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quinta-feira, 23 de julho de 2009
Maluf & eu
Eram sete horas da noite quando o telefone tocou. Não, minto. Talvez seis. Ou foi ele que pediu para dizer que eram sete? Ah, lembrei! Ele falou para falar que era sete horas caso alguém perguntasse. Mas ninguém perguntou. Eu é que estou contando, então posso falar que eram seis horas da tarde.
- Fala, Paulo. Por que você me liga a essa hora?
- Não fala meu nome assim!
- Mas eu disse só Paulo. Tem um monte de Paulo. Acho que o senhor está com peso na consciência. Tem alguma coisa que queira me contar?
- Tem. Mas só pessoalmente!
- Mas você não disse que conversou com o homem da polícia federal que bloquearia seu telefone, que já está tudo resolvido?
- Mas pode ser que ele seja...
- Seja que nem você? Que conta coisas que não são exatamente verdadeiras?
Silêncio.
- Por via das dúvidas eu quero que você venha aqui ouvir. Eu preciso contar para alguém.
- Mas Paulo, eu estou com preguiça! Eu posso esperar uma semana, porque você sempre acaba contando para os jornais! Eles sempre descobrem!
- Você não está entendendo. Eu preciso desabafar! Quando os jornalistas vêm me questionar sobre o assunto, eu conto a verdade. Mas eu conto como se fosse mentira.
- Entendi. Tô indo praí!
Desligamos o telefone sem dar tchau.
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