A matéria está editada, mas se não estivesse, você poderia logo notar que em algumas ocasiões, tive que lhe perguntar duas, três vezes para obter uma singela resposta monossilábica. Mas vocês sabem que antes uma sílaba de André do que duas, três, quatro sílabas de outros.
Eu: Você está esquisito. Como foi seu sono?
André: Dormi pouco. Sexta-feira sempre acordo mais cedo. Acordei com uma vontade danada de uva.
Eu: Você prefere mesmo as uvas thompson?
André: Sim, sim. Elas não têm caroço. Caroço é como um assunto obsessivo que estraga uma pessoa super simpática. Sabe? O cara é legal, é docinho, é palmeirense (verde) mas adora falar sobre cocô e catarro. Dá para falar com alguém assim? O assunto obsessivo - cocô e catarro - é o caroço!
Eu: Mas eu adoro cocô e catarro. Você não está falando de mim, está?
André: Não. Estou falando de mim!
Eu: Não é porque você está nervoso, que vai jogar ironias na minha cabeça.
André: Sei.
(Silêncio constrangedor em que trocamos caras feias e biquinhos)
Eu: Por que a barba tão grande?
André: Ela não está exatamente grande. Está grande para os meus padrões. Para o Bin Laden é uma barba muito pequena.
Eu: Então por que você diz que sua barba é muçulmana?
André: Porque é ruiva.
Eu: Mas o bin Laden tem a barba preta e é muçulmano.
André: Veja. Não é porque muçulmano não tenha barba ruiva, que a barba ruiva não vá parecer muçulmana. Quando a gente não tem uma idéia precisa do que é a coisa, uma coisa que a pareça parece o que a gente imagina que é, não o que ela realmente é.
Eu: Explica isso direito.
André: Os muçulmanos não têm a barba ruiva. Mas quando imaginamos um muçulmano, imaginamos um muçulmano de barba ruiva. Por isso que a minha barba parece muçulmana, porque ela se parece com o tipo de barba que nós imaginamos que os muçulmanos têm.
Eu: Entendi. Posso confirmar uma próxima entrevista na semana que vem?
André: Mas é claro!
Um comentário:
nunca vi muçulmanos com barba loira. vou procurar o google imagens.
Postar um comentário