quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Clássicos? Sei. #3 - Fiodor Dostoievski, Crime e Castigo

Todos sabem da minha incomensurável capacidade artística. Por isso, artistas de grande gabarito internacional sempre me pedem auxílio. Sucesso na certa. Picasso, Dostoievski, Eça de Queirós, Disney, Jorge Amado, Machado de Assis, Robinho, Santos Dumont, Michelangelo. Isso para citar alguns.

Hoje quebrarei o sigilo por conta de uma quebra de contrato de meu ex-amigo Fiodor Dostoievski. Ele achou que não haveria problema nenhum em não manter uma alimentação balanceada. Mas aquilo está no contrato. Amigo meu se alimenta bem. É que depois vêm todos reclamando do colesterol, da gordura trans. E eu não tenho paciência para isso! A arte me consome.

Era uma terça-feira gelada quando chegou à minha casa uma carta com as seguintes palavras:

"André,

Desculpe incomodá-lo, mas sua ajuda se faz tão essencial quanto o ar que respiro.

Descobri seus dotes na Feira Internacional de Literatura Russa, quando você não foi convidado por não ser russo. O que mais se ouvia nos corredores eram lamentações por sua ausência. "Como seria bom se o André fosse russo!", diziam, "Assim ele estaria aqui neste momento dando o ar da graça!"

E então descobri que Fernando Pessoa, Shakespeare, Nietzsche, Rubinho Barrichello, Paulo Coelho têm todo o brilho artístico creditado ao seu auxílio. O Rubinho Barrichello e o Paulo Coelho não seguiram suas dicas à risca – mas pelo menos são famosos.

Estou, pois, escrevendo um livro de nome Castigo e Crime, que envolve um sujeito que é castigado por um crime que cometeu. Ele vai matar uma velha. O nome que pensei para ele é Pedro.

O que você acha?

Os originais estão nesta carta e peço encarecidamente que você leia inteiro antes de me devolver.

Agradecidamente,

Fiodor Dostoievski"

A minha resposta não poderia ser outra.

"Senhor Fiodor,

Não peça desculpas em me incomodar. Sua impertinência será esquecida no exato momento em que cair na minha conta a sua contribuição. O número da conta está no papel anexo. Banco Bradesco, sim?

Seguinte. Pedro não é um bom nome para um romance russo. Eu lhe chamaria Raskólnikov. Faça um romance bem denso, de muitas páginas. Será um clássico.

Outra. Não chame o livro de Castigo e Crime. Pensei em um bem melhor, que você sequer teria imaginado: Crime e Castigo. Nessa ordem.

Os originais estão muito bem escritos. Sua caligrafia é exemplar. Quanto à qualidade do texto, nota seis antes das minhas correções. Dez agora.

E esta é para você não passar vergonha: imprensa é com i de Israel. Não escreva emprensa com e de Everaldo. Não confie muito no corretor do word, que eu imagino que na Rússia do século dezenove ele não exista.

Grande abraço,

André"

2 comentários:

Caroline disse...

Pelo visto a irreverência é seu ponto forte... e pelo visto você gosta muito da Rússia!!! risos...

Eu ao contrário do seu "amigo" do texto, fico feliz por você não ser russo, assim eu pude ler e enteder o que escreveu...

Gostei do post

http://pollyefeffer.blogspot.com

Fausto Salvadori disse...

RARRARRÁ
RARRARRÁ
RARRARRÁ

Cuidado que daqui a pouco vão aparecer aqueles estudantes de colegial querendo o e-mail do Dostoiévski para um trabalho de escola...