segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Eu não sou Virgem Maria - a novela - Décimo primeiro capítulo

Não sei de onde dona Rodolpha tirou que filho gay não vale nada. Não há mal algum em ter filho gay. O único ponto ruim de uma outra pessoa de sexo oposto ser gay é quando se está interessado sexualmente nela.

- Seria dona Rodolpha uma mãe incestuosa?! - o leitor pergunta.

E mais:

- Dona Rodolpha abusou do próprio filho na infância?!

Não contente:

- Dona Rodolpha matou o marido para ficar a sós com Lúcio?!

Não, minha gente. Dona Rodolpha não tem interesse sexual nenhum pelo filho. Aliás, ela o acha meio gay, desculpe, meio molenga para a idade dele. Ela não se interessa por homens molengas. Pior ainda por filhos molengas. Mesmo se ele fosse durão, ela não se interessaria. Quem faz o tipo de dona Rodolpha é o porteiro. Eis o motivo por que ela não aceita a homossexualidade do filho: - Ela se constrangeria com o porteiro.

Não propriamente zombada, porque aquele homem é um poço de profissionalismo imbecil. Dona Rodolpha veste a melhor sandália, o melhor biquini, o melhor chapéu para se exibir para aquele homem, mas ele só diz três coisas. A primeira é "Bom dia, Dona Rodolpha". Segunda: "As cartas, Dona Rodolpha". A terceira e preferida dela: "Quer que eu carregue as compras, dona Rodolpha?", ela sempre quer. Ela faz compras para ouvir aquilo, para ele carregar aquilo, para pegar o elevador com ele! Não, ele não sobe no elevador. Só entra até descarregar as compras.

Uma vez ele deu preferência às compras de uma mocinha. Rodolpha ficou três dias inteiros sem ir às compras para fazer ciúmes, e o porteiro pensou somente que ela estava com problemas financeiros - mudou de opinião, achando que era a menopausa, quando reparou que ela não lhe respondia o bom dia. Outra vez ela o fechou no elevador, ficaram somente os dois naquele cubículo. Os dois e sucrilhos, sabão em pó e leite para fazer bastante peso. Vinte leites. Ela já tinha mais de 200, porque ela adorava vê-lo carregar leites! Mas ele gentilmente abriu a porta e pediu desculpas sem reparar que aquela mulher oleosa ficara mais vermelha que espinha.

Enfim. Tudo que dona Rodolpha sabia sobre ele era que se chamava Roberval. Estava escrito no crachá.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Ursípedes

Pela minha análise, Rodolpha é seu alter-ego. Essa quantidade exagerada de leite adquirido não deixa dúvidas.

Avaliando essa questão minuciosamente, Roberval é a antítese do seu eu, travestido de porteiro. O QUE VOCÊ TEM CONTRA OS PORTEIROS PRESTATIVOS???

Forte abraço

F.Homer