segunda-feira, 30 de março de 2009

José

José descobriria a cura do câncer; falaria a cura da AIDS, sem pestanejar. Dissertaria sobre as razões para a impossibilidade da paz mundial no estado atual e as soluções; daria a receita para o fim da fome na África e no resto do mundo como quem recita um nega maluca. Comporia sonetos mais belos que de Camões e mais profundos que de Shakespeare; desenvolveria toda uma filosofia mais profunda que de Kant e mais charmosos que de Nietzsche. Resolveria o problema da violência das grandes metrópoles; dissolveria as grandes brigas por terra no campo. Criaria mulheres que já nasceriam sem pêlos nas axilas; inventaria cirurgias plásticas indolores.

José, porém, é mudo. Como se não bastasse, não tem braços e não pode escrever. E todas essas coisas, infelizmente, não serão possíveis.

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