
As lideranças mundiais estão muito despreparadas. Elas não entendem nada que não seja dito literalmente. Não contei na entrevista, mas disse para Obama que estava com água nos joelhos e ele não me ofereceu o banheiro! Tive dizer que queria urinar para que então ele tivesse a ideia de me encaminhar ao banheiro.
A única serventia destas entrevistas até hoje foi o aumento de visitas neste blog. Gente que me desconhecia mas que conhecia Obama, passou a me conhecer. E o contrário também ocorreu. Muitas pessoas não tinham ideia de quem fosse o presidente americano, e passaram a conhecê-lo sob minhas palavras. Não deixa de ser uma honra. Isto demonstra, porém, o perfil das lideranças de hoje. Elas não são boas no que fazem, são boas de audiência!
De hoje em diante, procurarei as autoridades que realmente podem mudar o mundo e as cobrarei por isso. Nada melhor que começar com Obina.
No Brasil, não é a autoridade política quem tem a verdadeira autoridade; quem manda é o craque. Nunca vi Obina jogar bem, mas tenho certeza de que é por puro azar. Alguém melhor que Henry, Eto´o e Ronaldinho só pode ser um craque de primeira. Além disso, é um craque que manda na maior torcida do Brasil e do mundo.
(Dizem que há dois times mexicanos com torcida maior que a flamenguista, porém o torcedor mexicano é passivo. Três torcedores mexicanos equivalem a um flamenguista, assim a torcida do Flamengo é maior.)
Encontrei Obina em sua casa, o Maracanã. Fazia sol e eram quatro horas da tarde, e fizemos uma entrevista ótima. Acontece que esqueci de apertar REC e meu gravador não ouviu nada.
- Obina, teremos que repetir a entrevista.
- Claro! É um prazer falar contigo. Mas só repito com uma condição?
- Qual, Obina?! Me diga logo que condição é essa!
- Só repito se você jogar uma bolinha aqui com o pessoal!
Engraçado como há exigências que são muito prazerosas e hábitos que são enfadonhos. Não só é claro que jogaria uma bolinha com o pessoal, como estava querendo isso desde o começo, mas sem jeito para pedir. Foram dois tempos de quarenta e cinco minutos. Pediram para eu vestir a camisa do Flamengo, mas eu me recuso a me vestir um manto que não seja do Palmeiras ou do Inter.
- Por que do Inter, rapá? - perguntou Obina, quase ofendido.
É que minha namorada me fez colorado.
Fiz quatro gols e percebi que dou azar a Obina. Ele não estava em um dia inspirado, já que perdeu seis gols na cara do goleiro. Teve um sétimo que nem goleiro tinha. Engraçado é que ele ria a cada gol perdido, como se gostasse disso. Eu experimentei perder um gol para tentar alcançar a alegria de Obina, mas infelizmente a bola entrou mesmo sem eu querer. Vida de craque é mais difícil do que parece. A foto é da comemoração pelo quarto gol que fiz, de bicicleta. Obina é um sujeito tão legal, que comemora os gols dos outros como se fosse dele. Quando tomamos um gol, Obina também comemorou.
- Obina! Vê se fica na sua! - eu disse, um pouco nervoso.
- Que foi? Foi gol!
- Cala boca, Obina. - e o nosso craque ficou amuado.
O jogo finalmente terminou, 3 a 1 (um dos gols que fiz foi contra), e começamos a entrevista bastante suados.
- Sorte que a entrevista não vai para a TV! Estou tão suado que quem assistisse sentiria o cheiro!
Eu continuaria este devaneio, mas estava latente em mim a responsabilidade social de quem tem um blog como este.
- Obina. Como faremos para resolver a crise no Oriente Médio?
- Onde fica? - respondeu o artilheiro com fina ironia. Sorri ao me deparar com tanta inteligência. Obina revelou ao mundo seu descaso com quem briga. Se o Oriente Médio não estiver em paz, Obina se recusa a falar sobre esta região. É um duro golpe na barriga dos briguentos.
- O mundo está diante de uma grande crise financeira com poucos precedentes na história. O que você acha disso? Você perdeu muito dinheiro?
- Olha, acho melhor acabar com a crise. - fiquei muito avermelhado ao perceber que toquei numa questão pessoal de nosso grande ídolo. Esta entrevista é para resolver o problema do mundo, não para fazer fuxicos!
- Desculpe, Obina. Há alguma solução para a crise?
- Tem, sim. Mas não vou falar.
Caramba.
- A fome da África?
- É o que eu sempre falo. Para resolver a fome da África, tem que alimentar os africanos. Só assim resolveremos este grande problema. Agora eu tenho que ir embora.
Obina se levantou e eu percebi que novamente esqueci de ligar o gravador. Comuniquei isso a ele, que respondeu com grande simpatia:
- Tudo bem, inventa!
E assim se encerrou a entrevista com o maior craque de todos, Obina.
2 comentários:
Esse blogue é a salvação da segunda-feira chuvosa e fria.
André: você vai práscabeça!
Grande abraço!
gostei, fino humor!
vc está cada vez melhor rapá!
mas olha, se vc voltar a escrever periodicamente no idéias (como alguém havia me prometido, humpf), deixo você fazer isso até usando a camisa do palmeiras, hehehe.
e escrevo até uma crítica construtiva para o eu blog, hahaha.
hugs
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