Meu filho,
Eu sou do tempo em que as mães se preocupavam com os filhos mais do que se preocupavam com elas mesmas. Do tempo em que as mães abriam mão de cosméticos que aumentariam a própria beleza e atrairiam novos amantes, para que os filhos pudessem comer e engordar, afastando as possíveis namoradas.
Eu sou do tempo em que ninguém dizia que se cria os filhos para o mundo. Porque se dissesse, além de mentir, a pessoa seria excomungada das igrejas, isolada do círculo de amigos, além de ter de encarar uma cara azeda do filho por mais de uma semana! A gente sabia que criava os filhos para nós mesmas para, talvez, um dia, entregá-los para uma mulher que nós escolhêssemos, que nós quiséssemos, que fosse boa para a mãe antes de ser boa para o filho.
Mas esse tempo, meu filho, acabou. E as mães que criam os filhos para elas mesmas, são ironizadas por todos e denunciadas por psicólogos prafrentex! Agora, é preciso criar os filhos para o mundo e aceitar que ele se vá embora de casa com uma mulher que ele goste, que o mundo ofereça. Ora, meu filho, eu não gosto do mundo. Gosto de mim e gosto que você goste de mim. Entenda que o crio melhor criando para mim. E assim todas as mães! Ninguém reveste de zelo aquilo que será dos outros.
Agora, porém abro uma exceção. Permita-me um segundo de preocupação por você como se você fosse meu. Não deixe a toalha em cima da cama, filhote. Entenda que sua cama molhada lhe causará um irremediável resfriado. E um resfriado em você, resfria em mim.
Tenha um bom dia,
sua Mãe
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