terça-feira, 16 de junho de 2009

Entrevista com Ringo Starr


Foi difícil acordar cedo nesta terça-feira para entrevistar o grande baterista Ringo Starr. Não que ele não seja um grande sujeito. Muito menos que não tenha um papo agradável. Acontece que fui dormir tarde ontem, e quando marcamos nosso encontro, o inglês foi bem claro:

- Encontre-me às oito. Ouviu? Oito. Eu não disse sete, nem nove. Eu disse oito. Espero que tenha ouvido corretamente.

Ele não precisava ter sido tão enfático para que eu chegasse no horário. Para quem não sabe, sou uma pessoa muito pontual. Há quem pense que a pontualidade é uma grande demonstração de respeito. E até é, um pouco. Mas, para mim, pontualidade significa a hora mínima para que o encontro termine o mais rápido possível. Assim. Se eu chegasse à entrevista com o Ringo às oito e quinze, por exemplo, eu me livraria dele quinze minutos mais tarde. Então fui pontual para que a entrevista terminasse mais cedo do que se não o fosse.

Cheguei à casa dele às sete e cinquenta e oito, porque pontualidade exige planejamento e antecedência. É impossível ser sempre pontual se baseando no horário da chegada. É preciso ter sempre como meta chegar ao local desejado uns quinze, vinte minutos antes. Porque possivelmente haverá alguma coisa que o atrase quinze, vinte minutos. Isso falha quando há um grande problema que o atrase por muito tempo. Aí não há remédio possível.

Dim, dom.

- Who is it?

- Em português, please.

- Quem é?

- Sou eu, Ringo. O André, do blog Eu não sou virgem, Maria!.

- Ó! Pode entrar, rapaz. Vem entrando, por favor!

Ringo abriu-me o portão, e fui caminhando pelo longo jardim de sua residência muito rica. Depois de passar por sete árvores, dezessete bromélias, quatro poodles, seis pastores alemães, sete empregados, quatro faxineiras e dois urubus, encontro com o sorridente Beatle segurando a porta aberta para mim.

- Olá, grande amigo! - me diz ele.

- Olá, meu chapa! Olá!

Cumprimentamos-nos efusivamente. O abraço demorou mais do que seria agradável, e a barba dele arranhou minha bochecha. Vi que uma garrafa de dois litros de Coca-Cola me esperava, gelada.

- Ringo. Com grande pesar, sou obrigado a recusar esta Coca-Cola. Não suporto refrigerante antes do meio-dia.

Ele levantou os ombros, como se não se importasse.

- Vamos às perguntas?

- Sim, sim. - disse Ringo em sua humildade avassaladora.

Outro dia alguém me perguntou o que seria dos Beatles, se Ringo e George Harrison também fossem gênios. Eu não respondi nada, mas se me refizessem a pergunta no dia de hoje, eu diria que os Beatles seriam um grande fracasso. Numa grande banda, é preciso que a genialidade seja bem centralizada, e haja gente que faça coisas bem simples, para não atrapalhar. Ringo e George não atrapalham divinamente.

Eu: Tudo bem, amigo?

Ringo Starr: Tudo.

Eu: De onde vem seu apelido?

Ringo Starr: Não sei se você sabe, mas meu nome é Richard. Mas sempre usei muitos anéis. Então me apelidaram Ringo, porque em inglês, anel é ring.

Eu: Entendo. Tem alguma coisa que você gostaria de dizer?

Ringo Starr: Acho que não.

Eu: O que é isso ali em cima?

Ringo Starr: Um grammy. Quer?

Eu: Você está falando sério?

Ringo Starr: Claro, pode pegar. É teu.

Eu: Então podemos encerrar a entrevista. O que você acha?

Ringo Starr: Eu simplesmente adoraria.

Foi assim que a entrevista de hoje terminou. Ringo ficou aliviado por não ter que falar muito, e eu fiquei descansado por não precisar entrevistar muito. Terça-feira é para profissionais.

2 comentários:

Jana Lauxen disse...

Baita entrevista.

Anônimo disse...

Poxa, faltou perguntar se eles ainda se falam, ringo, paul, lennon e todo resto e se planejam um retorno, tal qual jesus cristo.