quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Escadas

Sempre desci escadas de dois em dois. Do jeito bem adolescente, que eu aprendi quando tinha seis anos, vendo as meninas mais velhas do meu prédio. Era uma descida dançada. Uma dança que fazia a própria música. No térreo, todos esperavam a adolescente surgir. Com um exagero agradável, faltava somente uma cortina no fim da escada!

Hoje, todas elas se mudaram, mas se as visse descendo a escada, desceriam devagar, de um em um.

Porque só desce de dois em dois quem desce correndo, com vontade de chegar logo no térreo. Ninguém desce de dois em dois para trabalhar.

Parei de descer dessa forma só quando vi um filme japonês, em que eles desciam rapidamente, sem ritmo. De um em um em um em um em um em um infinitamente. Muito mais rápido. Imitei.

Acontece o seguinte. É incrível a facilidade que o débil mental tem de causar admiração. Entre uma coisa maravilhosa e uma débil mental, gostamos primeiro sempre da débil mental. Só gostamos do não débil mental sem querer.

(O débil mental não é débil mental.)

É por isso que gostamos de rock, que comemos no Mcdonalds, que nos deslumbramos com o estádio em forma de pneu. E que imitei os japoneses.

Nenhum comentário: