sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Pornografia?

Neste blog não tem mulheres nuas. Nem semi-nuas.

Também não há cenas de sexo explícito com freiras ou com adolescentes ou crianças.

Não há sexo entre humanos e animais, nem entre os próprios animais.

Porque é natal. Eu jamais postaria isso no natal.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal

Os leitores que no natal passarem muito tempo com a família e se esquecerem de ver o blog terão as contas canceladas.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Tranqüilizem-se

Muitas pessoas ficaram preocupadas após o anúncio de que este blog teria um espaço para celebridades nuas em pêlo.

É claro que não há motivo para preocupação, minha gente. Este blog é comandado por ninguém menos do que eu mesmo!

E eu não disponibilizaria um espaço tão importante como este para que um qualquer exiba as partes do corpo.

Mas a maior preocupação surgiu após um boato de que estaria tudo praticamente certo entre o blog e a dupla Regina e Gabriela Duarte. Que as duas posariam nuas em pêlo como posaram Susana Vieira e a Fernanda Cunha.

Não, meus chapas.

Gabriela Duarte e a mãe não posarão neste blog.

Eu não permitiria. Acho as duas muito chatas e enjoativas. Não sou capaz de elogiar uma novela em que uma das duas faça uma pequena participação!

Além do mais, Regina é o nome da professora de infância de que não gosto.

Peço, porém, que a audiência tenha cuidado! Pode ser que elas posem em outro blog.

E a gente sempre acaba vendo essas coisas, sem querer. Porque chegam por e-mail, ou mostram no TV Fama, com uma tarja.

Mesmo assim.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Entrevistas com lideranças - Michael Jackson branco


Continuando com a mania de entrevistar sempre pessoas opostas, o entrevistado de hoje é Michael Jackson branco!

O leitor deve se perguntar: "Como que o contrário de Michael Jackson pode ser ele mesmo?!"

Grandessíssimo engano do leitor. Michael Jackson não é mais ele mesmo. A pessoa mais diferente do Michael Jackson preto é o Michael Jackson branco!

O preto fazia sucesso, o branco não faz; o preto dançava, o branco não dança; o preto tinha nariz, o branco não tem; o preto lançava discos com músicas de sucesso, o branco não lança nem cds; o preto era o máximo, e o branco dá medo.

E vocês perceberão que o branco é uma simpatia e o preto não era.

Tudo tem a ver com o nariz.

Uma pessoa sem nariz é tão humilde, mesmo que ela seja o Michael Jackson! Ele também não tem nojo, para torcer o nariz.

Desta vez, resolvi aprender inglês para entrevistar os anglofônicos sem a ajuda de intermediários. Vocês viram o problema que deu na última vez!

Entrei na casa de Michael pela porta da frente. Ele mesmo me atendeu, e foi logo dizendo que dispensou todos os funcionários.

Neste momento eu pensei que a minha teoria estava corretíssima, que ele dispensou os funcionários porque não tem mais nariz. Como esnobar funcionários sem nariz? Engano meu:

"Dispensei os funcionários para pagar os advogados!", disse Michael sorrindo.

Os advogados devem ser muito caros. Porque muitos funcionários devem ter sido demitidos. Aquela casa é enorme!

"Michael, você se acha assustador?"

Ele me olha fundo nos olhos, percebe a minha cara de susto, e tomando um pouquinho de chá, pergunta:

- Por que eu me acharia?

"Por nada."

Michael não é gay. Nem heterossexual. Ele é o tipo de gente que é assexuada por dois motivos. Primeiro, que ninguém se interessaria por ele. Depois, que ele é tão estranho, que claramente não se interessa por ninguém. Ele não faz nenhuma concessão na personalidade para se tornar agradável ou aprazível.

Pergunta-se do nariz. Por que ele fez tantas plásticas? Para ele. Porque ele se gosta assim.

Todos já gostavam dele como ele era antes, menos ele. Se fosse pelos outros, ele não se transformaria nada; por ele, sim.

Michael branco é horrível. O racista de si mesmo.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008


Explodiu o número de visitas a este blog após o anúncio da nova seção: Nu em pêlo.

Isto serve para ilustrar o nível educacional deste país. Enquanto publico textos maravilhosos, com sacadas sagazes e humor agridoce, poucos milhões entram; agora, é só dizer que as mulheres brigadas do momento farão um ensaio nu em pêlo, que mais de cem milhões de pessoas visitam este blog!

Isso mesmo: cem milhões. Mais de cem milhões.

É uma audiência maior do que a novela da Globo, ou da Sonia Abrão. Isto deve facilitar deveras a negociação. A atriz e a nutricionista estavam fazendo um certo charme antes de assinar o contrato. Já estava chegando ao ponto de dizer que charme é coisa de gente bonita; o que elas faziam era uma coisa feia de nome ainda mais feio: cu doce.

Fizemos também uma prévia da capa da revista.

Sucesso na internet.

Celebridades nuas

O blog Eu não sou virgem, Maria! inaugurará nos próximos dias a seção nu.

Posarão nuas as celebridades de todos os níveis e classes sociais, e talvez também um mendigo.

O problema do mendigo é a forma de pagamento. Ele não aceita cheque, porque tem medo de perder; não aceita cartão, porque não tem a maquininha. E em dinheiro, eu não pago!

Estamos negociando, e talvez eu pague em cachorros quente e pãezinhos.

O mendigo não passaria por um banho antes das fotografias. Assim como não cortará o cabelo. Tudo para não o descaracterizar.

Antes do mendigo, peço que se contentem com um ensaio conjunto entre Susana Vieira e Fernanda Cunha, as duas ex de Marcelo Silva.

Talvez tenhamos agora problemas parecidos com os do mendigo.

Porque não pagarei por uma coisa que terá benefício maior a elas do que a mim! Elas terão a honra de posar nuas ao meu blog, enquanto eu terei que aturar fãs de todo o Brasil das duas.

Não estou acostumado com audiência desqualificada.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O nariz e a arrogância (ler este texto antes da entrevista com Michael Jackson)

O nariz é o maior mentor da arrogância! Ele é para a arrogância o que o sertanejo é para o KLB! Ou para a arrogância o que o ânus é para um gay. Se não tivéssemos nariz, não haveria arrogância no mundo.

Porque é por ele que entra o cheiro. E a principal causa da arrogância é o cheiro. O arrogante se sente assim por pensar que cheira melhor que os outros. Há quem não se sinta arrogante até chegar perto de um mendigo. Qualquer um fica arrogante ao sentir o cheiro de um mendigo.

Os cariocas são arrogantes perto dos paulistas por saberem do cheiro do rio Tietê.

É por isso também que os mais ricos são mais arrogantes. Porque podem comprar os melhores perfumes.

A outra causa que dá ao nariz a autoria da arrogância é que só percebemos a curvatura da cabeça pelo nariz. Tape o nariz e incline sua cabeça para cima, numa típica atitude arrogante. A atitude não será mais arrogante!

Porque é só pelo nariz que percebemos arrogância.

Entrevistas com lideranças - Michael Jackson

Não gosto de entrevistar sempre as mesmas pessoas.

Se entrevisto o Bush numa semana, na outra não posso entrevistar alguém como o Colin Powel. Porque eu veria naturalizados os discursos escabrosos dos americanos! Me acostumaria e, pior, até concordaria com o que eles dizem, de tanto ouvir a mesma coisa.

Essencial para uma boa entrevista é o estranhamento. Talvez por isso seja bom entrevistar pessoas estranhas.

Semana passada entrevistei Fidel Castro. Hoje, entrevisto sua antítese.

Muitos pensavam que a antítese de Fidel era o próprio Bush. Mas os dois são muito parecidos! Os dois foram presidentes, os dois mentem, os dois se acham o máximo, e os dois não hesitam em matar alguém para o bem do próprio país. A única diferença que sou obrigado a concordar é que um tem barba, e o outro, não.

A antítese de Fidel é Michael Jackson.

Simplesmente porque um permaneceu o mesmo por toda a vida, e o outro muda sempre! O leitor pode argumentar que um tem nariz e o outro, não. Mas isso é de uma maldade que prefiro dispensar.

Leia mais sobre o nariz no texto anexo.

Michael Jackson, por não ter nariz, pode ser considerado o ser mais humilde do planeta.

Comecei pelo Michael Jackson negro por uma simples questão cronológica. Nas próximas semanas, entrevisto o branco.

Sem pressa.

"E aí, Michael! Qual é a boa?"

Michael me olhou esquisito. Pedi para o tradutor repetir a questão e Michael disse que prefere não responder.

Tudo bem, pensei eu. A gente só precisa responder o que quiser. Senão entrevista vira uma ditadura do entrevistador.

Eu não recusaria uma ditadura do entrevistador. O problema é que causaria uma certa recusa dos próximos entrevistados.

"Michael, qual é a sua idade?"

Ele soltou um palavrão em inglês, que eu reconheci somente pelo tom de voz. Detesto inglês.

Perguntei ao tradutor se havia algum engano, ao que ele respondeu negativamente. Esquisito!

"Qual é sua música preferida?"

Michael se levantou e se retirou da sala.

O tradutor deixou escapar um pequeníssimo sorriso, com tamanho suficiente somente para se perceber maldade.

O tradutor me enganou! Eu perguntava uma coisa banal, e ele traduzia uma ofensa retumbante! Sabe-se lá o que foi que ele perguntou a Michael. Mas foi muito engraçado, e ele ganhou uma gorjeta generosa por tentar me sabotar.

E não conseguir.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O orgulho divino

Deus, como se sabe, é muito orgulhoso de suas obras.

Dizem que é Ele é incapaz de olhar para uma de suas criações sem um gesto de doçura. Outro dia ele elogiou um mendigo de dread locks fedido. Disse que ele era lindo! Os anjos que estavam perto argumentaram:

- Mas é um mendigo!

E Deus:

- Um lindo mendigo!

Antes de ser o Deus da bondade infinita, Ele é o Deus do orgulho infinito.

O maior orgulho é o de ter criado todo o mundo em apenas sete dias. Ele disse:

- Enquanto uma mão estava no Taj Mahal, a outra estava no Cristo Redentor! Uma mão na Torre Eifel, outra na favela de Paraisópolis! Uma mão no homem, outra nas tartarugas! Acho que é por isso que os homens ficam com o pé cascudo.

O que Deus não admite é que o curto tempo das criações não é uma qualidade. Ele fez tudo precisando acabar logo, em sete dias! E por puro capricho. Sete é o número da sorte, ele dizia.

Isto ocasionou uma série de defeitos de fabricação na Terra.

Quando estava terminando o Japão, Deus viu um buraquinho em uma das ilhas. Foi chegando mais os olhos e saiu muita lava deste buraquinho. Era o primeiro vulcão. Deus tapou com o dedo. Mas no México, no Havaí, na Itália, em vários outros lugares foram escapando vulcões. Até a hora em que o décimo primeiro vulcão surgiu, e Deus já não tinha dedos para todos eles. Ele disse:

- Deixa assim mesmo!

As infiltrações são outros problemas. O projeto atabalhoado da Terra desequilibrou as águas. Enquanto a Amazônia tem água que sobra, o sertão, ali perto, sente muita falta. Para isso, Deus pensou:

- Eles transpõem o Rio São Francisco, depois!

As infiltrações causaram também problemas em Santa Catarina, por conta das terras frágeis. Qualquer desequilibriozinho é capaz de derrubas casas e matar tanta gente!

A Antártida, que hoje em dia tem lá seu certo charme, causou muita dor de cabeça ao Ser Divino. Dizem que no sexto dia, às 20:36, Ele tentava de todas as maneiras esquentar aquele lugar. Parece até que fez um buraquinho na camada de Ozônio, para ver se esquentava de vez aquele continente gelado e derretia todo o gelo que estava acumulando.

Disseram que não era boa idéia, que podia acabar com a Terra. Um buraquinho que se abre ali é que nem um furo numa bexiga, ou num balão, que destruiria todo o resto.

Deus, muito calmo, disse o seguinte:

- Mas isso é só daqui a milhões de anos!

O pensamento rápido

por Ewerton Clides

Eu, Ewerton Clides, sou uma pessoa demorada.

Em um jantar, por exemplo, enquanto todos já comeram apresadamente, eu ainda sequer terminei o primeiro copo de suco. Ou no Instituto EWerton clides, enquanto todos meus colegas já terminaram de ler um livro grosso, eu ainda estou no prólogo!

Eles dizem, "Como és lento, Ewerton Clides!".

Eu sou lento, sim, mas por fora. A lentidão é, antes de tudo, um indício. Um indício de que a pessoa pensa rápido. Um indício de que os pensamentos a consomem tanto, a ponto de não conseguir realizar tarefas simples, como comer.

Enquanto todos comem apressadamente, eu penso rapidamente. Penso tão rápido, que sou capaz de compor um livro em meu cérebro em apenas uma noite de insônia.

O problema é digitar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Uma recomendação

Quem passa por essas bandas costumeiramente - além de ter muito bom gosto - sabe muito bem que não costumo elogiar outros sites.

Poxa vida. Eu me esforço tanto para manter uma soberba convincente! Elogiar outro site seria como admitir que não sou perfeito. Ou pior: Que alguém é melhor do que eu!

Um segundo desta humildade poderia facilmente desmascarar quase um ano de altivez.

Acontece que desta vez é inevitável.

Li um texto tão magnífico em outro site, que pensei primeiramente:

- Eu poderia tê-lo escrito!

E depois:

- É digno do Eu não sou virgem, Maria!

É um texto que tem uma lógica fenomenal. Ele diz que a etiqueta convencional trata do banheiro para fora. Ou seja, é a lógica de que tudo o que não se pode fazer do lado de fora do banheiro, dentro pode.

Isto não é verdade. Mas vai notar isso?!

É um texto sobre a etiqueta dentro do banheiro. Ele será exibido em três partes. Eis o link da primeira: http://www.mcorporation.com.br/2008/12/12/etiqueta-de-banheiro/#more-373

Mal posso esperar pelas outras duas!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sobre elogios

Um leitor atento exigiu em um comentário que eu falasse por que não gosto de elogios.

Gosto do leitor atento. É claro que aqui não convém ceder grandes espaços a quem comenta, porque isto daria motivo para os outros que comentam exigirem menções honrosas neste espaço. E este espaço é meu, e somente meu. Nem vender, eu vendo.

Aliás, vendo, sim. Só falo que não para valorizar o espaço.

O leitor que quer saber por que não gosto de elogios deve imaginar ao certo que sou muito elogiado. Professores de todas as séries, de todas as faculdades sempre me elogiam à primeira oportunidade. Até os analfabetos têm do que me elogiar, uma vez que meu cabelo é um tanto excêntrico. Ontem mesmo, enquanto subia a rua onde moro, um mendigo disse:

- Bela jaqueta, hein!

Todos são capazes de elogiar. Mas há uma deformação no sentido do elogio. Muitos pensam que se trata de uma atitude de humildade. "Olha como elogia! É muito humilde!", já dizia a minha avó. O que ela não percebe é que o elogio é, pelo contrário, uma atitude de incomensurável soberba!

O elogio é uma aprovação. O sujeito que elogio está dizendo nada mais do que: - "Você está aprovado! Passou no meu teste de seleção!" Ou seja. Elogiar não é nada mais do que um ato de se colocar acima do elogiado. É como a faculdade, que faz o vestibular e aprova os melhores.

A diferença, porém, é que o elogiado não se submeteu ao vestibular!

No meu caso, eu escrevo textos maravilhosos, não é para os leitores! Eu não vesti aquela jaqueta para o mendigo! E meu cabelo é excêntrico porque eu quero, não para os analfabetos terem um dia melhor!

Quem elogia, acha que tudo foi feito para ele. Este reizinho, para fingir que não é tirano, elogia.

É tirano, sim!

Giorgio Armani #5

Jorge e Armando nunca se conheceram.

Os bisavôs deles foram ambos à Primeira Guerra Mundial. O de Jorge pela Inglaterra, o de Armando pela Alemanha. Certa vez, numa troca de tiros, um acertou o outro sem intenções, pois detestavam a guerra e atiravam só por atirar. Mas ninguém morreu. Ninguém morre de um tiro brochado.

Uma vez, numa fila de supermercado, o avô de Jorge olhou pretensiosamente para a avó de Armando. A avó não percebeu, e o avô logo se esqueceu disso quando a moça do caixa disse:

- Sua vez, senhor!

Há cerca de vinte e dois anos, o pai de Jorge, frentista, abasteceu o carro do pai de Armando, advogado. E esta foi a primeira vez em que membros dessas duas famílias conversaram. Foi assim:

- Enche o tanque, meu chapa?

- Comum ou aditivada?

- Já tem gasolina aditivada em 1986?

- Ah, é! Então da comum, né?

- Isso, isso.

Hoje, Jorge fechou o carro de Armando numa subida. É por isso que Armando está com a camisa manchada de café.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Tragédia bonsai #4

A tragédia bonsai é uma tragédia em todos os sentidos, menos no tamanho. Um bom exemplo é a do moço que foi encontrar a namorada naquele dia chuvoso.

Eles entraram rapidamente no restaurante, esbaforidos, sorrindo um para o outro, enquanto o garçom olhava para os dois, esperando que parassem com sentimentalismos e dissessem logo para quantos que era a mesa.

- Para dois, para dois - disse o moço, rindo ainda da situação que não tinha graça.

Ele tomou cerveja clara, ela tomou cerveja escura; ele ficou excitado com o que estava passando na televisão, ela pensou que fosse com ela; ela então ficou excitada também e ele aproveitou e disse para eles irem a um lugar mais apropriado. É claro que ela aceitou, e é claro que ele foi correndo na frente, depois de pagar a conta em dinheiro, porque tinha pressa demais para esperar o cartão passar.

É claro que ele não esperou pelo troco.

No caminho, enquanto abria a porta do carro, a peruca do moço caiu. Não sei se foi por ter batido vento, ou pela chuva anterior que tirou a cola. Acontece que a moça ficou com os olhos estáticos para a careca obscena dele.

Ela andou na direção oposta, como se fosse para ele ir atrás dela e pedir desculpas. Ela ia mesmo ficar mais excitada por ele ser careca, não sei por quê. Ela só queria que ele corresse atrás.

Mas ele pensou que isso era um desaforo, e no desespero da rejeição, gritou:

- Eu também não te quero! Acho que você também usa peruca!

E ela, surpreendida com o que acabara de ouvir, gritou baixinho:

- Eu, não! Peruca, para mim, é coisa de careca!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Entrevistas com lideranças - Fidel Castro

Era preciso fazer uma oposição. Após minha conversa com George Bush, era preciso alguém radicalmente diferente, antes que eu desanimasse ou ficasse idiota.

Eu poderia falar com Fernandinho Beira-Mar, mas ele é por demais poderoso e, sei lá, não gosto do ambiente de prisão. Me causa uma certa caustrofobia e me daria um medo enorme de ser confundido com um preso famoso. Se bem que é difícil ter um preso tão bonito quanto eu. O medo é que é uma cadeia de presos famosos, e como eu sou famoso, um carcereiro distraído poderia pensar que eu fosse o mais novo presidiário.

Passei árduas semanas desanimado. Fernandinho seria o cara certo. Eis que me veio à cabeça: - Por que não um cara barbudo, que fosse mais velhinho e que não falasse a minha língua? Um cara que fosse velho mas que não fosse inteiramente gagá; um cara imortal, mas que fosse preciso entrevistá-lo antes que morresse.

- Fidel Castro?

Sim, sim! O Fidel! Eu precisava muito entrevistar o Fidel. Comprei rapidamente as passagens minhas e de meus assessores rumo a Cuba! Não quis deslocar meu jato particular porque o aeroporto cubano não é confiável.

Fidel sempre me foi um conhecido próximo. Estivemos rompidos por muitos anos, pois desde 1968 ele enviava infindáveis convites para que eu fosse a Cuba, mas eu nunca os retornei. Quando nasci e tive condições de atender seus pedidos, a amizade foi pródiga e não foram raras as vezes em que fiquei até mais tarde na casa dele em partidas infindáveis de video-game.

Ontem falei com ele em 1978, cercado por diversos assessores.

"Fidel. Eu não gosto de gente que fala muito. Porque geralmente essas pessoas se acham importantes demais para serem ouvidas. Mas você é um caso particular, porque se acha importante e ao mesmo tempo é importante. E outra: Te acho inteligente. Você se acha inteligente?"

Ele sorriu com esta minha fala, porque elogios sempre caem bem. Elogio é melhor que Coca Cola, porque não enche a barriga. Melhor que pescar, porque não entedia. Melhor que voar, porque não precisa fazer check in. Mesmo assim eu não gosto. Depois explico por quê.

"Eu me acho inteligente, sim. Como você também se acha. Me lembro muito bem de quando você estava na terceira série e já dava aulas para a professora. Verdade que ela era muito burra, mas não deixa de ser admirável. Rapaz: Terceira série! Na quarta, você já dava palestra para os professores; e na quinta. Bem, na quinta série você abandonou a escola porque seus pais não tinham dinheiro para pagar e você foi descascar batata no nordeste.

O que eu quero dizer é que inteligência não é um mérito. É uma coisa que nos é dada sabe Deus por quem. Se você já era na terceira série, está claro que não fez nada para alcançar. Por isso estudar não traz inteligência. Se soubessem disso, acho que não existiria nem faculdade!

Eu sou muito inteligente e não me vanglorio por isso. Porque uso para o bem comum, para Cuba. Quer um pedacinho de bolo?"

"Não, não, obrigado. Acabei de almoçar!"

"Pega um, pega! Eu acabei de fazer!"

"Obrigado mesmo.”

“Pega, pô!"

"Tá bom, tá bom!" Peguei um pedacinho, e agradeci a Fidel por ele ter insistido, porque estava realmente uma delícia!

"Conversei com o Bush anteontem", eu disse.

"Ah é? Ele usa umas roupas adoráveis."

"Usa, sim. A gravata torta."

"É."

Engraçado. Às vezes a gente vai conversar com uma pessoa que não é nada e temos assuntos demais. Eu estava com o homem que implantou o socialismo em Cuba e não tinha um assuntinho sequer!

"Fidel. Tenho que ir jantar. Estão me esperando."

"Claro, meu filho. Vá, sim. Cuidado com a friagem, hein?"

Demos abraços calorosos e nos despedimos.

Pequenas causas, grandes discursos #4

Eu tive um sonho.

Sonhei que assinava o documento com a procuração que acabava com a fome no mundo.

Todos os líderes mundiais lá estavam. Fidel Castro, Dalai Lama, George Bush, Barack Obama, Lula, Cristina Kirschner, Fernandinho Beira-mar, e muitos outros. Todos em perfeita concordância sobre esta causa urgente.

As emissoras de todo o mundo transmitiam tudo isso em tempo real. Fotógrafos do New York Times não paravam de fotografar, e pude ver o rosto ansioso de Pedro Bial no meio de tantos outros jornalistas.

Neste sonho, a última assinatura era minha. E meu deus: eu estava nu!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Filme de Caso Eloá terá atores globais

Folha online

Segundo a Folha apurou na tarde desta terça-feira, está prevista para o ano que vem a gravação do filme de ficção do caso de Eloá, cujo namorado a seqüestrou e a matou no último mês.

Os boatos surgiram nas últimas semanas, quando o diretor do filme, dono do blog Eu não sou virgem, Maria! (www.eunaosouvirgemmaria.com) noticiou uma convocação de alguns atores de destaque nacional. Nesta convocação está Nivea Stelmann (Eloá), Reinaldo Gianechinni (Lindemberg), Wagner Moura (policial negociador), Antonio Fagundes (pai de Eloá), e muitos outros atores globais.

O mais curioso é que gente que teve papel secundário no caso também ganhará personagem. É o caso de Sônia Abrão, que será interpretada por Regina Duarte, e Brito Jr., interpretado por Renato Aragão - o Didi Mocó.

André Ursípedes, dono do blog, explica: "Eu não convidei os atores. Porque comigo é assim: eu intimo. Se o sujeito topar, ótimo para ele. Se não topar, será execrado no mundo cinematográfico e publicitário."

Segundo André, as filmagens estão marcadas já para o ano que vem: "Creio que é bom começar logo, senão o filme será muito explicativo. Vamos aproveitar tudo o que o público já sabe do caso para poder entrar mais fundo na história."

O meu despertador

Apresento-lhes o melhor despertador do mundo.

Sabe por que os despertadores possuem a má fama? Porque são os que, por não conseguirem dormir, acordam todo mundo.

Meu despertador é tão simpático, que eu não o configuro que me acorde às 8:00; simplesmente peço-lhe para me acordar "lá pelas oito". Tem dia que acerta e me acorda umas oito e pouquinho. Tem dia que me acorda às 7, e eu digo que é às 8, mas ele diz, sorrindo, que ouviu 7. Ontem eu estava dormindo tão gostoso, que ele me deixou dormir treze minutos a mais e se desculpou ainda: - “Desculpe, eu precisava mesmo te acordar. Senão você perderia o emprego, né?”.

Tem dia, que por estar de mau humor, ele me acorda gritando. E até um pouco mais cedo, justamente para eu não conseguir mais; outros dias ele me acorda no meio da noite porque simplesmente não consegue dormir, e nós vamos conversando até o momento em que ele silencia e a o tic-tac começa a bater mais devagarinho. E quando ele está nos bons dias, nem me acorda. Às 13:07 me diz: - “Não te acordei porque não vale a pena levantar para agüentar aquela chefe chata”.

É preciso, porém, que alguém o acorde um pouco antes da hora em que ele irá me acordar, pois ele não consegue me acordar enquanto dorme.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Lindemberg & Eloá, uma história de amor adolescente

Utilizo este espaço visitado por milhões de pessoas diariamente para anunciar os planos de meu próximo filme: "Lindemberg & Eloá, uma história de amor adolescente".

Não é um anúncio despretensioso, já que espero conseguir aqui o financiamento de todo o filme. É claro que sou rico, mas não gasto meu dinheiro com o que será bem aproveitado por todos. Gasto com geladeira, que é para mim; não gasto com meu filme, que todos vêem.

Já aviso os produtores que a realização do filme não poderá ser feita sem que todos os requisitos aqui descritos sejam seguidos. E também digo aos atores escolhidos que este não é um convite, senão uma intimação.

Este brilhante filme recriará o caso Eloá-Lindemberg no cinema. Ele não será uma reconstituição fidedigna, já que neste caso há uma série de falhas do roteiro, como a feiúra de Lindemberg, o não suicídio de Lindemberg e a volta de Nayara ao local do seqüestro.

Ora. Se Lindemberg fosse bonito, teria muito mais com que argumentar com a namorada. Ele poderia dizer: "Eu te escolhi entre todas as outras!" Ou seja, Lindemberg é o caso típico do sujeito que se apega a uma pessoa simplesmente por esta ser a única que o aceitaria! É por isso que escolhi Reinaldo Gianecchini para interpretar o grande protagonista desta história.

Se ele se matasse, o caso teria todos os contornos de uma história de amor digna da alta sociedade, não de um marginal traído que não teve a coragem de tirar a própria vida depois de fazer justiça!

A volta de Nayara ao local de seqüestro foi, antes de tudo, uma gafe e um constrangimento. Ela interrompeu cenas importantes de amor fundamentais à continuidade do filme.

E no meu filme, a Nayara não vai pedir a camiseta de Alexandre Pato. Será a de Rafael Sóbis, para irritar Lindemberg no inferno.

Não contarei mais sobre o roteiro para não afetar as bilheterias.

As locações já foram reservadas em Santo André. Os moradores terão que sair de suas moradias como aconteceu nos dias do seqüestro, com a única diferença de que as filmagens durarão seis meses.

Eis os atores escolhidos (por ordem de aparição):

Lindemeberg - Reinaldo Gianecchini
Eloá - Nivea Stelmann
Nayara - Carolina Dieckmann
Amigos de Eloá - Núcleo Malhação
Pai de Eloá - Antônio Fagundes
Mãe de Eloá - Patrícia Pilar
Policial principal da negociação - Wagner Moura
Brito Jr. - Renato Aragão
Sonia Abrão - Regina Duarte
Policial baixinho - Pedro Cardoso
Novo namorado de Eloá - Lázaro Ramos

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Entrevista com lideranças - George W. Bush

Hoje começam neste blog os relatos de minhas viagens pelo mundo para a reconciliação mundial.

Entrevistei todas as lideranças que me interessavam nos horários em que eu queria e nas cidades deles - pois o patrocínio do blog pagou toda a caravana. Elas precisam de gente que as trate como se não fossem celebridades para que lembrem o que foi que as tornou tão importantes assim.

Foram todas tão simpáticas, que isto serviu para engrandecer minha auto-estima e minha arrogância. Imagine que tomei tapinha nas costas do Bush! Que o Obama me serviu cafezinho! E que mandei o Bono Vox calar o boca enquanto ele cantava aquela música pela milésima vez.

Eu tentei ser humilde.

A minha missão era devolver a paz ao mundo. Mas paz não tem graça. Então todo o caos que retirei de uns cantos, devolvi em outros. Deixei Bush mais mansinho e Obama mais nervoso; O Kaká mais diabólico e o Edmundo um pouco crente.

Para abrir esta série, creio que o presidente dos Estados Unidos é a pessoa mais adequada. Não me importo com este país, mas é legal zombar do presidente nas horas em que as coisas não estão dando certo como se esperava.

O lugar em que Bush me recepcionou foi uma coincidência entre o que ele queria e o que eu desejava: Casa Branca. Porque era a casa dele e também o lugar mais interessante que creio que haja nos Estados Unidos.

Eu fui de terno, que era para poder vestir o botton do Palmeiras. Bush estava de terno porque ele fica mais à vontade assim do que de pijama. Vida de presidente é fogo.

"E aí, Bush!", eu perguntei. Um comprido silêncio se seguiu. Eu silenciei e fiz cara invocada, para pressioná-lo; mas ele não percebeu e foi somente um silêncio que me honraria muito depois, pois é quase que inimaginável um silêncio daquele tamanho em uma agenda tão atribulada.

Bush me perguntou, então, onde é que eu estava hospedado.

"Na casa do Obama!" Ele não tomou um segundo de susto e começou a falar sobre a Cláudia Ohana. Disse que a Playboy dela é um mito, um sucesso, mas foi quando ele começou a falar das novelas que eu percebi: Ele não ouviu corretamente. Confundiu Ohana com Obama. Ao que eu o interrompi: - "Não é Ohana. É Obama". E ele disse: "Ah, que susto! Pensei que fosse no Obama!"

Dei-lhe uma bronca preciosa! Ele é uma pessoa alucinada, que escuta o que quer. Mas parece que não ouviu minha bronca, pois logo a seguir me disse que eu não sou arrogante como pareço no blog. Eu lhe confirmei que eu não era arrogante, antes tímido! E que a timidez é a grande qualidade de nossa época, já que os tímidos não enchem tanto o saco. "Imagine, Bush!, que tem gente que vem me questionando sobre a autoria do Ensaio sobre a cegueta, obra que no mínimo inspirou o Saramago!"

"O que é Saramago?", Bush perguntou.

Eu ri e anotei para usar na minha entrevista intimidadora com Saramago.

"Bush", eu disse, "acho que é preciso sempre diferenciar o pai do filho. Meu pai, por exemplo, faz pizza e eu sou um gênio. Agora. Você e seu pai são idênticos!"

"É, o bigode lembra."

"Mas vocês não têm bigode!"

Bush fez a cara que melhor lhe caracteriza.

"Por que você quis a reeleição?"

"Sabe, rapaz, que quando entrei na Casa Branca o que mais me encantou foi um chocolatinho. Desde então, só penso nesse chocolatinho. É me dar um desses que eu assino qualquer coisa!"

Sabe como era o chocolatinho?

"Ele é pequeno, vem numa embalagem azul e está escrito BIS em cima."

"Tem muitos no Brasil!"

"Jura? Acho que vou para lá em Janeiro, então. Obrigado."

Precisava finalizar esta entrevista insuportável: "Que recado você mandaria para o Obama?"

Antes de responder, fez uma ligação em inglês e não entendi nada. "Eu falaria para ele aproveitar os queijos que deixei no freezer!"

Antes de me despedir, ele me deu um gilete para entregar para a Cláudia Ohana.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria! - a novela - décimo sétimo capítulo - terceiro bloco

Voltamos a apresentar Eu não sou Virgem Maria!

Deus muito se emocionou com a defesa do advogado. Ele chegou a dizer em conversas posteriores que nem Ele faria uma defesa tão bela e tão bem feita! Mas faltava ainda a questão do suicídio. Deus dirigiu-se rispidamente a dona Rodolpha:

- A senhora ia se matar, não ia? Eu tive tanto trabalho para projetar o mundo em sete dias, os seres humanos do barro, e você ainda quer livrar-se do privilégio da vida?!

Dona Rodolpha nesta hora foi tão esperta quanto estava assustada:

- Deus. Eu nunca pedi para nascer. Essa história de que cavalo dado não se olha os dentes é absurda! Imagine que tem gente que dá cavalo estragado unicamente para se livrar dele! Fora que ninguém te pediu para criar o mundo em sete dias. Você tinha quanto tempo quiser. Não coloque na minha conta a sua pressa! Mas eu gostava de viver, Deus. Estava quase aceitando a homossexualidade de meu filho. Acontece que eu não ia me matar. Não! Eu só queria conhecer um bombeiro!

Deus riu da situação e abriu as portas do paraíso para dona Rodolpha.

Eu não sou Virgem Maria! - a novela - décimo sétimo capítulo - segundo bloco

Voltamos a apresentar Eu não sou Virgem Maria!

Péricles pede primeiramente que Deus lhe devolva as roupas. Muito da credibilidade do advogado lhe vem da vestimenta. Ele tem a consciência de que tudo o que falar de nada servirá se não estiver bem vestido. É como um grande texto como este em um blog ruim.

- Mas estamos todos nus!

Péricles percebe que Deus está realmente peladinho! Ele toma um grande susto e pede então que todos se vistam.

- Mas está muito calor! - Diz Deuu, achando muita graça da situação.

- Eu vou me vestir, queira o senhor ou não!

Deus veste Péricles, mas a situação se torna constrangedora unicamente ao advogado. É como ir vestido normalmente a uma festa fantasia!

Deus começou o julgamento:

"Péricles. A defesa de dona Rodolpha é muito difícil. Ela iria ao paraíso certamente se morresse no ano passado. Mas neste ano cometeu duas gafes que certamente são capazes de lhe tirar este privilégio.

Primeiramente renegou o filho unicamente por ele ser homossexual; depois, tinha resolução certa de cometer um suicídio! Foi um tropeção que a livrou do pior!"

Foi nessas palavras que Péricles fez a defesa de dona Rodolpha:

"Deus. Todos concordamos que o Senhor é modelo maior de perfeição.

Não é à toa que quando comemos um prato gostoso de lasanha o chamamos de divino! Que na Bahia se coma um manjar dos Deuses. Que os arrogantes acham que o Senhor é para o céu o que eles são para a terra. Que os nazistas nojentos mentem que o senhor seja loiro.

Por isso, os melhores seres humanos devem sempre tomar suas atitudes como um caminho a ser seguido. Se você descansa aos domingos, devemos também descansar nesse dia. Se você pede que as crianças se aproximem, nós também pedimos. Se você come peixe, peixe comemos. Se você renega os filhos por não seguirem uma ordem sua, nós também devemos renegar os filhos quando não cumprem uma ordem nossa.

Assim como você disse naquele dia para que Adão e Eva não comessem uma maçã, dona Rodolpha, em 23 de maio de 1976 disse para Lúcio o seguinte:

- Meu filho, não seja gay!

Adão e Eva comeram a maçã e o Senhor os renegou; Lúcio teve relações homossexuais e dona Rodolpha o renegou. Há alguma diferença entre Sua atitude e a dela?"

Estamos apresentando Eu não sou Virgem Maria!

Eu não sou Virgem Maria! - a novela - décimo sétimo capítulo - primeiro bloco

Dona Rodolpha tenta subir ao último andar de seu prédio para se matar. Mas ao sair de casa, tropeça e cai por oito lances de escada. Engraçada, a morte de alguém que ia se matarmas morreu sem querer. Deus:

- Rodolpha. Você teve uma sorte de que não faz idéia! Ia diretamente para o inferno, mas esse tropeção lhe garantirá pelo menos a chance de um julgamento!

- Obrigada, Deus! Você tem certeza que eu morri?

- Tenho, sim.

- E agora é que vai ser meu julgamento?

- É.

- Só falo na presença de um advogado!

- Ok! - diz Deus, muito bem humorado.

Neste momento, Péricles Silva Souza Augustes Bernemontes, um advogado de renome, sofre um acidente gravíssimo que lhe tira a vida.

- Pronto! - Diz Deus. - Agora você já pode falar. Péricles, defenda esta mulher, a Rodolpha!

Advogado e ré se entreolham, dando assim um breve cumprimento.

- Comece a defesa, Péricles!

Estamos apresentando Eu não sou Virgem Maria!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Funcionário do mês - Novembro


Deus é muito maleável. Ele é o único que dialoga com palmeirenses e corintianos durante o clássico; com iraquianos e americanos durante a guerra; com homossexuais e skinheads durante a briga. Não só isso. Ele falou com Platão e fala com os emos; com Cabral e com os hippies; com este blog com com a bíblia.

É por isso que Ele nunca saiu da moda. Por ter essa capacidade de agradar a todos ao mesmo tempo e em tempos diferentes. Ele tem alguma coisa de eterno, que se adapta facilmente a todos os tempos, sem que faça nenhum grande esforço.

Enquanto rezava para saber qual seria o funcionário deste mês, Ele disse para eu me preparar, que seria um cara surpreendente. Que eu conheceria sem conhecer. Que fosse pop e inteligente.

- Rapaz! Ou melhor: Deus! Você não está falando de mim, né? - eu disse, num êxtase religioso.

- É claro que não. Você já vai saber.

E Deus me surpreenderia deveras ao longo da reza. Deus é foda.

Veja o que Ele disse:

"O funcionário deste mês é tão merecido, que se sobreporá aos funcionários dos outros meses. Enquanto os outros funcionários são de apenas um nixo determinado, o deste mês une duas coisas tão diferentes e inimagináveis, que me faz em muito orgulhar de minha criação humana.

Trata-se do famosíssimo Lenin Kravitz!

Ele uniu o socialismo soviético ao pop americano com tanto sucesso, que hoje em dia é idolatrado pelos dois países.

Seu primeiro sucesso, Sovietic Woman, surpreendeu a todos. "Como que ele fala de uma mulher soviética em inglês?", me perguntou uma fiel. O que lhe respondi foi: "A pergunta não é essa. A pergunta que você deveria fazer é: Como eu acabo gostando de uma música que fala de uma mulher soviética em inglês?"

Este é um sujeito que simplificou e desmistificou as relações humanas do século vinte. É o comunista mais capitalista do mundo! E o capitalista mais comunista também.

Muitos me perguntavam como eu iria resolver os problemas do mundo naquela guerra congelada. Eu lhes dizia que era função de um enviado muito divertido e inteligente, que surpreenderia a todos. Lenin Kravitz.

Você deve se perguntar do porquê ele ser funcionário somente neste mês. É que ele faz aniversário."

Sobre o dia da consciência feia

A participatividade deveria ser um talento raro. Este é, sim, um dos grandes defeitos de Deus. Ele distribui participatividade aos bons e aos ruins sem o menor critério! Quanto talento deixamos de apreciar por um gênio não ser participativo! E quantas besteiras temos que ouvir por um idiota ser participativo!

Pois um leitor participativo deste blog comentou em ocasião de minha proposta do dia da consciência albina, que os feios é que deveriam ter seu dia, já que são o mais discriminados.

Entendo perfeitamente o leitor, pois tenho uma incomensurável capacidade de compreender ignorâncias. É claro que deve ser um leitor bem intencionado, é claro que deve gostar muito de mim, como é claro que foi um comentário despretensioso, impensado.

Já é hora de pararmos de fazer coisas despretensiosas. Ainda mais em um lugar tão importante como este blog. Imagine você que os comentários aqui vem aos milhões. Não pense que isto é um convite ao comentário qualquer, pois ao mesmo tempo em que o comentário se perde em meio à multidão, a multidão tem a possibilidade de lê-lo.

Meu leitor. Os feios já atrapalham demais a nossa vida.

Você entra no ônibus em um dia agradável e vê um sujeito feio. O que faz? Aliás, o que você sente? É como se o dia se tornasse menos agradável e menos bonito. Deus teve o trabalho de fazer um belo dia de sol, Kassab teve que limpar a cidade inteira, para vir um feio ao seu lado e estragar todos estes esforços conjuntos.

Os feios, se não fossem úteis na indústria, deveriam passar a vida em casa se escondendo.

Da mesma forma que eu, pessoa de grandessíssimo talento, me exponho aqui, o feio deve se esconder sempre que possível. O feio tem que ir de casa ao trabalho, do trabalho para casa.

É por isso que não se emprega feios em finais de semana. Porque são dias de lazer, de beleza pelas ruas. Os feios estragariam a alegria do final de semana. Os bonitos adoram os finais de semana por verem menos feios nas ruas; e os feios adoram os finais de semana por não terem de expor a própria feiúra para todos.

A ignorância do leitor deixou escapar outra coisa importante: que os feios estão incluídos no dia de consciência negra, da consciência albina, no dia da mulher, dia das crianças, dia do funcionário público...

Seja qual for o feio, ele sempre vai ter um feriado no qual se enquadrar. Até Jesus, se fosse feio, teria o Natal.

E se o sujeito for feio, muito feio, que até os feriados o rejeitem, ele não se desespera totalmente. Porque tem o ano novo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Clássicos? Sei. - Chico Buarque - A banda

Chico Buarque diz coisas inteligentes mas não é arrogante; é bonito mas não tem o nariz empinado; tem olho verde mas não é nazista; tem voz de pato e mesmo assim canta. Enfim. Ele é o que se pode chamar de um cara legal.

Nos idos anos 70, não passava um dia sem que ele tentasse falar comigo. E não tinha um dia em que eu retornasse as ligações dele.

Ele queria tanto lutar contra a ditadura, mas eu apoiava veementemente os militares! Ele precisava de mim, mas era contra mim! Um dia ele perguntou:

- Por que você apoia os militares?

E eu respondi, me lembro bem: - "Por causa do verde. Adoro verde! No dia em que a juventude for verde, eu a apoio!"

Chico riu, e disse que me mandaria uma carta em sigilo. Eu respondi que nunca quebraria o sigilo, a não ser que ele fosse flagrado praticando relações sexuais na praia.

Eis a carta:

"André, meu chapa,

Eu deveria odiá-lo. Você apóia os militares no momento em que o Brasil mais precisa que você seja contra eles! E só por causa da cor! Só de pensar que se eles fossem azuis, hoje estaríamos em um momento diferente e melhor, sinto desânimo e chego a ter calafrios!

Mas é impossível odiar alguém tão brilhante, tão genial. Quinta-feira passada cheguei a compor uma música de apoio aos militares unicamente por sua influência. Rasguei rapidamente, antes que alguém visse. Creio que foi inútil, pois a vermelhidão na minha face me denunciava como o papel higiênico sujo denuncia a bunda.

Políticas à parte, vamos à arte.

Estou com passagens compradas para Salvador para criar uma nova onda musical no Brasil. Já tem até nome: Axé.

No axé, valorizar-se-á o corpo e menos a música através da música. Fui claro? A música servirá para o corpo feminino como o Dedé serve para o Didi, nos Trapalhões.

Já compus a primeira música, "A Bunda", que segue no verso desta carta. É claro que preciso da sua ajuda. Melhore algumas concordâncias. Empreste-me sua genialidade.

Você acha que umas dançarinas cairiam bem?

Abraço,

CB
"

Eis alguns trechos do original de Chico:

"Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a bunda passar
Cantando coisas de amor...."

"O homem sério que contava dinheiro parouO marceneiro que consertava a pia parouA namorada que tomava refrigerante arrotouPara ver, ouvir e dar passagem"

"O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensouQue ainda era moço pra sair do atraso e traçouA moça feia debruçou na janelaPensando que o vizinho tocava uma pra ela"

E a minha resposta à sua carta:

"Chico,

Eu gosto tanto de você, que nem cobrar pelos serviços, vou. E também você não precisava escrever de verde. Não apoio mais os militares. A nova onda é o vermelho!

Acho melhor você deixar o axé para depois. Para os anos 90, mais precisamente. Porque este é um movimento essencialmente burro. Se vir de alguém inteligente como você e numa época inteligente como essa, não terá o menor efeito. Sem dizer que isso mancharia a sua carreira.

Quero dizer. Você ganharia muito dinheiro agora e nada mais tarde. Fiz as contas, e creio que se você viver até 2010, será até mais lucrativo que você não seja o precursor do axé, porque os salários menores até lá ultrapassarão o grande dinheiro que você receberia hoje.

Fora que a letra está horrível. Ninguém pára para ver a bunda passar. A pessoa está passando e vê a bunda de rabo de olho. Parar para ver bunda é meio gay. Você é gay?

Fiz umas alterações que muito vão agradá-lo. Agora não é mais "A Bunda". Mudei para "A Banda". Percebe que fica melhor? A gente pára para ouvir música, principalmente se for uma banda interessante. Pense no seguinte: Uma bunda passando na rua estará sempre coberta por um shorts, não é? A banda, não! A banda estará toda exposta, e todo mundo poderá olhar para ela.

Tenho só uma lição de casa. Se quer que te chamem de gênio, espalhe como quem não quer nada que a banda quer dizer, na verdade, democracia.

Vai ficar chocante.

Na outra folha está a música prontinha.

Grande abraço!

André Ursípedes

ps: Pergunta para seu avô o significado de aacheniano.
ps2: Marceneiro não conserta pia.

Ajude os necessitados de Santa Catarina

Quem lê este magnífico blog, geralmente tem a idéia de que o autor seja uma cínico da pior espécie.

Uma freira, após a leitura, disse, com um sorriso virgem no rosto: - "Horrível! Tenebroso! Pavoroso! Fedido!" Foi este o maior elogio da vida. Porque a freirinha, coitada, foi obrigada a exprimir exatamente o contrário do que sentiu. Enquanto ela dizia horrível, eu ouvia maravilhoso! Tenebroso, não; era sensacional! Só não entendi o porquê de fedido.

Entenda que a superioridade é vista hoje em dia como um simples cinismo, ou algo muito pior. Se Pelé tivesse um blog tão bom quanto suas jogadas, ele seria chamado de cínico.

Então caiu o maior temporal em Santa Catarina, e vocês pensaram que eu não iria fazer nada. Pois farei aqui uma ação maior do que se fizessem um Criança Esperança para essas vítimas. É uma campanha em que doarei todos os comentários.

Agora é assim. Você comenta aqui, e os necessitados de Santa Catarina agradecem.

Esta é a primeira atitude beneficente que é benéfica para quem faz a solidariedade. Pois agora há quem leia os comentários.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Pergunta do aluno

Terça pela manhã, após tomar meu achocolatado em porções generosas, meu telefone tocou estridentemente. Claro que ele tocou como sempre toca, e não sei se por que era de manhã e eu estava mais sensível, ou se foi por puro pressentimento mesmo, era um toque estridente demais, desesperado demais.

Era de um aluno meu de Desaparecida do Norte.

Eu não gosto de receber telefonemas, mas este aluno é um caso específico. Pois ele se matriculou na faculdade na qual dou aula simplesmente por minha causa. Ele vem todas as terças-feiras presenciar minhas aulas e falta os outros dias justamente para reprovar o ano e poder assistir sempre minhas aulas. É uma grande pessoa.

Ele fez a seguinte pergunta:

Você tem alguma coisa edificante para me dizer nesta manhã de Terça-feira?

A minha resposta foi que sim, que realmente tinha uma coisa edificante para lhe dizer naquela terça-feira. Era uma coisa que mudaria a vida dele. Que teria influência em muitas horas semanais.

Eu disse para ele não me ligar nunca mais, e que também não fosse mais às minhas aulas. Porque parecia ser um enorme mal-amado. Para ele parar com aquele fanatismo, que estava me assustando!

E que cortasse o cabelo.

Na loja de armaduras

Era uma sexta-feira quando um cavaleiro do zodíaco entrou na loja de armaduras. Ele não desconfiou, mas todos tinham os olhos puxados. Inclusive ele. Eu também não acharia estranho, mas reparei no VT. Pensei:

- Esses japoneses dominaram mesmo o mundo!

Fora isso, nada de mais. Armadura do Seya, armadura do Shiriu. Quando um atendente chegou junto e perguntou:

- Como posso ajudá-lo?

Não sei se foi em grego ou em japonês. Contratei uma tradutora que sabia as duas línguas, e esqueci em qual que eles estavam falando. Ah, sim. A tradutora também falava português.

Ele respondeu:

- Estou procurando uma armadura que se adapte ao meu dia a dia. Que quando estiver frio, seja quente; que quando estiver calor, seja fria. Uma armadura que não atrapalhe no banheiro, e que eu possa colocar rapidamente de manhã. Ah! Importantíssimo. Uma que não pegue mancha muito fácil. Olha essa aqui. Estragou depois que eu comi macarrão na casa da minha mãe.

O atendente, muito solícito, disse que sabia do que ele estava precisando. Tratava-se da nova armadura dry fit, da Nike.

- Não gosto da Nike.

- Tem imitação da Adidas, quer dar uma olhadinha?

- Sim, sim.

Ele se encantou por aquelas armaduras que possuíam três faixas no ombro.

- Quero a marrom!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Aviso importante

Os servidores se assustaram pelo enorme aumento de acessos neste blog após sua última aparição em um programa de TV de alcance nacional. Antes acostumados a jogar paciência durante todo o expediente, agora têm que se esforçar para atender cada usuário de maneira convincente.

Eles pedem aumento de 53%, além de vale refeição e direitos trabalhistas. Mas já lhes avisei que aumento não se dá para anão, pois é descaracterizante.

Ah, sim. Eles são anões.

Eles muito bem compreenderam que a honra de trabalhar para este blog está acima de qualquer compensação financeira. Os serviços normalizar-se-ão nas próximas horas.

De nada, pelo aviso.

Eu não sou Virgem Maria - a novela - décimo sexto capítulo - segundo bloco

Voltamos a apresentar: Eu não sou Virgem Maria!

Dona Rodolpha, sempre com a Guinzo na mão, olha firme para Lúcio. Enquanto isso, tira um baton da bolsa e o corta em três fatias com a faca.

- Não se assusta, Lúcio?

- Um pouquinho, mamãe!

- Fofo.

Agora é a estátua de leão da sala que dona Rodolpha corta em fatias. Que faca poderosa! Mas que faca perigosa!

Lúcio pensa se é melhor sair correndo, e para sua sorte toca o telefone. Ele corre para atender, mas a mãe costa o fio com a faca!

- O que é isso, mamãe?

- Guinzo, meu filho. Essas facas são ótimas! - dona Rodolpha já baba um pouquinho na parte esquerda da boca.

Lúcio fechou o ânus que estava preparando para abrir para o Flavinho!

- Que indecência!

- De quê, mãe?

- Dessa novela!

- Ah, sim! Uma indecência! Tem motivo para falar do meu cuzinho?!

- Não tente me distrair, que eu estou muito concentrada! - E dona Rodolpha enfia a faca na parede e tira sem fazer o menor esforço.

- Mas essa faca é muito afiada, mamãe!

Lúcio pega a lista telefônica para se defender, e dona Rodolpha tenta cortar inteira, mas só consegue acertar uma folha.

Súbito, abaixa as calças do filho para cortar-lhe o pênis.

É claro que não conseguiu. O papel fez a faca perder o corte.

Eu não sou Virgem Maria - a novela - décimo sexto capítulo - primeiro bloco

Dona Rodolpha observa Lúcio distraído ao telefone:

- Tá bem, Flavinho. Fofo! Te ligo mais tarde. Beijo, tchau!

- Lúcio! Ao telefone com a Flavinha?

- Não, mamãe! Era o Flavinho!

Música de suspense profundo.

- Mas você nunca foi de mandar beijo ao Flavinho, meu filho! E fofo é mulher que chama homem! O que aconteceu, meu filho?!

- Está tudo escrito na carta! Ai, mãe, estou me sentindo tão bem assim!

- Pois eu não estou! - diz dona Rodolpha, e tira uma faca Guinzo na bolsa.

O suspense aumenta. Lúcio olha assustado para a mãe. E é nesse momento que ela percebe que o filho tinha passado uma base na unha.

- Não dá para continuar desse jeito, Lúcio! Eu não tenho sangue de barata!

- Se você não tem sangue de barata, mamãe, que faça uma transfusão!

Estamos apresentando: Eu não sou Virgem Maria!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Dia da Consciência Albina

Sabemos que os negros foram escravizados por 400 anos e, como se não bastasse, pagaram o que sofreram com o preconceito recebido depois. Daí criarem o Dia da Consciência Negra. É uma data belíssima, além de ser um belo soco nas bolas dos idiotas que ainda têm esse preconceito retardado.

O certo seria que no dia da Consciência Negra, os brancos trabalhassem dobrado. Mas os negros são gentis e não querem troco. Eles só querem que se lembrem muito bem do passado para poderem esquecê-lo tranqüilamente.

Eles não são os únicos que sofreram preconceito. Minha avó, por exemplo, sofreu preconceito, por isso criaram o Dia da Mulher, embora não seja feriado. Os índios também foram escravizados, e dia 19 de Abril é dia deles.

- E os albinos? - Perguntam os leitores desesperadamente.

Os albinos sofreram por todos os tempos, e não há uma data para lembrarmos deles.

Há milhares de anos, têm recebido preconceito do Sol, que os pune com muito mais rigor do que pune os outros. E os outros o punem por isso, em dobro!

Albino não pode ser carteiro, não pode ser juiz de futebol, não pode ser jogador de futebol, não pode ir ao parque com a namorada! Albino não pode nada antes das 18, nada que seja fora de casa!

Criemos o dia da Consciência Albina. Sugiro a data no solstício de verão.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Regime

Para o café da manhã

Compre duas dúzias de chocolate calórico, cinco caixas de macarrão espaguete, três croaçãs de chocolate, Coca-Cola (não pode ser light) 2 litros e sete farias de filé. Coma alface.

Para o almoço

Vá ao armário, veja as duas dúzias de chocolate calórico, as cinco caixas de macarrão espaguete, os três croaçãs de chocolate, a Coca-Cola (lembre-se, não pode ser light) 2 litros e as sete farias de filé, e coma o alface que restou do café da manhã.

Para a janta

Cozinhe todos os ingredientes que você comprou pela manhã, sirva a família inteira em generosas porções, e coma somente alface.

Eu não sou virgem, Maria! - a novela - décimo quinto capítulo

Dona Rodolpha estranhou o cheiro de café às 7 horas da manhã em sua casa. Esse cheiro lhe era comum e ela não sentia desde que...

- NÃO PODE SER - ela pensou alto.

Desde que Lúcio foi passar uns tempos em Moscou. Quando dona Rodolpha sentiu essa cheiro pela última vez, Lúcio não era gay. Agora, é. Gay que nem os meninos que ela olhava feio, que nem os filhos das amigas que ela desprezava. Como aceitar que o menino para quem ela reservava os melhores olhares e os melhores humores era gay?

- Oi, mami! - disse Lúcio com uma pulseira rosa. E pela primeira vez a chamou de mami.

- Com quem você deseja falar, Lúcio?

- Com você, mami!

- Eu sou sua mãe. Sua mami deve ser outra pessoa. Como o senhor está?

- Sem essa, mami! Agora você é minha mami!

Dona Rodolpha inventou que precisava comprar café.

- Mas já tem café, mami! Eu que fiz.

- Não é café. Eu disse bala de goma.

Foi embora para fugir do filho.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Pequenas causas, grandes discursos #3

Caro Cobrador,

Você deve, como ninguém, conhecer o povo brasileiro.

Conhece as madames que por aqui passam com medo de se sujar na catraca; conhece as crianças de sete anos que fingem ter menos que três para não pagar a passagem; as senhoras que não deveriam sair de casa e lotam ainda mais o ônibus lotado; os assaltantes que por ventura te roubam e arruínam seu trabalho do dia inteiro.

Por isso deve saber que somos um povo heterogêneo, mas semelhante em uma coisa: temos todos menos de dois metros e cinqüenta e seis. Até os albinos, meu amigo cobrador, não têm essa altura. Imagine como seria ruim não poder pegar sol e nunca caber embaixo de um guarda-sol?

Seria pedir demais, pois, que tenha troco para dez?

Se não tiver, eu desço no próximo ponto. Mas sempre com a certeza e a esperança de que no próximo ônibus haverá um cobrador de notas pródigas e miúdas que me sirvam de troco.

Tenha um bom dia.

Eu não sou Virgem Maria! - a novela - décimo quarto capítulo

Quem olhava para Lúcio achava que ele não estava bem. E tinha razão.

O rapaz pegou herpes peniana quanto copulou com uma russa que possuía herpes vaginal, perdeu a matrícula da faculdade, brigou feio com a mãe, raspou o carro numa lombada e ainda foi fotografado enquanto balançava o pênis após urinar em um mijador do shopping.

Esses quinze dias sem novela arruinaram mesmo a vida do jovem moço. Principalmente porque não recebeu salário.

Ele recebe um telefonema e vai correndo atender.

- Alô?

Lúcio, sou eu.

- Eu, quem?

O André, que escreve a novela.

- Fala, André! Nossa, eu precisava muito falar com você!

Por quê? O que aconteceu?

- Bixo, não bastasse a herpes peniana que contraí após copular com uma russa que possuía herpes vaginal, perdi a matrícula da facul, briguei feio com a mamãe, raspei a caranga numa lombada e ainda fui fotografado balançando a piroca depois de urinar no shopping!

Quanta desgraça! Mas eu já sabia de tudo. Fica tranqüilo, que a novela vai voltar. E continua rezando para mim, ok?

- Beleza! Tem como você me adiantar cinco mangos?

Tem, sim. Aqui, ó.

- Brigado. Valeu.

Sigam-me os bons

Mas mantenham uma certa distância.

Tudo bem que este blog é um sucesso nacional; que entre mais gente nele do que em outros blogs meus famosos; que este design é atraente e ao mesmo tempo inovador; que há notícias de que até ovelhas têm acompanhado com certa regularidade; que a propaganda disfarçada no Orkut dê efeito assustador; que o nome é engraçado e contraditório; e que é sempre bom ter uma referência genial em tempos infrutíferos a genialidades.

Tudo bem.

Mas não me siga de tão perto. Me dá aflição.

Pergunta do leitor

Os leitores deste blog têm a diarréia humana como modelo de comportamento.

Na diarréia, basta apenas um pequeno cocô ser jogado para a privada, que o resto vai atrás; para os leitores deste blog, um único post sobre eles já desencadeia vários comentários pretensiosos, com o único fim de ser publicado aqui neste precioso espaço.

Este espaço não é papel higiênico, em que vocês podem sujar como bem entenderem, não! Não fosse minha moderação, e os leitores dominariam este blog como os franceses dominaram a Bastilha.

Pois um leitor enviou a seguinte pergunta: Você, por um acaso, possui bruchov?

Resposta: Não sei o que é isso.

Agradecimento

Este blog agradece à Revista Época pela 81ª colocação em sua lista de blogs publicada na semana passada.

O agradecimento veio por pura humildade e educação. Se a Época fosse filha Deste blog, tomaria um dura daquelas, pois não há nem no Brasil, quanto menos na China, blog de melhor qualidade que este.

A Diretoria

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pergunta do leitor

Muito bem veio a calhar a pergunta de um leitor em um comentário neste blog.

Que não se animem os leitores. Não comecem a comentar desenfreadamente, como se este fosse o motivo da existência deste blog.

Este blog existe para refletir a luz própria. Ele é mais importante do que eu, mais importante do que você, menos importante que Juliana. Mas nada é mais importante que Juliana.

O leitor me perguntou o seguinte: Como faço para ter um e-mail @eunaosouvirgemmaria.com?

Resposta: Para ter um e-mail @eunaosouvirgemmaria.com, há várias alternativas.

A primeira e mais plausível delas, é ser eu mesmo ou Juliana.

Se você for outra pessoa, a coisa começa a complicar. Tente ser meu pai, minha mãe ou meu irmão. Se não for um deles, falsifique um exame de DNA provando o parentesco e ganhe seu e-mail.

É claro que eu não vou considerá-lo meu pai ou minha mãe mesmo que você tenha me parido ou fornecido os espermatozóides. Mas forjar um exame já é uma grande coisa.

E se tudo isso não for de seu alcance, você pode fazer uma boa ação ao blog. Minha sugestão é gravar o hino em mp3.

Atenciosamente,

André Ursípedes

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Pergunta do leitor

O leitor André U., de São Paulo, capital, me envia uma pergunta não tão inteligente quanto curiosa.

Este deve ser do tipo de leitor que não só acompanha todos os escritos do mundo moderno, como reflete sobre eles e ainda emite alguns pensamentos. Trata-se de um exemplo de leitor. Queria que todos fossem como ele, mas ultimamente tem calhado de todos os leitores desse blog serem justamente ele. Uma questão semântica para ser resolvida.

É gramatical a pergunta que ele me envia, que com inteligência muito a saboreei.

Pergunta: André. Asteristico não pode. E Os terísticos? Estaria aí a concordância necessária para que o termo seja legítimo na língua?

Resposta: André, meu chapa,

Se pode, eu não sei, mas você está podendo.

É necessária muita inteligência e muito brilhantismo para pensar numa coisa como esta. Você me orgulha, rapaz.

Sua pergunta será enviada ao professor Pasquale, e assim que obtivermos resposta, publicaremos neste espaço tão precioso.

André

André Cintra respira sem a ajuda de aparelhos

Após passar a tarde trabalhando em São Paulo, André Cintra respira normalmente sem a ajuda de aparelhos.

A informação, logo que chegada, não surpreendeu a todos, que esperavam que André não precisasse de aparelhos para respirar. "Ele respira muito errado, faz um barulhão. Mas nunca chegou ao ponto de precisar de aparelhos", relata Juliana Ursípedes.

André nunca precisou de aparelhos para respirar, e quando pensa em respirar respira esquisito, mas não chega a ficar sem ar. "É que nessas coisas a gente não pode pensar. Tem que respirar e pronto. Assim", diz ele mesmo, respirando exageradamente bem.

André pretende continuar respirando normalmente até o final da noite, quando seu ritmo respiratório diminuirá como acontece com quem dorme.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Humildade

Quarta-feira passada, enquanto eu, Ewerton Clides, passava pelo viaduto, percebi um mendigo comendo um prato de comida que parecia muitíssimo saborosa. Perguntei-lhe:

- O senhor sabe quem sou eu?

Ele respondeu negativamente.

Faço isso comumente para exercitar minha humildade. Se bem que é muito bom que uma pessoa horrível daquela não me conheça.

Onde está Wally? #3

O Secretário da União informou na última terça a conceção de uma verba que visa indenizar os albinos por conta dos grandes raios solares que nosso país tropical lhes proporciona. "Ao todo são 365 dias por ano que os albinos não podem sair às ruas sem boné, protetor solar, ou sombrinha para uma proteção eficaz", informou o Secretário com sua pele queimada de sol.

Os albinos receberão cerca de 35 reais por semana, verba suficiente para lhes prover chapéu, protetor solar 56, e blusas de manga comprida que não sejam tão quentes. Javier Solaris, um albino de Ohio que vem ao Brasil para comemorar a medida, diz sem esconder a empolgação: "É um exemplo que o Brasil dá ao mundo. Posso dizer que todas os albinos do mundo gostariam de ser brasileiros."

Isto causa muita revolta, porém, a outros segmentos da sociedade. W., que não quis se identificar, tratou de revelar sua indignação: "Agora quem tem uma diferença cutânea receberá dinheiro para isso?! Creio então que deveremos cobrar os que têm pele resistente, pois gastam menos em protetor solar. Francamente!", diz, já exaltado.

Esta é a primeira medida do Ministro, que deseja presentear os anões com salto plataforma e pula-pula, além de aumentar as taxas nos giletes, para dificultar a proliferação de skinheads.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Pergunta do leitor - Dúvidas amorosas

Meus leitores me perdoem o clichê, mas o clichê é um vírus que envolve por vezes até os gênios mais geniosos e geniais como eu.

É que este blog inaugura a seção de dúvidas amorosas. Claro que vocês já viram esta seção em outros jornais, em outros blogs, em outras vidas, em outros países... Mas assim como vocês já viram novela na Globo e no SBT, e depois viram uma muito melhor neste blog, vocês lerão conselhos amorosos neste blog em um nível que jamais viram em suas vidas.

A primeira dúvida vem de Manaus, Brasil.

"André,

Desculpe incomodá-lo, mas sua ajuda se faz essencial para minha felicidade.

Estou apaixonada por um sujeito há três meses. Ele não dá bola para mim, mas também não sabe que o amo. Tenho dúvida se devo mostrar-lhe meus sentimentos, porque receio que ele seja metrossexual.

A minha dúvida é: - Metrossexualidade é uma espécie de homossexuaildade?

Meu nome é Maria Antonia Fernandes, mas peço encarecidamente que não me chame assim, mas de Pérola.

Agradecidamente,

Maria Antonia, a Pérola"

Resposta: Maria Antonia,

Eu a desculpo por me incomodar. Mas a chamo de Maria Antonia, porque não gosto definitivamente de receber ordens. Eu sou como a criança que estava em cima do telhado que pulou após a mãe dizer-lhe: - "Não Pula!"

Sua dúvida muito me agradou. Há tempos venho pensando este tema, e creio que estou pronto a lhe oferecer uma boa resposta.

Metrossexualidade não é uma espécie de homossexualidade, não. A metrossexualidade é uma homossexualidade avançada. Porque o metrossexual é o gay que não teve a macheza de se declarar homossexual.

Entende?

Acho que é melhor você tentar namorar outra pessoa. Caso este homem lhe seja muito necessário, tente pagá-lo, porque ele não vai desejá-la por outros métodos.

Mais alguma coisa?

André

Pergunta do leitor

Uma vez observei que uma madame bem cheirosa deu gorjeta pela primeira vez a um mendigo mal cheiroso.

Esta mesma madame passava todos os dias em frente ao mendigo sem deixar de lhe oferecer a careta mais feia que uma madame bonita como ela era capaz de fazer. Uma vez até disse:

- Ô, mendigo! Quer trabalhar na minha casa? Ah! Acho que você não pode! Acabei de lembrar que preencheram ontem a vaga de mendigo para o portão!

Era uma madame que compreendia toda sua superioridade e não fazia questão de escondê-la. Pois nesse dia ela deu gorjeta ao mendigo que desprezava.

Tem dias que, sem nenhuma explicação ou interesse, a gente faz coisas boas a quem a gente mais despreza.

É o que acontecesse neste blog hoje. Estou cedendo o segundo post ao leitor.

Hoje, em um metrô, um leitor deste blog que não me conhecia chegou-se ao meu lado perguntando o seguinte:

Pergunta do leitor: André, você, que gosta tanto de futebol, por que não fala desse assunto no blog?

Resposta: Eu não falo de futebol por pura incapacidade.

Acho que para falar de um assunto é preciso sempre ter algo a acrescentar. Alguma visão diferente, mesmo que errada. Pois outro dia eu tentei escrever um texto de futebol e parei quando escrevi que a torcida era o décimo segundo jogador.

Os leitores

Há dois tipos de leitores deste blog.

O primeiro é de gente de um bom gosto direto. Que lê este blog para trocar idéias ruins por idéias boas; para reciclar a mente. Enfim, para se deparar com algo de superior na literatura universal. É essa gente que em outras épocas lia Shakespeare, Cervantes, Dostoievski, e que até o início deste ano não sabia o que fazer nas horas vagas, pois este blog ainda não existia.

O segundo tipo é de um bom gosto indireto. É de gente não necessariamente invejosa que entra para falar mal. Essa gente não tem a capacidade do telespectador. É gente recalcada que não aceita que nasceu para ser platéia de grandes astros da literatura universal, e vem aqui para falar mal. Porém, só por vir ao blog já é um bom gosto. Escolher bem o que falar mal já é bom gosto. Um bom gosto indireto.

Pois sábado um leitor do primeiro tipo me telefonou para dizer que gosta muito de meu blog e que eu estava de parabéns. Eis um defeito do primeiro tipo: achar que por gostar do blog é uma pessoa tão boa quanto eu.

Não é. Meu corte de cabelo é insuperável.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo terceiro capítulo - segundo bloco

Voltamos a apresentar: Eu não sou Virgem Maria!

Dona Rodolpha tem uma característica de que gosto muito. Quando ouve um defeito de alguém, sente a mesma sensação de que se alguém tivesse exaltado qualidades dela mesma!

É claro que isso é um defeito, e eis aqui algo incompreensível: por que em novelas sentimos raiva dos defeitos do personagens, se é por causa deles - os defeitos - que a novela fica boa? Imagine uma novela cheia de virtudes; uma novela cheia de Gabrielas Duartes sem nenhuma Renata Sorrah para tentar enfiar o facão na chata?! Uma novela boa não se faz com virtudes! Assim como um bom jogo de futebol, uma boa novela não ganharia o troféu fair-play.

Pois Dona Rodolpha viu uma garota linda na fila da loja. Primeiro pensou, "essa seria perfeita para meu filho!" Depois de pensar que o filho não seria perfeito para ela, tratou de procurar um belo defeito. E o encontrou por um relevo por cima da blusa. "Ela certamente deve ter uma verruga ali acima do peito!"

- Vem cá, bem! Viu, tem um creme muito bom para verruga. Chama-se Verrugol, você passa e ela sai!

Assim, sem motivo nenhum. Só para amolar a bonitona, já que o creme nem existe!

Estamos apresentando: Eu não sou Virgem Maria!

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo terceiro capítulo - primeiro bloco

De protesto por eu não mencioná-la por vários capítulos, Solange ficou sentada em seu quarto por sete dias seguidos. Virada para a parede. Sem tomar nada, sem beber uma golinho d´água, e o pior: sem fazer xixi. Qualquer um passa três horas sem comer. Mas passar três horas sem fazer xixi é de um esforço só comparável ao de três dias sem fazer cocô! Cruzes!

Mas esta é uma história ficcional. Os personagens só morrem quando eu percebo. E Solange é tão desprezível, que ficou todos esses dias sem comer e eu nem notei! Estava concentrado em dona Rodolpha.

Solange.

- Que é?

Joguei um pedaço de comida no outro canto, e ela saiu correndo, agora mortinha de fome. Pela pressa, ela tropeçou e bateu a cabeça no chão, e caída ficará mais sete dias. Agora em coma. Para não fazer mais protestos no meio da novela. É preciso manter os personagens com a rédea curta!

Estamos apresentando: Eu não sou Virgem Maria!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Politicamente correto

Um dos leitores de meu blog, o senhor André, enviou-me um e-mail muito gentil tratando de sua indignação por um shopping paulista cobrar o uso do banheiro público.

Pois não é somente o nome, o cabelo e a indumentária que me assemelha a este brilhante homem: eu também detesto quando cobram por gentilezas. Eis a carta que ele me enviou a partir de meu e-mail para o próprio e-mail. Genial, eu diria, sem cometer o menor exagero.

"Caro André,

Leio sempre o seu blog. concordo com tudo que aí está escrito, por isso também o considero o melhor blog do mundo. Pude acompanhar algumas das entrevistas que você fez consigo mesmo, e a genialidade lhe escorre dos poros com a naturalidade com que o suor do esportista lhe escorre da pele.

Quero relatar o que observei no último dia 12, no Shopping Light.

Antes de subir as escadas, me deu de repente uma súbita vontade de ir ao banheiro. Perguntei ao segurança onde era, e ele gentilmente me informou que era logo ali, à esquerda. Lá, notei que havia uma catraca. Ora, nada tenho contra as catracas comuns; mas detesto as mercenárias, como era o caso daquela.

- Moço, aqui se cobra para utilizar o banheiro? - perguntei duvidando do que via.

Ele respondeu positivamente, cinqüenta centavos.

Com que impavidez, que o shopping cobra o que lhe é obrigação! Se não for obrigação é, no mínimo, uma cortesia! E cortesia não se cobra.

Utilizam-se das nossas necessidades biológicas para ganhar dinheiro! Creio que este shopping cobrará no futuro o uso do ar para respiração, do banquinho para descansarmos e uma tarifa será cobrada para sermos atendidos atenciosamente pelos funcionários da loja.

Utilize, pois, o espaço de seu blog para dizer aos donos do Shopping Light que o futuro decréscimo de renda do shopping não será culpa dos marketeiros, como eles suporão. Será por minha ausência, já que não lá gastarei mais minha fortuna! Justamente por cobrarem por o que não se cobra.

Grande abraço,

O xará"

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo segundo capítulo

Dona Rodolpha está vendo televisão com a mão no queixo, quando de repente a põe no coração para exclamar o seguinte:

- Ai, o Brito! Como eu gosto do Brito!

O Brito é esse mesmo, o Brito Jr. da Record. Dona Rodolpha fica encantada ao perceber como este homem pode ser tão charmoso apesar de ser careca, ou em como esse homem pode ser tão careca apesar de ser charmoso. Não sei qual é a ordem, mas o encanto foi enorme. Brito estava comentando alguma coisa sobre qualquer assassinato quando lhe escapou uma risadinha.

Dona Rodolpha levantou-se abruptamente porque era preciso ir ao psicólogo. A primeira idéia era de ir ao psicólogo para procurar o melhor tratamento para o filho, o pederasta.

- Rodolpha?

- Sim, quem está falando comigo?

- Aqui é Deus, Rodolpha. Vim para lhe dizer que pederastia não é doença. Talvez a verdadeira doença seja achar que pederastia é doença. Ah! E me ouvir não é doença, não. Fique tranqüila.

A segunda idéia foi a de tratar a ela mesma, primeiro porque estava enlouquecendo por seu filho ser gay, depois porque estava ouvindo Deus com uma freqüência assustadora.

Imagens da cidade.

Dona Rodolpha na sala de espera, lendo a revista Caras.

- Senhora secretária, a senhora teria uma caneta para me emprestar, por favor?

A senhora secretária não emprestaria se soubesse que dona Rodolpha desenharia bigodes em todas as mulheres e cabelos compridos em todos os homens. Aquela Caras ficou toda invertida. Um escândalo.

- Dona Rodolpha Albuquerque!

Ela se encaminhou ao médico, o cumprimentou e mal o doutor fechou a porta, que dona Rodolpha foi logo falando.

- Gay, gay, gay, meu filho é gay! Ouviu? Gay! Ele é gay!

- Quem? O Lucinho? É gay?

- Gay! O Lúcio é gay, doutor! Meu filho é gay!

- Eu bem desconfiei quando vi a capa do jornal. Mas o que lhe traz aqui?

- Como o que me traz aqui, doutor?! Meu filho é gay! Ele precisa de tratamento urgente, pois está vindo ao Brasil!

- Quem precisa de tratamento é a senhora. A senhora está com depressão.

- Depressão, doutor? Não é depressão, não! É algo muito mais sério! Eu acho que é síndrome de down!

- Ah! - o doutor ri calmamente - síndrome de down, a senhora não tem. Deixe-me só conferir aqui. Não, não. Não é síndrome de down. Muitas pessoas confundem depressão com síndrome de down, querem mandar no doutor, dizer que é mesmo síndrome de down. Mas não é, Eu lhe garanto. A senhora tem depressão!

- Oh! - com a mão na boca - Me desculpe.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Olá,

Meu nome é Ewerton Clides, e eu raramente começo um texto com uma saudação. Por isso, minha leitora, veja neste texto - além da raridade sociológica presente sempre nos textos escritos por mim, Ewerton Clides - a excentricidade de um Olá.

Toureiros dizem Olé!, mexicanos dizem Ôla!, seres humanos têm olho!, e eu lhe digo Olá!

(Não lhe perguntarei se está tudo bem. A concessão sociológica de hoje termina no Olá!)

Vim não para fazer concessões sociológicas. Vim para dizer sobre narcóticos. Mas não estou preocupado com as famílias nacionais que perdem crianças para as drogas. Crianças que trocam a mãe por um craque que não joga bola. E que fumam deselegantemente uma droga de nome também deselegante. (É maconha, a droga! Mas não vou dizer aqui, porque é muito deselegante!)

Porque eu, Ewerton Clides, sou viciado em uma garota de maneira mais profunda que uma criança se vicia em uma droga. Ela esquece a mãe, mas a escuta. A mim, se me dizem mãe, pergunto: "De quem?!"

Sou viciado numa garota, mas ainda assim faço sociologia. Paixão sociológica.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo primeiro capítulo

Não sei de onde dona Rodolpha tirou que filho gay não vale nada. Não há mal algum em ter filho gay. O único ponto ruim de uma outra pessoa de sexo oposto ser gay é quando se está interessado sexualmente nela.

- Seria dona Rodolpha uma mãe incestuosa?! - o leitor pergunta.

E mais:

- Dona Rodolpha abusou do próprio filho na infância?!

Não contente:

- Dona Rodolpha matou o marido para ficar a sós com Lúcio?!

Não, minha gente. Dona Rodolpha não tem interesse sexual nenhum pelo filho. Aliás, ela o acha meio gay, desculpe, meio molenga para a idade dele. Ela não se interessa por homens molengas. Pior ainda por filhos molengas. Mesmo se ele fosse durão, ela não se interessaria. Quem faz o tipo de dona Rodolpha é o porteiro. Eis o motivo por que ela não aceita a homossexualidade do filho: - Ela se constrangeria com o porteiro.

Não propriamente zombada, porque aquele homem é um poço de profissionalismo imbecil. Dona Rodolpha veste a melhor sandália, o melhor biquini, o melhor chapéu para se exibir para aquele homem, mas ele só diz três coisas. A primeira é "Bom dia, Dona Rodolpha". Segunda: "As cartas, Dona Rodolpha". A terceira e preferida dela: "Quer que eu carregue as compras, dona Rodolpha?", ela sempre quer. Ela faz compras para ouvir aquilo, para ele carregar aquilo, para pegar o elevador com ele! Não, ele não sobe no elevador. Só entra até descarregar as compras.

Uma vez ele deu preferência às compras de uma mocinha. Rodolpha ficou três dias inteiros sem ir às compras para fazer ciúmes, e o porteiro pensou somente que ela estava com problemas financeiros - mudou de opinião, achando que era a menopausa, quando reparou que ela não lhe respondia o bom dia. Outra vez ela o fechou no elevador, ficaram somente os dois naquele cubículo. Os dois e sucrilhos, sabão em pó e leite para fazer bastante peso. Vinte leites. Ela já tinha mais de 200, porque ela adorava vê-lo carregar leites! Mas ele gentilmente abriu a porta e pediu desculpas sem reparar que aquela mulher oleosa ficara mais vermelha que espinha.

Enfim. Tudo que dona Rodolpha sabia sobre ele era que se chamava Roberval. Estava escrito no crachá.

Sobre visitas

Este blog tem recebido muitas visitas. Somente ontem, foram 16. É por isso que não digo que meu blog é minha casa. Porque as pessoas poderiam misturar e ao invés de visitarem meu blog, visitarem minha casa. Se dois terços das 16 pessoas pedirem copo d´água; um terço quiser pão de queijo; metade ficar para a janta e passar duas horas em casa, eu gastaria dois litros d´água, dezenove pães de queijo, duas garrafas pet de Coca-Cola e, o pior: quatorze horas do meu dia.

Rapaz, eu passaria meu dia inteiro recebendo visitas!

Quando entrarem em meu blog, se sintam em casa, mas jamais confundam: meu blog não é minha casa.

Ponto com

Quando este blog foi criado, a expectativa que se lançou sobre ele foi a mesma da ocasião do nascimento de John Lennon: nenhuma.

Assim como os pais de John Lennon, eu não tinha a menor idéia de que havia criado o que seria a maior representação da cultura pop do século. Eles queriam um filho e criaram um ídolo! Eu queria apenas um blog e criei um marco da representação, da arte e, por que não?, do esoterismo.

Este blog merecia um domínio personalizado, sem nada de blogspot o seguindo como um parasita desavergonhado.

Por isso, na hora de indicar para seus amigos, não diga dáblio, dáblio, dáblio; ponto eu não sou virgem maria; ponto blogspot; ponto com. Não. Diga dáblio, dáblio, dáblio; ponto eu não sou virgem Maria; ponto com!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria! - a novela - Décimo capítulo (A coisa está esquentando!)

Dona rodolpha recebe a carta de Lúcio e diz um palavrão somente com a boca, sem som. Só dá para ouvir levemente a palavra "pariu". Ela dá um tapinha na boca e faz o sinal da cruz. Deus, se lhe desse ouvidos, diria:

- De ter falado palavrão, você se arrepende; mas de querer que o filho morra só pela opção sexual dele você não se arrepende, não é, dona Rodolpha?

Aliás, Deus disse isso, mas ela fingiu que não ouviu. E depois teve que fingir que não acreditava em Deus. Fingimento que mais tarde passaria porque ela precisava Lhe pedir que deixasse o filho na Rússia. Ou que pelo menos não fosse gay!

Nessa hora, Deus lhe respondeu:

- Minha filha. Ser gay não é defeito. Eu mesmo já achei em alguns momentos que minhas criações masculinas eram melhores que as femininas! Olhava os homens e tinha que repetir para mim mesmo: São seus filhos! São seus filhos! Só depois da Juliana é que me resolvi quanto a isso. Bem, você não me ouviu agora. Foi só uma alucinação. Passar bem.

Dona Rodolpha pegou sua caneta tinteiro e mordendo a língua escreveu:

"Lúcio, meu filho,

Não vejo problema nenhum na sua opção sexual. Mas eu adoro a Rússia e acho que seria bom que você passasse mais tempo aí. Quem sabe mais 43 anos?

Grande abraço,

de sua mãe,

Rodolpha"

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Clássicos? Sei. #3 - Fiodor Dostoievski, Crime e Castigo

Todos sabem da minha incomensurável capacidade artística. Por isso, artistas de grande gabarito internacional sempre me pedem auxílio. Sucesso na certa. Picasso, Dostoievski, Eça de Queirós, Disney, Jorge Amado, Machado de Assis, Robinho, Santos Dumont, Michelangelo. Isso para citar alguns.

Hoje quebrarei o sigilo por conta de uma quebra de contrato de meu ex-amigo Fiodor Dostoievski. Ele achou que não haveria problema nenhum em não manter uma alimentação balanceada. Mas aquilo está no contrato. Amigo meu se alimenta bem. É que depois vêm todos reclamando do colesterol, da gordura trans. E eu não tenho paciência para isso! A arte me consome.

Era uma terça-feira gelada quando chegou à minha casa uma carta com as seguintes palavras:

"André,

Desculpe incomodá-lo, mas sua ajuda se faz tão essencial quanto o ar que respiro.

Descobri seus dotes na Feira Internacional de Literatura Russa, quando você não foi convidado por não ser russo. O que mais se ouvia nos corredores eram lamentações por sua ausência. "Como seria bom se o André fosse russo!", diziam, "Assim ele estaria aqui neste momento dando o ar da graça!"

E então descobri que Fernando Pessoa, Shakespeare, Nietzsche, Rubinho Barrichello, Paulo Coelho têm todo o brilho artístico creditado ao seu auxílio. O Rubinho Barrichello e o Paulo Coelho não seguiram suas dicas à risca – mas pelo menos são famosos.

Estou, pois, escrevendo um livro de nome Castigo e Crime, que envolve um sujeito que é castigado por um crime que cometeu. Ele vai matar uma velha. O nome que pensei para ele é Pedro.

O que você acha?

Os originais estão nesta carta e peço encarecidamente que você leia inteiro antes de me devolver.

Agradecidamente,

Fiodor Dostoievski"

A minha resposta não poderia ser outra.

"Senhor Fiodor,

Não peça desculpas em me incomodar. Sua impertinência será esquecida no exato momento em que cair na minha conta a sua contribuição. O número da conta está no papel anexo. Banco Bradesco, sim?

Seguinte. Pedro não é um bom nome para um romance russo. Eu lhe chamaria Raskólnikov. Faça um romance bem denso, de muitas páginas. Será um clássico.

Outra. Não chame o livro de Castigo e Crime. Pensei em um bem melhor, que você sequer teria imaginado: Crime e Castigo. Nessa ordem.

Os originais estão muito bem escritos. Sua caligrafia é exemplar. Quanto à qualidade do texto, nota seis antes das minhas correções. Dez agora.

E esta é para você não passar vergonha: imprensa é com i de Israel. Não escreva emprensa com e de Everaldo. Não confie muito no corretor do word, que eu imagino que na Rússia do século dezenove ele não exista.

Grande abraço,

André"

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O hino do blog

O hino deste blog pode ser finalmente divulgado. É obra da criatividade popular em seu mais alto grau. É feito por gente que não votaria no Obama, pois não nasceu nos Estados Unidos e não teria direito a voto.

Ele começou a ser composto nos idos anos de 2008, ano em que o mundo ganhou o mais belo blog do mundo, o Eu não sou virgem, Maria! E qual não é a grande alegria para nós, brasileiros? O blog foi criado no Brasil! E aqui trato de anunciar o seguinte: O blog não sairá de suas fronteiras nos próximos anos. Por isso, fiquem tranqüilizados e, principalmente, não acreditem nos boatos!

Há várias versões que tratam da autoria deste belíssimo hino.

A primeira trata da tradução do hino francês feita por um índio, que, não sabendo francês, compôs o hino a seu bel prazer. A melodia também saiu diferenciada, pois ele não tinha toca-fitas na tribo.

Outra teoria diz que o hino foi criado no momento em que uma mulher dava bronca em um menino. Ela falava tão alto, que o menino tratou de pensar em outra coisa. E pensou em fazer o hino para seu próprio blog. O menino sorriu pela idéia e a mulher se enfureceu mais ainda, berrando na melodia que seria a melodia do hino.

A mais confiável, porém, trata de que o hino surgiu da genialidade do autor do blog Eu não sou virgem, Maria!, que achou que seria muito interessante que seu blog tivesse um hino.

Esta é, pois, a primeira versão do hino. Haverá outras, talvez. Os arqueólogos e historiadores estão trabalhando em conjunto com índios tradutores.


Hino do blog Eu não sou virgem, Maria!

Neste blog não tem nenhuma patifaria
Eu não sou virgem, Mari-i-a!

Depois de comer comida estragada passa a azia,
Eu não sou virgem, Mari-i-a!

Leia uma vez, que vira mania,
Eu não sou virgem, Mari-i-a!

Depois da torneira vem a pia,
Eu não sou virgem, Mari-i-a!

Agora sem rima,
Eu não sou virgem, Mar-i-a!

Quem não gosta é invejoso,
ou é muito preguiçoso,
mas no fim é azarado
tem pinto pequeno e é mal amado!

Blog bonito, quem é que tem?
É o André,
E mais ninguém!

É o André,
E mais ninguém!

É o André,
E mais ninguém!

Sagacidade

Olá, meu nome é Shimizu Suzuki e esse fundo branco que vocês vêem atrás de mim é um estúdio muito bem quisto aqui em Tóquio.

Este é na verdade um boletim excepcional por conta de um fato muito curioso que eu, Shimizu Suzuki presenciei. Não tanto pelo fato, senão pelo pensamento que me veio.

Vi um homem com seu filho na tarde de hoje. O homem perguntou ao filho se ele se lembra do que a mãe lhe havia pedido que comprassem na rua. O filho, muito sagaz, lhe disse:

- Lembro como se fosse ontem!

Vocês pensam que sagacidade é um bem inalienável ao brasileiro, não pensam? Podem pensar! Eu, por exemplo, pensava que o sushi era um bem inalienável ao Japão!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Eles, os russos

Olá, meu nome é Shimizu Suzuki, e é porque vamos falar da Rússia que estamos à frente da Praça Vermelha.

Esta praça é uma grande sacada russa. Porque é preciso ter uma grande coisa para se ter como símbolo. Nova Iorque fez a Estátua da Liberdade; Paris fez a Torre Eiffel; Peru fez Machu Picchu. Tudo isso porque todas as cidades são feias e sujas. Só que as que têm grandes monumentos não parecem. Sabia que Moscou é suja? Você olha para esta praça tão linda e não quer ver os outros bairros. Não quer ver aquele rio feio, aqueles bêbados e aquelas prostitutas.

Sabe por que São Paulo fez a ponte esquisita? Para tentar aposentar o Rio Tietê como símbolo da cidade!

Os russos são muito inteligentes. Quando você não quiser seguir o exemplo de um povo inteligente com o japonês, recomendo que siga os russos.

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Nono capítulo, segundo bloco

Voltamos a apresentar: Eu não sou Virgem Maria!

Lúcio saca uma caneta de seu terno e vai logo escrevendo uma carta.

"Querida mãe,

Foi com muita alegria que recebi sua carta. Entendo a demora, já que foi muito humilhante para você ver aquela foto e aquela manchete no jornal. É bom saber que a senhora me perdoou. E saiba por aqui que eu também a perdoei.

O que vou lhe falar é um grande segredo, mas também um grande alívio e, por que não?, uma grande alegria para mim.

Mãe. Eu vou voltar para o Brasil. Aqui na Rússia, tive muitas mulheres. Não posso dizer que de todas as cores, porque são todas brancas loiras. Em nenhuma encontrei o amor e a alegria que encontrei... nos meus amigos! Mãe, tinham todos razão! Eu sou gay, mamãe! Eu sou gay!

Vou voltar. E se prepare.

Beijos do seu filho,

Lúcio"

Música de suspense do Menudo.

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Nono capítulo, primeiro bloco

Lúcio recebe uma carta. Uma carta de sua mãe, a dona Rodolpha. Ele lê com os olhos cheios de lágrimas.

"Lúcio, meu filho,

Tudo bem?

Você faz tanta falta, meu filho, que eu não sei de onde tirar forças para fazer as simples coisas da vida. Antes eu acordava para te acordar; fazia o café da manhã para você; ia beber com minhas amigas para sentir a sua falta; e mandava a empregada fazer o feijão para você.

Agora que você não está, nem mesmo escovar os dentes eu escovo, porque você não vai reclamar de meu bafo.

Seguinte. Fiz uma espécie de pesquisa entre as pessoas que nos são mais próximas. A conclusão foi tão animadora para mim quanto tenho certeza de que será para você. Filho, ninguém mais acha que você é gay! Pode voltar assim que quiser, que sua vida continuará normalmente, como se você não tivesse saído na capa do jornal com um travesti segurando sua genitália!

Venha o quanto antes.

Com o amor de mãe,

Rodolpha"

Ele olha para a janela, já chorando.

Estamos apresentando: Eu não sou Virgem Maria!

Avó de André nega negociações dele com o New York Times

A avó de André, cujo nome não será revelado para se preservar a fonte, ficou "chocada e estarrecida" com os boatos negativos sobre a negociação de André com o jornal americano e tratou de ressaltar que ele realmente não há negociações em andamento.

"Ele é um neto muito presente", disse enquanto comia tremoços, "se estivesse negociando com o jornal, eu saberia. Agora, é bom mesmo que não esteja, porque se estiver e não souber, ele vai é se ver comigo!", agora um pouco mais nervosa.

A declaração da avó só ajuda a aumentar ainda mais esta certeza: André não escreverá no New York Times.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

New York Times não negocia com André Cintra

Fontes do jornal nova-iorquino New York Times indicam que realmente não há negociações algumas com o gênio adolescente André Cintra.

Foram várias as tentativas de abordagem ao jornal, mas nenhuma se mostrou efetiva. "Você está falando sobre André Agassi", despista a telefonista. "Não o conheço", relatou um editor influente. "Há gênios no Brasil?", questionou um jornalista de segundo escalão. "Tem alguma coisa rolando na parte gay", disse um jornalista gay, para depois completar, "brincadeira. Nunca ouvi falar."

Esses relatos vão de encontro à afirmação de André Cintra no dia de hoje, que disse que no dia em que ele escrever para um jornal americano o Brasil já pode começar a exportar toda a produção nacional de goiabadas.

André Cintra não negocia com New York Times

Os leitores nova-iorquinos que sonhavam em ler todos os dias pela manhã textos de André Cintra no jornal, podem tirar o cavalinho da chuva. Porque na manhã desta segunda-feira, em um breve telefonema, André negou veementemente que esteja negociando com o New York Times, como não diziam os boatos das últimas semanas.

"Eu jamais escreveria para um jornal americano. É tão chato brasileiro talentoso ficar com essas intimidades com estrangeiros!", disse André, muito mal humorado. "Seria que nem a Gisele Bundchen, que namora o Tom Brady. Pô! Talento nacional tem que ficar no Brasil. Se eu fosse para o New York Times, o Brasil já poderia começar a exportar todos os quilos de goiabada que produz."

Ui.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

André estava muito aflito para a entrevista de hoje. "O curativo", ele disse. "Meu curativo está doendo. Hoje saiu mais sangue que na novela Vamp!", para me assustar. "Mas fique tranqüilo que está tudo bem", para me tranqüilizar. "Por enquanto", para me deixar esperto.

Ele estava com as olheiras tão grandes, que chamavam mais atenção que as orelhas, com perdão da parecença entre as palavras. Era até capaz que as olheiras ouvissem com mais nitidez que as orelhas. Estavam tapando os olhos do menino. Parecia que alguém estava cobrindo a piscina com aqueles plásticos terríveis.

A recuperação da cirurgia está indo bem, mas ainda não fechou completamente. Eu tive a oportunidade de olhar o buraco e estava tudo em carne viva. Se agora está melhor, não consigo imaginar como é que estava pior. "Doía mais", ele explica. "Muito mais", para me impressionar. "Insuportável", agora forçando.

Eu: E aí, meu chapa. Qual é a boa?

André: A boa é que voltei a trabalhar, voltei a estudar, voltei a ler. Pergunte-me qual é a muito boa.

Eu: Qual é a muito boa?

André: A muito boa é que agora posso atualizar meu blog como outrora! Saiba que tenho novos planos para o blog. Mas é segredo.

Eu: Mas para mim você pode contar, né?

André: Mas é claro! O blog terá uma bandeira, um hino, a parte de cartas será melhorada, a novela será atualizada com maior freqüência, vou começar a fazer propagandas em locais públicos e serei contratado por uma grande montadora para fazer publicidade nu em pêlo. Uma dessas novidades é mentira, para despistar.

Eu: Muito boa sua idéia. Assim elas serão novidades mesmo você tendo contado! Que gênio!

André: Não tente me agradar, que eu não gosto.

Eu: Eu também não gosto de te agradar.

André: Ótimo. Ficamos assim.

Eu: Fale, pois, uma frase de efeito que justifique esta entrevista.

André: Salada é um prato que se come frio.