Na Rússia, a procura de um Lada* que pudesse transportá-lo aonde quer que seu pensamento comunista ordenasse, Lúcio procurou uma revendedora autorizada do veículo.
- Não tem. - disse um velho de aproximadamente 46 anos em tom lamentoso. Eu sei muito bem que com 46 anos dificilmente alguém é velho, a não ser que esteja nos anos 1950, 60, ou menos que isso, quando a expectativa de vida era deveras menor. Mas este era um senhor saudosista. Ele gostava muito mais dos anos antigos, e praticamente vivia neles. Por isso ser velho aos 46 anos.
Lúcio pensou: "Poxa vida."
Se fosse uma pessoa mais profunda e de melhor vocabulário, ele teria pensado: "É de uma incomensurável pena que não exista uma revendedora oficial de Ladas, embora Ladas ainda existam. Como pode?! Acho que criarei uma, quando minhas notas pecuniárias me favorecerem. Aquele senhor taciturno deve lamentar tanto quanto eu! Eu lhe daria um amplexo apertado se estivesse em um dia emocionado."
Ocorreu que Lúcio achou um anúncio em um jornal de Moscou e comprou um Lada antigo de cor branca.
Na Avenida Lênin, às 18 horas de um domingo, ele esmagou o carro em uma árvore de um jeito tão feio, que parecia de propósito. E o carro também pareceu uma sanfona. Mas ninguém pensou isso pela falta de popularidade das sanfonas na Rússia.
Primeiro os curiosos se preocuparam em saber se o homem que estava dentro do carro estava vivo. Depois de sair com inúmeros ferimentos, embora vivo, os curiosos todos trataram de adicionar-lhe alguns machucados, porque não se bate um Lada tão precioso e antigo daquele jeito.
* Lada é um carro
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