Estamos aqui em Brasília, onde circo e ONGs vêm brigando ardentemente por Geraldo, um guarda de leões muito conhecido e eficiente dessas paradas. Tudo bem, Geraldo?
- Tudo, tudo bem!
Eu soube que essa briga é antiga, Geraldo. Onde você começou trabalhando primeiro?
- Foi no circo. Minha função era cuidar do público e dos leões, não nessa mesma ordem, mas também não na ordem inversa. Quer dizer, não tinha ordem. Minha função era cuidar dos dois. Foi quando apareceram quatro ONGs naquele lugar. Primeiramente fiquei aliviado, pois pensei que eles vieram para protestar contra os tratos oferecidos à minha pessoa, compreende? Trabalhava quatorze horas por dia e ganhava setecentos reais. Não era isso. Então pensei que eles reclamavam dos tratos que eram oferecidos às pessoas, porque eu comumente as deixava de lado para cuidar dos leões. Também não. Você acredita que eles vieram foi por causa dos leões?
Dos leões? Que que tinham os leões?
- Eu oferecia a eles de graça a comida que as pessoas tinham que pagar para comer. Não é um absurdo reclamar de uma condição de vida dessas?!
Eu soube que os leões eram deixados em jaulas, Geraldo.
- Claro! Eu estava protegendo os leões do público. Rapaz, você não acredita o que uma criança é capaz de fazer com um leão. Se não cuidar, mata!
Sei, sei. Entendi. Conta como evoluiu essa história.
- Então. Aí eles souberam da minha condição trabalhista e ficaram encantados! Porque essas ONGs também têm leões, e custa muito caro mantê-los. Eles querem me contratar a qualquer custo! Não. A qualquer custo, não. Melhor dizendo, simpatia: eles querem me contratar com esse salário e essa carga horária a qualquer custo, compreende?
Sim, sim. Você se sentiu seduzido por alguma oferta?
- Inicialmente, não. Porque aqui no circo a gente pelo menos se diverte. Nas ONGs não teria nada pra fazer. Seria ouvir gente inteligente pra cá, gente engajada pra lá. Cá entre nós, prefiro os palhaços!
Este é Geraldo, o guarda mais disputado da Capital Nacional! Tenham todos uma boa noite!
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