Após atravessar a rua Monte Alegre na última terça-feira olhando somente para um lado, o brasileiro André Cintra admitiu que só conseguiu êxito por saber que a rua é de mão única.
"Sempre passei por aqui e sei que aqui os carros não sobem - só descem. Por isso, olho somente para cima e sei que não vem nenhum carro de baixo", afirmou o estudante e trabalhador.
A tranqüilidade de André contrasta com a irresponsabilidade de motoristas do Brasil, que chegam até a pagar pela carteira de motorista, sem as habilidades requerentes a quem dirige.
"Sei que não é muito recomendável confiar assim na prudência dos outros. Mas já estou na faixa, a rua é de mão única... Só se vier um louco, para me atropelar! Mesmo que tenha comprado a carteira, a pessoa tem que estar mais louca que porco espinho arrepiado!", disse.
Além da prudência que lhe é natural, André apela também para os instintos auditivos para não ser pego de surpresa. "Sempre fico com os ouvidos bem ouriçados! Porque carro nunca é silencioso. Posso atravessar tranqüilamente a rua de olhos fechados se não ouvir nenhum barulhinho."
Hoje, André atravessa a rua tranqüilamente, mas nem sempre foi assim. Quando tinha dez anos, um carro quebrou o espelho retrovisor lateral em sua bacia.
"Eu estava esperando para atravessar, e tinha muita pressa - porque além de Coca, tinha bife à milanesa. Aí estava quase no meio da rua. A moça ia virar e bateu o espelho com tudo em mim, na bacia", revela.
André leva nesta terça-feira sua rotina tranqüilamente, e pelo que estima, pretende atravessar 27 ruas, embora não as conte conscientemente.
3 comentários:
Brilhante! Nossa, adorei!
Você escreve melhor que o Papa!
Eu sempre olho para os dois lados antes de atravessar, mesmo em mão única...Pra não correr o risco de ser atropelado por uma bicicleta.
Falando nisso o que vc acha do crescente número de ciclistas no litoral paulista?
Postar um comentário