sábado, 10 de janeiro de 2009

DEU, o singular de deus.

A lesma apressada; o passarinho com medo de altitude; a africalidade dos cabelos lisos; o mosquito que não consegue dormir porque detesta o barulho de mosquito; o pintor cego; o pavão modesto; o acadêmico intuitivo; a mulher que nasceu para ser mãe mas não suporta crianças; a barata vaidosa; o urso polar que adora praias; o tarado que não gosta de sexo; a ameba gigante; o arco-íris em tons de cinza; o revolucionário preguiçoso; o i sem pingo no i; a criança no geriatra; o fim da circunferência; o poeta sem inspiração; o anão gigante; a borracha arrependida; a anarquia no formigueiro; o galo com insônia; a chuva sem nuvens; a neve no calor; o cabeleireiro e o careca; a viúva e o tarado; o suicida arrependido um infinitésimo antes do impacto; uma gota de água caindo a nove vírgula oito metros por segundo ao quadrado na latitude 47º e longitude 30º; o urubu que não fica bem de preto - e que é necrófobo; o japonês que recebeu a sentença de morte e tossiu; a barata tonta; a bailarina com uma bolha na ponta do dedão do pé; o mendigo vaidoso; o artilheiro com pena do goleiro; a impressora sem tinta; os olhos mais belos do mundo que jamais viram os olhos mais belos do mundo; a privada que tem nojo de cocô; o vegetariano na churrascaria; o controle remoto sem a televisão; o machista queimando sutiãs; a masturbação da freira; a masturbação do padre na frente da freira; a bactéria fazendo pose para o cientista no microscópio; o comunista megalomaníaco; o porteiro com síndrome do pânico; o navio petroleiro sem combustível; a cortina sem janela; o perfume do gambá; o Aurélio sem palavras; a caligrafia do analfabeto; as aleluias no blecaute; a prostituta virgem; o peixe afogado; o frango à passarinho; a amnésia do amigo imaginário; a cárie do dentista; a tortura no masoquista; a escravização da abelha rainha; o furacão tonto; o relógio impaciente; a vítima agradecendo ao assassino; o Jesus com a cruz no ombro pisando na bosta; o computador que perdeu a paciência; a camiseta regata do esquimó; o pára-quedas no vácuo; o sabonete da princesa com um pentelho grudado; o intelectual coçando o sovaco ao invés da axila; o cheiro de sovaco na loja de perfumes; o melhor músico do mundo na Sede Barueriense dos Surdos; o burguês que perdeu o emprego; a bruxa de rodo na chuva; o matemático que perdeu a conta; o português sem bigode; o gago dizendo um trocadilho; a vidente que se surpreendeu quando a previsão deu certo; a bíblia na página seiscentos e sessenta e seis; o mendigo fazendo cocô na calçada da fama; o dono que repete o papagaio; o fofoqueiro confiável; a labirintite do furacão; DEU, o singular de deus.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem DEU?

Anônimo disse...

Caro Ursípedes

O marujo que mareia; o milionário sem um tostão no bolso; o carro sem combustível; o punheteiro maneta; O texto sem pé, mas com cabeça;

Parabéns!!!

F.Homer

Anônimo disse...

a crise dos Estados Unidos...