segunda-feira, 2 de março de 2009

Entrevistas com lideranças - Obama, Obina e sósias

Quando comecei a seção de entrevistas com lideranças mundiais, realmente pretendia colocar em prática o motivo da criação deste blog: Resolver os problemas do mundo. Acontece que, como ocorre com as coisas muito bem feitas, muita gente não acreditou. E pior: achou graça.

As entrevistas todas perderiam toda a graça se pensássemos nas quarenta e seis crianças da Etiópia cujo peso somado chega somente aos setenta e seis quilos e podem entrar todas juntas em um elevador; ou então no sujeito que empalou um etíope e não conseguiu fazer um espetinho; ou no outro etíope que não tinha cu, mas não explodiu porque não comia o suficiente para produzir gases e soltar pum.

Não é intenção deste blog fazer graça. A intenção do blog é, repito, resolver todos os problemas do mundo. Primeiro todos depositaram as esperanças em Lula. Ele melhora o Brasil, mas o Brasil é parte muito pequena do mundo. Então pensaram em Obama, e já é notório que ele não resolverá o problema do mundo. E foi neste momento que todos olharam para mim. Eu, no alto de minha timidez crônica, respondo somente:

- Tudo bem, tudo bem! Eu resolvo o mundo! Agora parem de olhar para mim!

Minha primeira atitude foi fazer textos educativos para toda a população. Muitos brasileiros me perguntam se minha pretensão não seria exagerada, pois escrevo somente textos em português. Assim, segundo o raciocínio destes brasileiros, gente que lê em outras línguas, como os ingleses, espanhois e, por que não?, os turcos, não conseguiriam ler e compreender o blog. Ora, não sei se vocês sabem, mas Fauro Goares é meu amigo imaginário. Fauro, o escritor do amor, me ensinou o seguinte: "Escreva com amor, pois a língua do amor é universal". É escrevendo com amor, pois, que consigo me comunicar com todo o mundo.

Muitas melhoras provenientes de meus textos já estão sendo observadas. O povo sul-africano já elegeu um jovem virgemariniano como presidente do país; os americanos já estão passando fome; os africanos já têm tanta fartura, que desperdiçam comida; e o jeitinho brasileiro está sendo ensinado em todas as escolas europeias.

Estas atitudes, entendo, causaram rebuliço. “Você está resolvendo alguns problemas mas está criando outros!”, disseram todos os leitores. Acontece que é preciso que todos passem pelas dificuldades capitais para que tomem atitudes reparadoras. Se o mundo inteiro fosse alimentado de uma hora para outra, os africanos seriam privilegiados, pois seriam os únicos com a experiência da fome.

A revolução é gradual. Somente daqui a cinqüenta e seis anos, quando todos já terão sentido bastante fome, é que a igualdade virá em sua forma plena.

Agora é possível entender por que a crise financeira mundial não é uma questão especulativa. A não ser que mexer meus pauzinhos contra todas as pessoas poderosas do mundo seja considerado "especulação" no seu vocabulário. Aí é uma questão meramente pessoal.

Enquanto tudo não se resolve, atitudes têm que ser tomadas. Resolvi propor o encontro de duas das maiores personalidades do mundo de hoje. Semanas atrás, entrevistei Obina e Obama separadamente, sem me dar conta de que eles tinham nome parecido. Foi quando entrei em um boteco sujo, imundo, encardido!, que me deparei com a realidade óbvia, ou como diria o gênio, ululante: “Obama é parecido com Obina”.

Você pode imaginar que não foi fácil conseguir uma conciliação entre a agenda de Obama e de Obina. Quando Obama podia numa quarta-feira à noite, Obina não podia por conta de um clássico inadiável; quando Obina podia num sábado chuvoso, Obama recusava pelo despeito da recusa anterior de Obina. Foi um duelo de egos quase insustentável que tive que conduzir com o tato que me é peculiar. Quando encontramos uma data em que, enfim, o grande encontro poderia acontecer, eu tive gripe mas fui assim mesmo, temendo que fosse a oportunidade derradeira.

Marcamos para a França, território neutro e que tem petit gateou, e nos encontramos todos com abraços efusivos. Obama se arrependeu na hora de ter feito birra com Obina. Ele percebeu que o flamenguista não teve nenhum prazer em recusar-lhe o encontro. Era o jeito do rapaz, indolente e genial assim mesmo. "Fica tranquilo, Obama. Fica tranquilo que Obina nem reparou. Ele é um cara simples", me apressei a dizer assim que percebi o constrangimento de Obama todo poderoso.

Rumamos apressadamente ao estádio em que disputaríamos uma grande pelada. A união dos líderes era urgente, e nada melhor que futebol para unir as pessoas. Óbvio que tive o cuidado de colocá-los no mesmo time. Eles ficaram felicíssimos com a grata surpresa: Chamei sósias para completar o time e garantir a segurança dos craques. Assim, Se um atirador de elite estivesse no local, teria que matar vários Obinas ou Obamas até achar o verdadeiro. É claro que o jogo ficou muito mais engraçado, também.

O único problema encontrado foi o de que faltou um Obama e um Obina. Chamei um rapaz da geral do Fountaineblezão vestido de homem-aranha para jogar no gol e um imigrante ilegal para completar a zaga. Posso dizer que a equipe de daltônicos que enfrentamos não viu a cor da bola laranja e vencemos por sete a um. Ninguém sabe explicar o gol sofrido.

O papo ocorreu assim que terminou o jogo. Foi grande a comoção internacional diante de um Obama suado e de um Obina de banho tomado e de terno. Os sósias ficaram ao fundo, observando - os Obamas com a mão no queixo e os Obinas tomando picolé.

- É uma imensa satisfação encontrá-lo, Obina. - começa Obama - Uma grande atitude deve ser tomada. Estou perdido. Necessito de toda sua sabedoria. Como faço para alimentar as crianças famintas do mundo?

- Você tem que dar comida para elas - diz Obina. - Assim como arma mata gente, comida mata fome. É simples. Eu aprendi isso quando criança e creio que devo informar às pessoas de todo o mundo toda minha sabedoria.

- Tem problema de dar frituras às crianças?

- Não. Sabe qual é a melhor comida para se alimentar um faminto? Comida. Qualquer comida, meu caro Obama. Quando chega para o seu almoço uma comida que você não gosta, você rejeita, mesmo que não tenha comido nada durante o dia inteiro porque sua fome dura um dia. A fome de um dia não é exigente como a fome de uma vida inteira. Percebe? Um sujeito com a fome crônica não diferencia lazanha de cebola, Coca de Dolly, pão italiano de alface...

- Desculpe, Obina. Mas o que é Dolly?

- Dolly é uma marca de refrigerantes muito conhecida em meu país.

- É boa?

- Não. Por isso que dei o exemplo em contraposição à Coca.

- Obina. Você me desculpe, mas o senhor está mais culto que o normal. Não estou ouvindo palavras de baixo calão, nada de simplório, embora a conversa esteja me agradando deveras. Há alguma coisa diferente no senhor que não posso precisar.

Obina havia ido embora e estávamos conversando com o sósia!

Um comentário:

jaq. disse...

mas que imaginação o sr tem...