quarta-feira, 25 de março de 2009

Sobre o poeta

Vinícius de Moraes é o grande sujeito do Brasil. É amado pelas mulheres que desvirginou e pelos pais das mulheres desvirginadas; pelas mulheres que por causa dele tornaram-se adúlteras e, acreditem, pelos maridos destas mulheres - porque eles não seriam maridos destas mulheres não fossem os inevitáveis versos de Vinícius utilizados na conquista amorosas.

Ele é tão boa praça, que não ofenderia nem se quisesse. Poderia mandar qualquer um tomar no cu sem que o interlocutor ficasse nervoso. Sabe por quê? Porque ele nunca falaria isso. É respeitado por, mesmo podendo maltratar, não maltratou. Deus dá às vezes, talvez por engano, o poder da ruindade àqueles que não são ruins. É como se Ele desse em 1945 o poder de usar a bomba atômica a quem não utilizaria jamais. Ali, acho que Ele errou.

Os poemas de Vinícius escreveu têm o dom da beleza universal. Agrada a qualquer gosto, diferentemente dos poemas dos outros artistas. Já vi anarquistas que sabiam o soneto da separação de cor e advogados que o pronunciavam em voz alta; analfabetos dizendo que não seja imortal, posto que é chama, e professores acadêmicos gritando mas que seja infinito enquanto dure. A melhor definição "daquilo que agrada a gregos e troianos" é Vinícius, embora ele tenha escrito toda sua obra em português, não em grego ou troiano.

Se você vir alguém falando mal dele, saiba que é por inveja. Ou por despeito, por não ter conquistado um brotinho usando um poema dele. Só há um aparte, ou correção, em relação a este grande homem. Digo. Se eu o encontrasse, diria o seguinte, depois de todos os elogios:

- Vinícius! Se a vida fosse a arte do encontro, as pessoas não entrariam no ônibus! Entrariam em uma galeria de arte!

2 comentários:

Lótus disse...

Mas talvez muitas pessoas se encontrem (a elas mesmas e a outras) no ônibus. No trem. No metrô... acontece, é verdade!

E Vinícius de Moraes passou a ser odiado pelos católicos depois q superou sua fase poética cristã. E tbém foi mto cobrado pelos comunas por não mergulhar de cabeça no movimento. e por aí vai.

Nunca li poeta mais machista do q ele. Mas ah, tão amável! Com ele aprendi a ver a poesia do cotidiano e, depois disso, nunca mais vi graça na poesia que se desliga das pequenas coisas da vida.

Rãfaela Gimenes disse...

Encontros ocasionais podem ser tão interessantes quanto os encontros pitorescos em uma galeria d'arte - ou mais que.