse bala de goma.

Foi embora para fugir do filho.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Pequenas causas, grandes discursos #3

Caro Cobrador,

Você deve, como ninguém, conhecer o povo brasileiro.

Conhece as madames que por aqui passam com medo de se sujar na catraca; conhece as crianças de sete anos que fingem ter menos que três para não pagar a passagem; as senhoras que não deveriam sair de casa e lotam ainda mais o ônibus lotado; os assaltantes que por ventura te roubam e arruínam seu trabalho do dia inteiro.

Por isso deve saber que somos um povo heterogêneo, mas semelhante em uma coisa: temos todos menos de dois metros e cinqüenta e seis. Até os albinos, meu amigo cobrador, não têm essa altura. Imagine como seria ruim não poder pegar sol e nunca caber embaixo de um guarda-sol?

Seria pedir demais, pois, que tenha troco para dez?

Se não tiver, eu desço no próximo ponto. Mas sempre com a certeza e a esperança de que no próximo ônibus haverá um cobrador de notas pródigas e miúdas que me sirvam de troco.

Tenha um bom dia.

Eu não sou Virgem Maria! - a novela - décimo quarto capítulo

Quem olhava para Lúcio achava que ele não estava bem. E tinha razão.

O rapaz pegou herpes peniana quanto copulou com uma russa que possuía herpes vaginal, perdeu a matrícula da faculdade, brigou feio com a mãe, raspou o carro numa lombada e ainda foi fotografado enquanto balançava o pênis após urinar em um mijador do shopping.

Esses quinze dias sem novela arruinaram mesmo a vida do jovem moço. Principalmente porque não recebeu salário.

Ele recebe um telefonema e vai correndo atender.

- Alô?

Lúcio, sou eu.

- Eu, quem?

O André, que escreve a novela.

- Fala, André! Nossa, eu precisava muito falar com você!

Por quê? O que aconteceu?

- Bixo, não bastasse a herpes peniana que contraí após copular com uma russa que possuía herpes vaginal, perdi a matrícula da facul, briguei feio com a mamãe, raspei a caranga numa lombada e ainda fui fotografado balançando a piroca depois de urinar no shopping!

Quanta desgraça! Mas eu já sabia de tudo. Fica tranqüilo, que a novela vai voltar. E continua rezando para mim, ok?

- Beleza! Tem como você me adiantar cinco mangos?

Tem, sim. Aqui, ó.

- Brigado. Valeu.

Sigam-me os bons

Mas mantenham uma certa distância.

Tudo bem que este blog é um sucesso nacional; que entre mais gente nele do que em outros blogs meus famosos; que este design é atraente e ao mesmo tempo inovador; que há notícias de que até ovelhas têm acompanhado com certa regularidade; que a propaganda disfarçada no Orkut dê efeito assustador; que o nome é engraçado e contraditório; e que é sempre bom ter uma referência genial em tempos infrutíferos a genialidades.

Tudo bem.

Mas não me siga de tão perto. Me dá aflição.

Pergunta do leitor

Os leitores deste blog têm a diarréia humana como modelo de comportamento.

Na diarréia, basta apenas um pequeno cocô ser jogado para a privada, que o resto vai atrás; para os leitores deste blog, um único post sobre eles já desencadeia vários comentários pretensiosos, com o único fim de ser publicado aqui neste precioso espaço.

Este espaço não é papel higiênico, em que vocês podem sujar como bem entenderem, não! Não fosse minha moderação, e os leitores dominariam este blog como os franceses dominaram a Bastilha.

Pois um leitor enviou a seguinte pergunta: Você, por um acaso, possui bruchov?

Resposta: Não sei o que é isso.

Agradecimento

Este blog agradece à Revista Época pela 81ª colocação em sua lista de blogs publicada na semana passada.

O agradecimento veio por pura humildade e educação. Se a Época fosse filha Deste blog, tomaria um dura daquelas, pois não há nem no Brasil, quanto menos na China, blog de melhor qualidade que este.

A Diretoria

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pergunta do leitor

Muito bem veio a calhar a pergunta de um leitor em um comentário neste blog.

Que não se animem os leitores. Não comecem a comentar desenfreadamente, como se este fosse o motivo da existência deste blog.

Este blog existe para refletir a luz própria. Ele é mais importante do que eu, mais importante do que você, menos importante que Juliana. Mas nada é mais importante que Juliana.

O leitor me perguntou o seguinte: Como faço para ter um e-mail @eunaosouvirgemmaria.com?

Resposta: Para ter um e-mail @eunaosouvirgemmaria.com, há várias alternativas.

A primeira e mais plausível delas, é ser eu mesmo ou Juliana.

Se você for outra pessoa, a coisa começa a complicar. Tente ser meu pai, minha mãe ou meu irmão. Se não for um deles, falsifique um exame de DNA provando o parentesco e ganhe seu e-mail.

É claro que eu não vou considerá-lo meu pai ou minha mãe mesmo que você tenha me parido ou fornecido os espermatozóides. Mas forjar um exame já é uma grande coisa.

E se tudo isso não for de seu alcance, você pode fazer uma boa ação ao blog. Minha sugestão é gravar o hino em mp3.

Atenciosamente,

André Ursípedes

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Pergunta do leitor

O leitor André U., de São Paulo, capital, me envia uma pergunta não tão inteligente quanto curiosa.

Este deve ser do tipo de leitor que não só acompanha todos os escritos do mundo moderno, como reflete sobre eles e ainda emite alguns pensamentos. Trata-se de um exemplo de leitor. Queria que todos fossem como ele, mas ultimamente tem calhado de todos os leitores desse blog serem justamente ele. Uma questão semântica para ser resolvida.

É gramatical a pergunta que ele me envia, que com inteligência muito a saboreei.

Pergunta: André. Asteristico não pode. E Os terísticos? Estaria aí a concordância necessária para que o termo seja legítimo na língua?

Resposta: André, meu chapa,

Se pode, eu não sei, mas você está podendo.

É necessária muita inteligência e muito brilhantismo para pensar numa coisa como esta. Você me orgulha, rapaz.

Sua pergunta será enviada ao professor Pasquale, e assim que obtivermos resposta, publicaremos neste espaço tão precioso.

André

André Cintra respira sem a ajuda de aparelhos

Após passar a tarde trabalhando em São Paulo, André Cintra respira normalmente sem a ajuda de aparelhos.

A informação, logo que chegada, não surpreendeu a todos, que esperavam que André não precisasse de aparelhos para respirar. "Ele respira muito errado, faz um barulhão. Mas nunca chegou ao ponto de precisar de aparelhos", relata Juliana Ursípedes.

André nunca precisou de aparelhos para respirar, e quando pensa em respirar respira esquisito, mas não chega a ficar sem ar. "É que nessas coisas a gente não pode pensar. Tem que respirar e pronto. Assim", diz ele mesmo, respirando exageradamente bem.

André pretende continuar respirando normalmente até o final da noite, quando seu ritmo respiratório diminuirá como acontece com quem dorme.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Humildade

Quarta-feira passada, enquanto eu, Ewerton Clides, passava pelo viaduto, percebi um mendigo comendo um prato de comida que parecia muitíssimo saborosa. Perguntei-lhe:

- O senhor sabe quem sou eu?

Ele respondeu negativamente.

Faço isso comumente para exercitar minha humildade. Se bem que é muito bom que uma pessoa horrível daquela não me conheça.

Onde está Wally? #3

O Secretário da União informou na última terça a conceção de uma verba que visa indenizar os albinos por conta dos grandes raios solares que nosso país tropical lhes proporciona. "Ao todo são 365 dias por ano que os albinos não podem sair às ruas sem boné, protetor solar, ou sombrinha para uma proteção eficaz", informou o Secretário com sua pele queimada de sol.

Os albinos receberão cerca de 35 reais por semana, verba suficiente para lhes prover chapéu, protetor solar 56, e blusas de manga comprida que não sejam tão quentes. Javier Solaris, um albino de Ohio que vem ao Brasil para comemorar a medida, diz sem esconder a empolgação: "É um exemplo que o Brasil dá ao mundo. Posso dizer que todas os albinos do mundo gostariam de ser brasileiros."

Isto causa muita revolta, porém, a outros segmentos da sociedade. W., que não quis se identificar, tratou de revelar sua indignação: "Agora quem tem uma diferença cutânea receberá dinheiro para isso?! Creio então que deveremos cobrar os que têm pele resistente, pois gastam menos em protetor solar. Francamente!", diz, já exaltado.

Esta é a primeira medida do Ministro, que deseja presentear os anões com salto plataforma e pula-pula, além de aumentar as taxas nos giletes, para dificultar a proliferação de skinheads.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Pergunta do leitor - Dúvidas amorosas

Meus leitores me perdoem o clichê, mas o clichê é um vírus que envolve por vezes até os gênios mais geniosos e geniais como eu.

É que este blog inaugura a seção de dúvidas amorosas. Claro que vocês já viram esta seção em outros jornais, em outros blogs, em outras vidas, em outros países... Mas assim como vocês já viram novela na Globo e no SBT, e depois viram uma muito melhor neste blog, vocês lerão conselhos amorosos neste blog em um nível que jamais viram em suas vidas.

A primeira dúvida vem de Manaus, Brasil.

"André,

Desculpe incomodá-lo, mas sua ajuda se faz essencial para minha felicidade.

Estou apaixonada por um sujeito há três meses. Ele não dá bola para mim, mas também não sabe que o amo. Tenho dúvida se devo mostrar-lhe meus sentimentos, porque receio que ele seja metrossexual.

A minha dúvida é: - Metrossexualidade é uma espécie de homossexuaildade?

Meu nome é Maria Antonia Fernandes, mas peço encarecidamente que não me chame assim, mas de Pérola.

Agradecidamente,

Maria Antonia, a Pérola"

Resposta: Maria Antonia,

Eu a desculpo por me incomodar. Mas a chamo de Maria Antonia, porque não gosto definitivamente de receber ordens. Eu sou como a criança que estava em cima do telhado que pulou após a mãe dizer-lhe: - "Não Pula!"

Sua dúvida muito me agradou. Há tempos venho pensando este tema, e creio que estou pronto a lhe oferecer uma boa resposta.

Metrossexualidade não é uma espécie de homossexualidade, não. A metrossexualidade é uma homossexualidade avançada. Porque o metrossexual é o gay que não teve a macheza de se declarar homossexual.

Entende?

Acho que é melhor você tentar namorar outra pessoa. Caso este homem lhe seja muito necessário, tente pagá-lo, porque ele não vai desejá-la por outros métodos.

Mais alguma coisa?

André

Pergunta do leitor

Uma vez observei que uma madame bem cheirosa deu gorjeta pela primeira vez a um mendigo mal cheiroso.

Esta mesma madame passava todos os dias em frente ao mendigo sem deixar de lhe oferecer a careta mais feia que uma madame bonita como ela era capaz de fazer. Uma vez até disse:

- Ô, mendigo! Quer trabalhar na minha casa? Ah! Acho que você não pode! Acabei de lembrar que preencheram ontem a vaga de mendigo para o portão!

Era uma madame que compreendia toda sua superioridade e não fazia questão de escondê-la. Pois nesse dia ela deu gorjeta ao mendigo que desprezava.

Tem dias que, sem nenhuma explicação ou interesse, a gente faz coisas boas a quem a gente mais despreza.

É o que acontecesse neste blog hoje. Estou cedendo o segundo post ao leitor.

Hoje, em um metrô, um leitor deste blog que não me conhecia chegou-se ao meu lado perguntando o seguinte:

Pergunta do leitor: André, você, que gosta tanto de futebol, por que não fala desse assunto no blog?

Resposta: Eu não falo de futebol por pura incapacidade.

Acho que para falar de um assunto é preciso sempre ter algo a acrescentar. Alguma visão diferente, mesmo que errada. Pois outro dia eu tentei escrever um texto de futebol e parei quando escrevi que a torcida era o décimo segundo jogador.

Os leitores

Há dois tipos de leitores deste blog.

O primeiro é de gente de um bom gosto direto. Que lê este blog para trocar idéias ruins por idéias boas; para reciclar a mente. Enfim, para se deparar com algo de superior na literatura universal. É essa gente que em outras épocas lia Shakespeare, Cervantes, Dostoievski, e que até o início deste ano não sabia o que fazer nas horas vagas, pois este blog ainda não existia.

O segundo tipo é de um bom gosto indireto. É de gente não necessariamente invejosa que entra para falar mal. Essa gente não tem a capacidade do telespectador. É gente recalcada que não aceita que nasceu para ser platéia de grandes astros da literatura universal, e vem aqui para falar mal. Porém, só por vir ao blog já é um bom gosto. Escolher bem o que falar mal já é bom gosto. Um bom gosto indireto.

Pois sábado um leitor do primeiro tipo me telefonou para dizer que gosta muito de meu blog e que eu estava de parabéns. Eis um defeito do primeiro tipo: achar que por gostar do blog é uma pessoa tão boa quanto eu.

Não é. Meu corte de cabelo é insuperável.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo terceiro capítulo - segundo bloco

Voltamos a apresentar: Eu não sou Virgem Maria!

Dona Rodolpha tem uma característica de que gosto muito. Quando ouve um defeito de alguém, sente a mesma sensação de que se alguém tivesse exaltado qualidades dela mesma!

É claro que isso é um defeito, e eis aqui algo incompreensível: por que em novelas sentimos raiva dos defeitos do personagens, se é por causa deles - os defeitos - que a novela fica boa? Imagine uma novela cheia de virtudes; uma novela cheia de Gabrielas Duartes sem nenhuma Renata Sorrah para tentar enfiar o facão na chata?! Uma novela boa não se faz com virtudes! Assim como um bom jogo de futebol, uma boa novela não ganharia o troféu fair-play.

Pois Dona Rodolpha viu uma garota linda na fila da loja. Primeiro pensou, "essa seria perfeita para meu filho!" Depois de pensar que o filho não seria perfeito para ela, tratou de procurar um belo defeito. E o encontrou por um relevo por cima da blusa. "Ela certamente deve ter uma verruga ali acima do peito!"

- Vem cá, bem! Viu, tem um creme muito bom para verruga. Chama-se Verrugol, você passa e ela sai!

Assim, sem motivo nenhum. Só para amolar a bonitona, já que o creme nem existe!

Estamos apresentando: Eu não sou Virgem Maria!

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo terceiro capítulo - primeiro bloco

De protesto por eu não mencioná-la por vários capítulos, Solange ficou sentada em seu quarto por sete dias seguidos. Virada para a parede. Sem tomar nada, sem beber uma golinho d´água, e o pior: sem fazer xixi. Qualquer um passa três horas sem comer. Mas passar três horas sem fazer xixi é de um esforço só comparável ao de três dias sem fazer cocô! Cruzes!

Mas esta é uma história ficcional. Os personagens só morrem quando eu percebo. E Solange é tão desprezível, que ficou todos esses dias sem comer e eu nem notei! Estava concentrado em dona Rodolpha.

Solange.

- Que é?

Joguei um pedaço de comida no outro canto, e ela saiu correndo, agora mortinha de fome. Pela pressa, ela tropeçou e bateu a cabeça no chão, e caída ficará mais sete dias. Agora em coma. Para não fazer mais protestos no meio da novela. É preciso manter os personagens com a rédea curta!

Estamos apresentando: Eu não sou Virgem Maria!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Politicamente correto

Um dos leitores de meu blog, o senhor André, enviou-me um e-mail muito gentil tratando de sua indignação por um shopping paulista cobrar o uso do banheiro público.

Pois não é somente o nome, o cabelo e a indumentária que me assemelha a este brilhante homem: eu também detesto quando cobram por gentilezas. Eis a carta que ele me enviou a partir de meu e-mail para o próprio e-mail. Genial, eu diria, sem cometer o menor exagero.

"Caro André,

Leio sempre o seu blog. concordo com tudo que aí está escrito, por isso também o considero o melhor blog do mundo. Pude acompanhar algumas das entrevistas que você fez consigo mesmo, e a genialidade lhe escorre dos poros com a naturalidade com que o suor do esportista lhe escorre da pele.

Quero relatar o que observei no último dia 12, no Shopping Light.

Antes de subir as escadas, me deu de repente uma súbita vontade de ir ao banheiro. Perguntei ao segurança onde era, e ele gentilmente me informou que era logo ali, à esquerda. Lá, notei que havia uma catraca. Ora, nada tenho contra as catracas comuns; mas detesto as mercenárias, como era o caso daquela.

- Moço, aqui se cobra para utilizar o banheiro? - perguntei duvidando do que via.

Ele respondeu positivamente, cinqüenta centavos.

Com que impavidez, que o shopping cobra o que lhe é obrigação! Se não for obrigação é, no mínimo, uma cortesia! E cortesia não se cobra.

Utilizam-se das nossas necessidades biológicas para ganhar dinheiro! Creio que este shopping cobrará no futuro o uso do ar para respiração, do banquinho para descansarmos e uma tarifa será cobrada para sermos atendidos atenciosamente pelos funcionários da loja.

Utilize, pois, o espaço de seu blog para dizer aos donos do Shopping Light que o futuro decréscimo de renda do shopping não será culpa dos marketeiros, como eles suporão. Será por minha ausência, já que não lá gastarei mais minha fortuna! Justamente por cobrarem por o que não se cobra.

Grande abraço,

O xará"

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo segundo capítulo

Dona Rodolpha está vendo televisão com a mão no queixo, quando de repente a põe no coração para exclamar o seguinte:

- Ai, o Brito! Como eu gosto do Brito!

O Brito é esse mesmo, o Brito Jr. da Record. Dona Rodolpha fica encantada ao perceber como este homem pode ser tão charmoso apesar de ser careca, ou em como esse homem pode ser tão careca apesar de ser charmoso. Não sei qual é a ordem, mas o encanto foi enorme. Brito estava comentando alguma coisa sobre qualquer assassinato quando lhe escapou uma risadinha.

Dona Rodolpha levantou-se abruptamente porque era preciso ir ao psicólogo. A primeira idéia era de ir ao psicólogo para procurar o melhor tratamento para o filho, o pederasta.

- Rodolpha?

- Sim, quem está falando comigo?

- Aqui é Deus, Rodolpha. Vim para lhe dizer que pederastia não é doença. Talvez a verdadeira doença seja achar que pederastia é doença. Ah! E me ouvir não é doença, não. Fique tranqüila.

A segunda idéia foi a de tratar a ela mesma, primeiro porque estava enlouquecendo por seu filho ser gay, depois porque estava ouvindo Deus com uma freqüência assustadora.

Imagens da cidade.

Dona Rodolpha na sala de espera, lendo a revista Caras.

- Senhora secretária, a senhora teria uma caneta para me emprestar, por favor?

A senhora secretária não emprestaria se soubesse que dona Rodolpha desenharia bigodes em todas as mulheres e cabelos compridos em todos os homens. Aquela Caras ficou toda invertida. Um escândalo.

- Dona Rodolpha Albuquerque!

Ela se encaminhou ao médico, o cumprimentou e mal o doutor fechou a porta, que dona Rodolpha foi logo falando.

- Gay, gay, gay, meu filho é gay! Ouviu? Gay! Ele é gay!

- Quem? O Lucinho? É gay?

- Gay! O Lúcio é gay, doutor! Meu filho é gay!

- Eu bem desconfiei quando vi a capa do jornal. Mas o que lhe traz aqui?

- Como o que me traz aqui, doutor?! Meu filho é gay! Ele precisa de tratamento urgente, pois está vindo ao Brasil!

- Quem precisa de tratamento é a senhora. A senhora está com depressão.

- Depressão, doutor? Não é depressão, não! É algo muito mais sério! Eu acho que é síndrome de down!

- Ah! - o doutor ri calmamente - síndrome de down, a senhora não tem. Deixe-me só conferir aqui. Não, não. Não é síndrome de down. Muitas pessoas confundem depressão com síndrome de down, querem mandar no doutor, dizer que é mesmo síndrome de down. Mas não é, Eu lhe garanto. A senhora tem depressão!

- Oh! - com a mão na boca - Me desculpe.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Olá,

Meu nome é Ewerton Clides, e eu raramente começo um texto com uma saudação. Por isso, minha leitora, veja neste texto - além da raridade sociológica presente sempre nos textos escritos por mim, Ewerton Clides - a excentricidade de um Olá.

Toureiros dizem Olé!, mexicanos dizem Ôla!, seres humanos têm olho!, e eu lhe digo Olá!

(Não lhe perguntarei se está tudo bem. A concessão sociológica de hoje termina no Olá!)

Vim não para fazer concessões sociológicas. Vim para dizer sobre narcóticos. Mas não estou preocupado com as famílias nacionais que perdem crianças para as drogas. Crianças que trocam a mãe por um craque que não joga bola. E que fumam deselegantemente uma droga de nome também deselegante. (É maconha, a droga! Mas não vou dizer aqui, porque é muito deselegante!)

Porque eu, Ewerton Clides, sou viciado em uma garota de maneira mais profunda que uma criança se vicia em uma droga. Ela esquece a mãe, mas a escuta. A mim, se me dizem mãe, pergunto: "De quem?!"

Sou viciado numa garota, mas ainda assim faço sociologia. Paixão sociológica.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo primeiro capítulo

Não sei de onde dona Rodolpha tirou que filho gay não vale nada. Não há mal algum em ter filho gay. O único ponto ruim de uma outra pessoa de sexo oposto ser gay é quando se está interessado sexualmente nela.

- Seria dona Rodolpha uma mãe incestuosa?! - o leitor pergunta.

E mais:

- Dona Rodolpha abusou do próprio filho na infância?!

Não contente:

- Dona Rodolpha matou o marido para ficar a sós com Lúcio?!

Não, minha gente. Dona Rodolpha não tem interesse sexual nenhum pelo filho. Aliás, ela o acha meio gay, desculpe, meio molenga para a idade dele. Ela não se interessa por homens molengas. Pior ainda por filhos molengas. Mesmo se ele fosse durão, ela não se interessaria. Quem faz o tipo de dona Rodolpha é o porteiro. Eis o motivo por que ela não aceita a homossexualidade do filho: - Ela se constrangeria com o porteiro.

Não propriamente zombada, porque aquele homem é um poço de profissionalismo imbecil. Dona Rodolpha veste a melhor sandália, o melhor biquini, o melhor chapéu para se exibir para aquele homem, mas ele só diz três coisas. A primeira é "Bom dia, Dona Rodolpha". Segunda: "As cartas, Dona Rodolpha". A terceira e preferida dela: "Quer que eu carregue as compras, dona Rodolpha?", ela sempre quer. Ela faz compras para ouvir aquilo, para ele carregar aquilo, para pegar o elevador com ele! Não, ele não sobe no elevador. Só entra até descarregar as compras.

Uma vez ele deu preferência às compras de uma mocinha. Rodolpha ficou três dias inteiros sem ir às compras para fazer ciúmes, e o porteiro pensou somente que ela estava com problemas financeiros - mudou de opinião, achando que era a menopausa, quando reparou que ela não lhe respondia o bom dia. Outra vez ela o fechou no elevador, ficaram somente os dois naquele cubículo. Os dois e sucrilhos, sabão em pó e leite para fazer bastante peso. Vinte leites. Ela já tinha mais de 200, porque ela adorava vê-lo carregar leites! Mas ele gentilmente abriu a porta e pediu desculpas sem reparar que aquela mulher oleosa ficara mais vermelha que espinha.

Enfim. Tudo que dona Rodolpha sabia sobre ele era que se chamava Roberval. Estava escrito no crachá.

Sobre visitas

Este blog tem recebido muitas visitas. Somente ontem, foram 16. É por isso que não digo que meu blog é minha casa. Porque as pessoas poderiam misturar e ao invés de visitarem meu blog, visitarem minha casa. Se dois terços das 16 pessoas pedirem copo d´água; um terço quiser pão de queijo; metade ficar para a janta e passar duas horas em casa, eu gastaria dois litros d´água, dezenove pães de queijo, duas garrafas pet de Coca-Cola e, o pior: quatorze horas do meu dia.

Rapaz, eu passaria meu dia inteiro recebendo visitas!

Quando entrarem em meu blog, se sintam em casa, mas jamais confundam: meu blog não é minha casa.

Ponto com

Quando este blog foi criado, a expectativa que se lançou sobre ele foi a mesma da ocasião do nascimento de John Lennon: nenhuma.

Assim como os pais de John Lennon, eu não tinha a menor idéia de que havia criado o que seria a maior representação da cultura pop do século. Eles queriam um filho e criaram um ídolo! Eu queria apenas um blog e criei um marco da representação, da arte e, por que não?, do esoterismo.

Este blog merecia um domínio personalizado, sem nada de blogspot o seguindo como um parasita desavergonhado.

Por isso, na hora de indicar para seus amigos, não diga dáblio, dáblio, dáblio; ponto eu não sou virgem maria; ponto blogspot; ponto com. Não. Diga dáblio, dáblio, dáblio; ponto eu não sou virgem Maria; ponto com!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria! - a novela - Décimo capítulo (A coisa está esquentando!)

Dona rodolpha recebe a carta de Lúcio e diz um palavrão somente com a boca, sem som. Só dá para ouvir levemente a palavra "pariu". Ela dá um tapinha na boca e faz o sinal da cruz. Deus, se lhe desse ouvidos, diria:

- De ter falado palavrão, você se arrepende; mas de querer que o filho morra só pela opção sexual dele você não se arrepende, não é, dona Rodolpha?

Aliás, Deus disse isso, mas ela fingiu que não ouviu. E depois teve que fingir que não acreditava em Deus. Fingimento que mais tarde passaria porque ela precisava Lhe pedir que deixasse o filho na Rússia. Ou que pelo menos não fosse gay!

Nessa hora, Deus lhe respondeu:

- Minha filha. Ser gay não é defeito. Eu mesmo já achei em alguns momentos que minhas criações masculinas eram melhores que as femininas! Olhava os homens e tinha que repetir para mim mesmo: São seus filhos! São seus filhos! Só depois da Juliana é que me resolvi quanto a isso. Bem, você não me ouviu agora. Foi só uma alucinação. Passar bem.

Dona Rodolpha pegou sua caneta tinteiro e mordendo a língua escreveu:

"Lúcio, meu filho,

Não vejo problema nenhum na sua opção sexual. Mas eu adoro a Rússia e acho que seria bom que você passasse mais tempo aí. Quem sabe mais 43 anos?

Grande abraço,

de sua mãe,

Rodolpha"

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Clássicos? Sei. #3 - Fiodor Dostoievski, Crime e Castigo

Todos sabem da minha incomensurável capacidade artística. Por isso, artistas de grande gabarito internacional sempre me pedem auxílio. Sucesso na certa. Picasso, Dostoievski, Eça de Queirós, Disney, Jorge Amado, Machado de Assis, Robinho, Santos Dumont, Michelangelo. Isso para citar alguns.

Hoje quebrarei o sigilo por conta de uma quebra de contrato de meu ex-amigo Fiodor Dostoievski. Ele achou que não haveria problema nenhum em não manter uma alimentação balanceada. Mas aquilo está no contrato. Amigo meu se alimenta bem. É que depois vêm todos reclamando do colesterol, da gordura trans. E eu não tenho paciência para isso! A arte me consome.

Era uma terça-feira gelada quando chegou à minha casa uma carta com as seguintes palavras:

"André,

Desculpe incomodá-lo, mas sua ajuda se faz tão essencial quanto o ar que respiro.

Descobri seus dotes na Feira Internacional de Literatura Russa, quando você não foi convidado por não ser russo. O que mais se ouvia nos corredores eram lamentações por sua ausência. "Como seria bom se o André fosse russo!", diziam, "Assim ele estaria aqui neste momento dando o ar da graça!"

E então descobri que Fernando Pessoa, Shakespeare, Nietzsche, Rubinho Barrichello, Paulo Coelho têm todo o brilho artístico creditado ao seu auxílio. O Rubinho Barrichello e o Paulo Coelho não seguiram suas dicas à risca – mas pelo menos são famosos.

Estou, pois, escrevendo um livro de nome Castigo e Crime, que envolve um sujeito que é castigado por um crime que cometeu. Ele vai matar uma velha. O nome que pensei para ele é Pedro.

O que você acha?

Os originais estão nesta carta e peço encarecidamente que você leia inteiro antes de me devolver.

Agradecidamente,

Fiodor Dostoievski"

A minha resposta não poderia ser outra.

"Senhor Fiodor,

Não peça desculpas em me incomodar. Sua impertinência será esquecida no exato momento em que cair na minha conta a sua contribuição. O número da conta está no papel anexo. Banco Bradesco, sim?

Seguinte. Pedro não é um bom nome para um romance russo. Eu lhe chamaria Raskólnikov. Faça um romance bem denso, de muitas páginas. Será um clássico.

Outra. Não chame o livro de Castigo e Crime. Pensei em um bem melhor, que você sequer teria imaginado: Crime e Castigo. Nessa ordem.

Os originais estão muito bem escritos. Sua caligrafia é exemplar. Quanto à qualidade do texto, nota seis antes das minhas correções. Dez agora.

E esta é para você não passar vergonha: imprensa é com i de Israel. Não escreva emprensa com e de Everaldo. Não confie muito no corretor do word, que eu imagino que na Rússia do século dezenove ele não exista.

Grande abraço,

André"

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O hino do blog

O hino deste blog pode ser finalmente divulgado. É obra da criatividade popular em seu mais alto grau. É feito por gente que não votaria no Obama, pois não nasceu nos Estados Unidos e não teria direito a voto.

Ele começou a ser composto nos idos anos de 2008, ano em que o mundo ganhou o mais belo blog do mundo, o Eu não sou virgem, Maria! E qual não é a grande alegria para nós, brasileiros? O blog foi criado no Brasil! E aqui trato de anunciar o seguinte: O blog não sairá de suas fronteiras nos próximos anos. Por isso, fiquem tranqüilizados e, principalmente, não acreditem nos boatos!

Há várias versões que tratam da autoria deste belíssimo hino.

A primeira trata da tradução do hino francês feita por um índio, que, não sabendo francês, compôs o hino a seu bel prazer. A melodia também saiu diferenciada, pois ele não tinha toca-fitas na tribo.

Outra teoria diz que o hino foi criado no momento em que uma mulher dava bronca em um menino. Ela falava tão alto, que o menino tratou de pensar em outra coisa. E pensou em fazer o hino para seu próprio blog. O menino sorriu pela idéia e a mulher se enfureceu mais ainda, berrando na melodia que seria a melodia do hino.

A mais confiável, porém, trata de que o hino surgiu da genialidade do autor do blog Eu não sou virgem, Maria!, que achou que seria muito interessante que seu blog tivesse um hino.

Esta é, pois, a primeira versão do hino. Haverá outras, talvez. Os arqueólogos e historiadores estão trabalhando em conjunto com índios tradutores.


Hino do blog Eu não sou virgem, Maria!

Neste blog não tem nenhuma patifaria
Eu não sou virgem, Mari-i-a!

Depois de comer comida estragada passa a azia,
Eu não sou virgem, Mari-i-a!

Leia uma vez, que vira mania,
Eu não sou virgem, Mari-i-a!

Depois da torneira vem a pia,
Eu não sou virgem, Mari-i-a!

Agora sem rima,
Eu não sou virgem, Mar-i-a!

Quem não gosta é invejoso,
ou é muito preguiçoso,
mas no fim é azarado
tem pinto pequeno e é mal amado!

Blog bonito, quem é que tem?
É o André,
E mais ninguém!

É o André,
E mais ninguém!

É o André,
E mais ninguém!

Sagacidade

Olá, meu nome é Shimizu Suzuki e esse fundo branco que vocês vêem atrás de mim é um estúdio muito bem quisto aqui em Tóquio.

Este é na verdade um boletim excepcional por conta de um fato muito curioso que eu, Shimizu Suzuki presenciei. Não tanto pelo fato, senão pelo pensamento que me veio.

Vi um homem com seu filho na tarde de hoje. O homem perguntou ao filho se ele se lembra do que a mãe lhe havia pedido que comprassem na rua. O filho, muito sagaz, lhe disse:

- Lembro como se fosse ontem!

Vocês pensam que sagacidade é um bem inalienável ao brasileiro, não pensam? Podem pensar! Eu, por exemplo, pensava que o sushi era um bem inalienável ao Japão!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Eles, os russos

Olá, meu nome é Shimizu Suzuki, e é porque vamos falar da Rússia que estamos à frente da Praça Vermelha.

Esta praça é uma grande sacada russa. Porque é preciso ter uma grande coisa para se ter como símbolo. Nova Iorque fez a Estátua da Liberdade; Paris fez a Torre Eiffel; Peru fez Machu Picchu. Tudo isso porque todas as cidades são feias e sujas. Só que as que têm grandes monumentos não parecem. Sabia que Moscou é suja? Você olha para esta praça tão linda e não quer ver os outros bairros. Não quer ver aquele rio feio, aqueles bêbados e aquelas prostitutas.

Sabe por que São Paulo fez a ponte esquisita? Para tentar aposentar o Rio Tietê como símbolo da cidade!

Os russos são muito inteligentes. Quando você não quiser seguir o exemplo de um povo inteligente com o japonês, recomendo que siga os russos.

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Nono capítulo, segundo bloco

Voltamos a apresentar: Eu não sou Virgem Maria!

Lúcio saca uma caneta de seu terno e vai logo escrevendo uma carta.

"Querida mãe,

Foi com muita alegria que recebi sua carta. Entendo a demora, já que foi muito humilhante para você ver aquela foto e aquela manchete no jornal. É bom saber que a senhora me perdoou. E saiba por aqui que eu também a perdoei.

O que vou lhe falar é um grande segredo, mas também um grande alívio e, por que não?, uma grande alegria para mim.

Mãe. Eu vou voltar para o Brasil. Aqui na Rússia, tive muitas mulheres. Não posso dizer que de todas as cores, porque são todas brancas loiras. Em nenhuma encontrei o amor e a alegria que encontrei... nos meus amigos! Mãe, tinham todos razão! Eu sou gay, mamãe! Eu sou gay!

Vou voltar. E se prepare.

Beijos do seu filho,

Lúcio"

Música de suspense do Menudo.

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Nono capítulo, primeiro bloco

Lúcio recebe uma carta. Uma carta de sua mãe, a dona Rodolpha. Ele lê com os olhos cheios de lágrimas.

"Lúcio, meu filho,

Tudo bem?

Você faz tanta falta, meu filho, que eu não sei de onde tirar forças para fazer as simples coisas da vida. Antes eu acordava para te acordar; fazia o café da manhã para você; ia beber com minhas amigas para sentir a sua falta; e mandava a empregada fazer o feijão para você.

Agora que você não está, nem mesmo escovar os dentes eu escovo, porque você não vai reclamar de meu bafo.

Seguinte. Fiz uma espécie de pesquisa entre as pessoas que nos são mais próximas. A conclusão foi tão animadora para mim quanto tenho certeza de que será para você. Filho, ninguém mais acha que você é gay! Pode voltar assim que quiser, que sua vida continuará normalmente, como se você não tivesse saído na capa do jornal com um travesti segurando sua genitália!

Venha o quanto antes.

Com o amor de mãe,

Rodolpha"

Ele olha para a janela, já chorando.

Estamos apresentando: Eu não sou Virgem Maria!

Avó de André nega negociações dele com o New York Times

A avó de André, cujo nome não será revelado para se preservar a fonte, ficou "chocada e estarrecida" com os boatos negativos sobre a negociação de André com o jornal americano e tratou de ressaltar que ele realmente não há negociações em andamento.

"Ele é um neto muito presente", disse enquanto comia tremoços, "se estivesse negociando com o jornal, eu saberia. Agora, é bom mesmo que não esteja, porque se estiver e não souber, ele vai é se ver comigo!", agora um pouco mais nervosa.

A declaração da avó só ajuda a aumentar ainda mais esta certeza: André não escreverá no New York Times.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

New York Times não negocia com André Cintra

Fontes do jornal nova-iorquino New York Times indicam que realmente não há negociações algumas com o gênio adolescente André Cintra.

Foram várias as tentativas de abordagem ao jornal, mas nenhuma se mostrou efetiva. "Você está falando sobre André Agassi", despista a telefonista. "Não o conheço", relatou um editor influente. "Há gênios no Brasil?", questionou um jornalista de segundo escalão. "Tem alguma coisa rolando na parte gay", disse um jornalista gay, para depois completar, "brincadeira. Nunca ouvi falar."

Esses relatos vão de encontro à afirmação de André Cintra no dia de hoje, que disse que no dia em que ele escrever para um jornal americano o Brasil já pode começar a exportar toda a produção nacional de goiabadas.

André Cintra não negocia com New York Times

Os leitores nova-iorquinos que sonhavam em ler todos os dias pela manhã textos de André Cintra no jornal, podem tirar o cavalinho da chuva. Porque na manhã desta segunda-feira, em um breve telefonema, André negou veementemente que esteja negociando com o New York Times, como não diziam os boatos das últimas semanas.

"Eu jamais escreveria para um jornal americano. É tão chato brasileiro talentoso ficar com essas intimidades com estrangeiros!", disse André, muito mal humorado. "Seria que nem a Gisele Bundchen, que namora o Tom Brady. Pô! Talento nacional tem que ficar no Brasil. Se eu fosse para o New York Times, o Brasil já poderia começar a exportar todos os quilos de goiabada que produz."

Ui.