terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ela e o homenzarrão contra inimigos furiosos

Ela vem descendo aquela escada como se cada degrau fosse um inimigo dormindo - não convém pisar com força ou displiscência em um inimigo dormindo, que poderoso que é, não hesitaria em tombar qualquer um que o acordasse.  
 
Põe a mãozinha direita na cara, e a esquerda não põe porque foi feita para segurar a bolsa. Se ela não gostasse muito, tanto assim, de bolsa, as duas mãos estariam na cara cobrindo o rosto - o máximo possível para ninguém ver que ela está com medo do degrau, o bastante para que se possa ver os degraus e calculá-los.
 
Pensa na possibilidade uma em dois trilhões de ter uma catota no nariz e decide voltar para ir ao banheiro. Mas pensa na possibilidade uma em um trilhão de cair da escada ao dar meia volta; e é por comparação de possibilidades que continua a descer, a despeito da catota uma em dois trilhões.
 
Vê o homenzarrão que ama vir correndo na sua direção com cara de quem não viu catota no nariz dela e se sente aliviada duas vezes . Primeiro, porque no nariz dele tem duas, duas catotas. E depois, que o homenzarrão está com cara de quem não se importaria se no nariz dela tivesse catota.
 
O segundo alívio a deixa muito feliz, mas não acredita muito. Não acredita e prefere não utilizar esse alívio para lhe dar o exemplo na hora da bronca. E é como ter um carro de air bag perfeito: você não iria bater com ele de frente a 200km por hora, de frente, se pudesse desviar.
 
O homenzarrão a encontra, segura na mão dela, e ela não se preocupa mais com degrau inimigo. Porque que inimigo seria tão poderoso assim contra um homenzarrão desses?

2 comentários:

Anônimo disse...

Sou eu!

Anônimo disse...

el homenzarran soy djo!