sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Adriane Galisteu

Uma moça de aparentemente 18 anos se aproximou de mim e cutucou-me com a bengala. Quer bolo, quer? Ela me perguntou assim. Eu disse, bolo de quê? Porque cavalo dado a gente não olha os dentes, né? Mas o cavalo que ainda não foi dado, a gente pode olhar o que quiser, para não ficar com um cavalo inútil. Ou para não ficar com um cavalo, para quem não gosta de cavalo.

É. Imagina se você mora em um apartamento. Você está em sua casa, descascando batata, e escuta no corredor um barulhão o dia todo, mas não quer olhar para não se meter. Aí toca a campainha e é um amigo seu com um cavalo para você.

- É teu!

Mas eu não moro em um apartamento, você diria antes, se o cavalo não fosse seu.

Tem gente que dá cavalos dados que não se olham os dentes para se livrar de cavalos doentes.

A moça disse que o bolo era de chocolate, e eu aceitei. Disse para a moça: Agora você já pode casar! Mas eu já sou casada, ela disse. Aí que eu reparei que olhei as velinhas ao contrário. Não eram 18. Aquela mulher estava fazendo oitenta e um anos!

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