quarta-feira, 6 de maio de 2009

Trecho de um plágio que nunca foi feito

Alguém deve ter caluniado Alfredo, pois foi detido numa manhã sem ter feito nada de mal. Era a primeira vez que lhe ocorria algo deste gênero. Sempre foi tão bonzinho, que morria de medo de ser preso por engano. Parece que o temor se realizou. Isto não é nada surpreendente, porque não é só sonho que se realiza. Não tinha mais nada a se fazer, senão esperar o advogado e dar os primeiros telefonemas. Recusou o oferecimento do policial, muito solícito, porque já viu que poderia falar mais livremente com os celulares dos outros presos. Rafael Nadal, seu cachorro, naturalmente morreu, pois um cachorro mal pode pensar em respirar sozinho, quanto mais em se alimentar. Walter Victor, o papagaio, sobreviveu um pouco mais, mas acabou morrendo quando terminou o alpiste. E a avó paralítica, coitada, também morreu. Ela tentou telefonar diversas vezes, pois estava muito preocupada com o Nadal e o Walter Victor, mas desistiu quando ouviu o toque de chamada do próprio telefonema. Alfredo não pôde levar o celular à delegacia.

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