terça-feira, 11 de maio de 2010

Uma breve e silenciosa volta

Hoje entrei devagarinho neste blog, para ninguém notasse a minha presença, e todos vieram até mim, como que dizendo: “Ele voltou! Ele voltou!”. Cada um que me reconhecia atraía mais umas seis ou sete pessoas novas. E cada uma dessas seis ou sete também diziam que eu voltei, e atraíam mais seis ou sete pessoas novas. Caramba.

Não conseguia me movimentar.

O bigode novo nem adiantou para despistar. Eu dizia: “E o bigode?!”. As pessoas diziam: “Ficou lindo!”. Não era para ficar lindo, era para disfarçar.

Mas o meu ar carrancudo foi se desfazendo e, muito de repente, percebi que aquilo me fazia bem. Sim, o sucesso que tanto reneguei me fazia bem! Não é porque Machado de Assis era famoso também, que eu também seria um mal escritor só por possuir esta característica. Comparar as coisas por apenas uma característica é injusto, ora pois. Seria como dizer que a Gisele Bündchen é tão bonita quanto a Hebe só porque a Hebe tem cabelos louros.

Que Deus me perdoe.

As pessoas se aglomeravam à minha volta, perguntavam dos planos novos, e infelizmente eu não tinha uma palavra para lhes dizer. Nada. Nenhum projeto, nenhuma semente para plantar uma árvore. Eu não tinha nem o alicate no meu bolso que eu costumo levar por ter ouvido uma vez que um homem prevenido vale por dois.

Aliás, eu disse que não tinha nenhuma palavra? Mentira! Eu tinha, sim. Eu disse um misterioso “até logo” para que pensassem que a volta pudesse estar próxima, como se notícias novas estivessem a caminho. Mas não.

Eu só fiz assim porque vi num filme.

Nenhum comentário: