quando Deu não tinha muitos fiéis, ele saía pelas ruas perguntando para qualquer um:
- Você acredita em Deus?
Para os pouquíssimos sujeitos que não acreditavam em Deus, Deu diria que eles tinham bom gosto, e às vezes conquistava o fiel pelo fino trato na fala. Mas em geral, a resposta era sim, e Deu foi tomando a noção de que seria muito difícil ultrapassar Deus. Se é difícil para um peso galo ganhar uma luta de um peso pesado por ter a metade do peso do oponente, imagine para Deu, que era literalmente infinitamente menor que Deus, seu maior rival?
Deu foi armando, pois, estratégias, e conseguiu até reverter alguns fiéis com variados argumentos. Para um, disse que Deus era tão poderoso, tão onipotente, tão superior, que não teria tempo para um sujeito tão feio e desprezível como aquele.
- Então o senhor teria tempo para mim, Deu?
- É claro que não! Eu tenho cara de quem gosta de sobra? Se Deus, o da bondade infinita, não te quer, não sou eu que vou te querer!
E o sujeito ficou sem acreditar em divindade nenhuma.
Aconteceu uma vez, pois, algo deveras curioso. Deu perguntou para uma moça se ele acreditava em Deus, como sempre.
- Acredito.
A coitada teve o azar de ser a vigésima sétima pessoa seguida que acreditava em Deus. Eis a resposta do nosso grande mestre impaciente:
- É muito fácil acreditar em Deus; difícil é Deus acreditar em você! - disse Deu, o singular de Deus.
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