Caro Cobrador,
Você deve, como ninguém, conhecer o povo brasileiro.
Conhece as madames que por aqui passam com medo de se sujar na catraca; conhece as crianças de sete anos que fingem ter menos que três para não pagar a passagem; as senhoras que não deveriam sair de casa e lotam ainda mais o ônibus lotado; os assaltantes que por ventura te roubam e arruínam seu trabalho do dia inteiro.
Por isso deve saber que somos um povo heterogêneo, mas semelhante em uma coisa: temos todos menos de dois metros e cinqüenta e seis. Até os albinos, meu amigo cobrador, não têm essa altura. Imagine como seria ruim não poder pegar sol e nunca caber embaixo de um guarda-sol?
Seria pedir demais, pois, que tenha troco para dez?
Se não tiver, eu desço no próximo ponto. Mas sempre com a certeza e a esperança de que no próximo ônibus haverá um cobrador de notas pródigas e miúdas que me sirvam de troco.
Tenha um bom dia.
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