sexta-feira, 19 de junho de 2009

Entrevista com Sãr Paul Mccartney

Hoje é dia de Paul Mccartney. E quase que ela não sai.

Leitor de blog é muito ingênuo. Se ele doasse milhares de reais ao invés de postar milhões de comentários, os posts sairiam com frequência muito maior! Ao invés de entrevistar os Beatles uma vez por ano, poderia entrevistá-los uma vez por semana, se o doador assim quisesse.

- E os Rolling Stones? Eu prefiro os Rolling Stones, ao invés dos Beatles.

Os Rolling Stones, também. Embora isso não tenha nenhum impacto, porque hoje qualquer um entrevista o Mick Jagger e aquele bêbado cujo nome é Keith Richards, a entrevista poderia acontecer. A partir do momento em que entra capital, eu não preciso mais fazer somente coisas de que eu goste. Mas esta é uma entrevista com Paul Mccartney, o sãr.

Posso confessar que esta é a primeira vez que fico nervoso antes de uma entrevista. Nem quando entrevistei Ayrton Senna depois de morto fiquei tão nervoso assim. Talvez seja porque eu tenha compaixão com pessoas de cabeça grande. E talvez seja também porque o Senna é um tédio. Mas você, leitor, deve notar que a surpresa maior não é meu nervosismo diante de Paul; o que estranha é eu admitir que fiquei nervoso.

Passo horas e dias tentando mostrar-me superior diante de tudo, e agora quase ponho tudo a perder. Isso é estranho?

Analisando o fato sem o seu contexto, sim. Aliás, se alguém leu este texto até o parágrafo anterior, pensará para sempre que a empáfia era de mentirinha. Mas diante de alguém que tem todos os motivos para a soberba - sucesso gigantesco, sendo que ele é justamente proporcional ao talento - e é extremamente carismático e simpático, minha altivez cai por terra!

Então, se você não conhece pessoalmente Paul, saiba que ele é, antes de tudo, um simpático. Chega até a ser bobo, de tão agradável e aprazível. Como se as bilhões de pessoas que gostam dele não bastassem, ele faz de tudo para agradar o interlocutor e conquistar mais um fã. Aliás, para conquistar o fã, ele é capaz de tratar a pessoa como ídolo. Compreende?

Para se ter uma idéia, no ato de contatá-lo para a entrevista, foi ele quem falou que poderia entrevistá-lo antes mesmo de eu dizer. Cacilda. E ele ainda disse que viria à minha casa, se precisasse.

- Precisa, sim! Venha amanhã às quatro e vinte da tarde, por favor! Abraço, outro. Tchau!

Paul apareceu muito bem vestido na hora exata. O rosto dele é realmente muito simpático. Este moço está sempre rindo!

- André! Trouxe-lhe vinhos!

Contei que não gosto de vinhos.

- Mas eu trouxe Coca, também! Você gosta de Coca?

É claro que sim. Dei-lhe logo um abraço para deixar de ser bobo.

- Quer uma massagem? Quer, né? É claro que quer.

Paul me fez massagem e fiquei mais relaxado – embora ele não tenha técnica muito apurada. Enquanto apertava minhas costas, cantarolou músicas como Hey Jude, My Michelle e Ana Júlia.

- Epa! Por que todo Beatle canta Ana Júlia?

Ele parou um pouquinho a massagem, para depois dizer:

- Foi o George que me ensinou uma vez. Nunca mais me esqueci. O John também cantarola Ana Júlia?

- Não reparei.

A massagem continuou até o momento em que minhas costas começaram a arder.

- Trouxe uns bifes, para fazer à milanesa para você! Quer? – disse Paul.

É claro que eu queria. Claro que sim.

- Então deita um pouco aí, relaxa, que eu já trago tudo prontinho.

Eu estava quase cochilando, quando Paul perguntou, constrangido:

- Onde tem farinha de rosca?

Falei que era na terceira gaveta do armário, e ele bateu as mãos na testa. Parecia que este era o único lugar que ele não procurou.

Bifinho pronto, ele trouxe numa bandeja três bifes e um copo de Coca muito gelada. Me acordou de mancinho, para não atrapalhar meu cochilo.

- André? Acorda, meu chapa. Acorda, que depois o bife esfria e a Coca esquenta e perde o gás.

Acordei, comi os bifes, tomei a Coca, e ele foi embora com a missão cumprida.

Rapaz! E a entrevista?? Quando percebi, Sãr Paul Mccartney já tinha dobrado a esquina.

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