quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Você gosta de futebol?

Calma, não precisa responder.

Sei que este é um ambiente com pessoas de alto nível cultural e interesse avançado em tecnologia. E pessoas desse tipo não podem revelar o interesse próprio em futebol, já que isso as equipararia, sei lá, ao Pelé. E sabemos que Pelé não é culto.

Pois tem um novo site muito interessante sobre futebol. Se eu fosse você, entraria nele correndo! O nome é Eu não sou mané, Garrincha!, e o dono você pode imaginar quem é. Os textos são brilhantes. Eles elevam o futebol ao maior nível cultural possível!

O endereço é www.eunaosoumanegarrincha.blogspot.com . Repare que o dono ainda não comprou o domínio. Deve ser um pobretão.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Os defeitos de Obama #2 - Ele fuma



Na semana passada comecei a enumerar os defeitos de meu amigo Barack Obama. E olha que não digo a palavra amigo como força de expressão. Saiba você que já o entrevistei algumas vezes. E entrevistado meu é amigo meu.

Pois a intenção do post era, repito, enumerar os defeitos do Obama. Eis que um leitor desavisado desata a comentar aqui e no Orkut. O coitado se deu ao luxo de comentar sem pensar, e, vejam vocês, quis mudar o foco. Ele queria que não vislumbrássemos os defeitos do presidente norte-americano. Não, minha gente. Ele queria, pasmem, era que víssemos com todas as clarezas os defeitos dele, o comentarista. Infelizmente não digo o nome dele, pois eu não confio em um perfil do Orkut.

Eis o comentário dele, cidadão que não possui corretor ortográfico do Word. Mas eu tenho e lhe emprestei os serviços:

"Escrotice.

Mestrados em teologia de Harvard deduziram (isso mesmo, deduziram, pois não se pode ter certeza alguma) de que Jesus tinha olhos castanhos, cabelos castanhos escuros, era moreno e não branco como é o biótipo das pessoas do oriente médio, de pele ressecada de tanto andar de cidade em cidade para pregar o evangelho, e era magro.

Bem magro, nada de porte atlético pois vivia em jejum constante se alimentando apenas dos ensinamentos das escrituras do antigo testamento.

Ou seja, não era mesmo um homem bonito. Pois Deus não queriam que o respeitassem pela sua aparência ou riqueza mas sim pelo seu caráter. Por isso nasceu feio e pobre.

Quanto ao Obama, pergunta para ele se ele seria capaz de levar 50 chibatadas com pontas de ferro, levar escarradas no rosto, ser insultado espancado e pregado numa cruz por nós. Está longe de ser um Jesus."

Espera aí, colega.

Você disse que os especialistas de Harvard deduziram a verdadeira coloração de Jesus. Mas deduzir não significa nada. Uma vez eu deduzi que minha mãe não me daria presente da Natal, quando na verdade ela estava escondendo um Nintendo 64 novinho no meu armário. NO MEU ARMÁRIO! Você pode entender o que é isso?

Lamarck deduziu uma teoria da evolução completamente falha. E olha que estamos falando de Lamarck, não de meia dúzia de pesquisadores dessa universidade que, desculpe, desconheço.

Quero dizer que tenho provas de que Jesus era da cor que falei. Sim, sim. Já vi quadros em várias igrejas se reportando a Jesus nesta cor: branco, de olhos azuis. Pessoalmente, acho uma cor feia. Preferia que Jesus fosse mais escuro de olhos escuros, como Antonio Banderas ou Lázaro Ramos - estes sim, homens bonitos.

Aliás, qual é a sua fonte para dizer que ele era feio por ser daquele jeito? Pedro de Lara?

E eu concordo com você que Jesus está longe de ser um Jesus. Aliás, em nenhum momento disse que Jesus está próximo dele, porque considero que Obama está muito à frente de Jesus.

Pesquise melhor, por favor, antes de se expor em público.

Mas estamos aqui para falar do segundo defeito de Obama. E este é um defeito muito maior do que o primeiro.

Porque o primeiro é involuntário. Tudo bem que ele poderia tirar aquela pinta numa rápida consulta ao dermatologista, mas não foi ele que fez aquela pinta. O segundo defeito só pode ser curável depois de inúmeras visitas ao terapeuta, ao psiquiatra, ao cardiologista, ao pneumologista e sabem-se lá quais mais.

Obama fuma.

Ele que tem qualidades que nem Jesus tinha, tem um defeito que até idiotas não têm. Este é um grande alívio para todos nós, porque um grande homem que não tenha traços de idiotice não pode ser um grande homem.

E daqui a alguns anos, certamente ele terá câncer, e morrerá como qualquer um de nós: por uma doença. E aqui proponho outra vantagem de Obama em relação a Jesus: ele morrerá de morte humana, não na cruz. Não haverá aquela parnafelhada toda, com pompa de estrelas, só para mostrar que é superior.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Uma conversa com Obama

Sei que parece um pouco repetitivo falar de Obama quase todos os dias nesse espaço. Mas ele é um dos meus melhores amigos, e as conversas que tenho com ele sempre rendem.

Estávamos falando sobre arrogância. Eu disse que não há arrogância que se justifique no mundo, e ele concordou:

- Concordo! Nem eu, que sou inteligente, poderoso, chique, esportivo, intelectual, eloquente e popular! Nem eu, que tenho todos os motivos, sou arrogante!

- É, sim - respondi, porque é impossível discordar desse homem.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Os defeitos de Obama #1 - Pinta saliente ao lado do nariz



Quando a notícia de que Obama poderia ser o presidente dos Estados Unidos surgiu, muita gente ficou esperançosa. Se naquele momento um homem com tantos defeitos quanto Hitler era o presidente dos Estados Unidos, poderíamos sonhar que alguém com tantas qualidades quanto, desculpem, Jesus Cristo, ocupasse aquele cargo! Eu já pedi desculpas, mas vale de novo: desculpe, mas só posso compará-lo a Jesus.

Até porque Obama tem algumas qualidades que nem Jesus tem. Quantas línguas falava Jesus? Obama resistiu até pelo menos os 48 anos, enquanto Jesus só até os 33! Obama dominou o mundo sendo de uma cor contra a qual muitos têm preconceitos, enquanto Jesus tinha olhos azuis! Obama se orgulha bastante de Michelle Obama e ainda lhe deu o sobrenome, enquanto Jesus renegou e escondeu Maria Madalena, e a coitada teve que viver somente com nomes próprios - cacilda, nunca tinha pensado em Maria Madalena Cristo. É melhor parar por aqui, porque não estou esbanjando popularidade a ponto de dizer tranquilamente que Cristo era analfabeto.

Mas não pensem que assim é que defendo Obama. Somente uma coisa é pior do que um homem sem qualidades: um homem sem defeitos.

Pensando calmamente, você consegue enumerar defeitos de Obama de um a cinco? É capaz de falar mal dele sem que pareça forçado e invejoso? Impossível!

Pois nesta nova seção do blog, tratarei de enumerar os defeitos de Barack Obama. Somente com um bom número de defeitos poderemos vislumbrar com clareza quais são as qualidades dele, e assim teremos a certeza de que o mundo está entregue a boas mãos.

O defeito número um parece óbvio, mas demorei sete meses para encontrá-lo. Trata-se de uma pinta saliente ao lado do nariz do presidente. Ela se esconde ali à esquerda de seu rosto, e é ofuscada pelo entusiasmo do olhar e pela boca eloquente.

Não que uma pinta seja defeito - não quero perder a audiência dos ruivos. Acontece que a pinta de Obama é saliente e, repare, oleosa. O brilho dela é maior do que o brilho costumeiro da pele, já que pó de maquiagem é rapidamente absorvido por qualquer oleosidade.

Agora podemos ficar tranquilos. Naquele rosto que mistura a profundidade de um intelectual com a beleza de um atleta, há, graças a Deus!, um defeito.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Regra de convivência #124 – Não diga “estória”

Coitado do Guimarães Rosa.

Houve uma vez em que ele escreveu o livro "Primeiras Estórias" tal qual a mãe de um assassino - com a inocência de quem não sabe o mal que criou. Não pelo livro, que é, de fato, muito bom – eu li a orelha, por isso posso falar. Alguém uma vez comparou a forma de narrativa de Guimarães com a deste blog. Mas ainda bem que a pessoa disse "guardadas as devidas proporções", senão eu ficaria ofendido.

Bem. Sabemos que não é simples ler Guimarães Rosa. Ele usa vários neologismos, tem uma narrativa complicada e, quando se encerra o livro, é como se o leitor não tivesse lido um livro, mas uns oito, de tanto que teve que reler algumas partes.

Mas eu falava do livro "Primeiras Estórias", não é? Pois bem. Tem gente que ao contar uma história, diz que contou uma estória. Essas pessoas fingem que querem distinguir uma "história" - narrativa comum - de uma "estória" - narrativa de cunho popular. Mas na verdade, caro leitor, elas só querem dizer o seguinte:

- Eu li Guimarães Rosa, aquele autor complexo.

Por isso, se você quer dizer que leu Guimarães Rosa, deve agir de forma mais discreta.

Primeiro, deve fazê-lo somente em uma aula de literatura. Depois, diga somente em último caso – quando perguntado. E por último, mas principal, diga baixinho, porque alguém de fora da sala pode ouvir.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Deu, o singular de Deus;

segundo contam as pessoas mais vividas, foi Deu quem inventou a garrafa térmica.

Ele gostava muito de passar noites acampando na selva, e que raiva que ele não passava quando ia experimentar o café, e percebia que ele já estava frio? Pois numa mistura de necessidade, habilidade e criatividade, criou a garrafa que mantinha a temperatura do líquido que nela estivesse.

Isso causou, porém, muita inveja a alguns. Um famoso apresentador de televisão da época chegou a propor-lhe um desafio. Colocou chá quente na garrafa térmica de Deu, e propôs que o chá fosse tomado dali a algumas horas. Naquele tempo, quando as coisas eram, digamos, mais corretas, ninguém tomava chá gelado.

Passadas três horas, foram todos experimentar o chá de dentro da garrafa de Deu. Batata, ainda estava quente. E Deu, com toda sua sabedoria, disse ao apresentador de TV:

- Quente viu, quente vê.

Esta frase causou frisson. Todos passaram a utilizá-la. E como tudo que passa pelo povo, acabou sendo modificada e, por que não?, vulgarizada para a forma como se fala hoje. Mas isto não causa dor de cabeça a Deu, o singular de Deus.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pergunta do leitor

Como é participativo, o leitor deste blog! Acho que, por serem muito escolarizados, eles aprenderam que é sempre importante interagir, emitir uma opinião!

Outro dia mesmo recebi um comentário de alguém que dizia o seguinte: "Ótimo!". A pessoa não queria acrescentar nada, não queria propor nenhuma abordagem diferente ao post, não queria sequer, arrisco a dizer, comentar. Era só um registro de que ela passou por lá, como quem bate o ponto no trabalho.

Nessa semana, um leitor participativo perguntou-me algo que, honestamente, nunca havia passado pelo meu cérebro:

- Por que o blog tem esse nome?

Eu poderia responder de forma simples e lacônica, mas iria soar como uma bronca. E eu não quero dar bronca, porque quem dá bronca quer melhorar o outro. Eu não quero melhorar meu leitor. O intuito deste espaço é demonstrar a clara superioridade de meus pensamentos frente àquele que os lê. Este blog é um golpe em qualquer arrogância.

São três opções de justificativa para o nome deste blog. Escolha a que melhor convir.

a) O blog tem este nome porque, no primeiro texto aqui publicado, uma moça diz para a outra: "Eu não sou virgem, Maria!"

b) Dei este nome ao blog para fazer uma piadinha ao dizer o endereço do blog para as pessoas. Elas achariam que eu não sou a santa Virgem Maria, quando na verdade eu estava dizendo que não era virgem.

c) O nome deste blog é bíblico, e relata a passagem em que Jesus, sem olhar para trás, quer falar com sua mãe, mas é uma desconhecida que lá está. A desconhecida diz "Eu não sou Virgem Maria!". A identidade dela é um dos maiores mistérios da Bíblia, não revelado sequer pelo livro famoso O Código da Vinci.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Entrevista de emprego

Esperei por três minutos na sala de espera, quando a secretária já me anunciou para o patrão. É claro que me vem à cabeça que esta empresa deve ser diferenciada. Aliás, não só a empresa, como o patrão também. Ele não gosta de deixar as pessoas esperando por muito tempo. Na verdade, não me deixou esperando nadinha, porque havíamos combinado para as quatro da tarde, e eu cheguei às três e cinquenta e sete.

Ele mesmo abriu a porta, e pensei que ele pode ser gay, mas a barba mal feita suspendeu, pelo menos por enquanto, essa impressão. Sentei, ele também. A cadeira dele não era nem tão melhor que a minha. A única diferença perceptível era a de que a dele se movimentava muito mais para trás, além de ser vermelha.

- Então você é o André Ferreira.

- Não, não. André Pereira, com pê e um érre só.

- Não é Ferreira?

- Não.

- Certeza? Você não é o André Ferreira?

- Certeza, cara.

Ele apertou um botão no centro da mesa, e a secretária apareceu imediatamente. Ele pediu para eu dizer meu nome.

- André Pereira.

Ele olhou para a secretária, e ela fez uma cara de espanto, com a mão na frente da boca, como se fosse uma pin up. E ela saiu da sala.

Apesar de eu ter dito meu nome duas vezes, o homem à minha frente não disse nenhuma vez o nome dele. Ele pôs o cotovelo na mesa, apoiou a cabeça no braço, e disse qualquer coisa, como:

- E aí. Me diz, sei lá, sobre sua vida. Onde você já trabalhou antes?

Eu já tinha suspeitado, e agora eu tive a certeza de que a secretária se confundiu. Chamou para a entrevista o André Pereira no lugar do André Ferreira.

- Eu já trabalhei num prostíbulo.

- É mesmo? Fazia assessoria de imprensa?

- Não, não. Prostíbulos não têm assessores de imprensa.

- Então você fazia o site?

- Prostíbulo não tem site.

- Sei lá, então o que você fazia no prostíbulo?

- O que uma pessoa faz num prostíbulo, cara pálida?

Com muita dignidade, peguei minha Samsonite, levantei e fui embora sem me despedir.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Deu, o singular de Deus;

era comum ver Deu acompanhado de seu discípulo favorito durante todos os momentos de folga. Deu o tratava com todos os carinhos que o filho predileto merece: pagava-lhe as contas, ajudava-o nas discussões, comprava brinquedos novos, ria das piadas sem graça dele. Enfim, tudo o que se pode esperar de um pai puxa-saco, embora, cabe dizer, Deu não seja o pai dele. Mas, principalmente por isso, Deu o tratava ainda melhor, pois não tinha a segurança de amor eterno e perdão certeiro que um pai costuma ter.

Ah, sim. O nome dele? Sereno.

Pois aconteceu com Sereno todo o mal que acomete os mimados. Depois de certo tempo, foi mostrando cada vez menos motivos para ser gostado. Tornou-se, mesmo, muito forçoso para Deu rir daquelas piadas sem graça, que agora costumavam constranger as pessoas pelo ridículo, ao invés de encantá-las pelo riso. E se Deu ainda pagava as contas e comprava presentes, era pelo hábito, não pelo carinho anterior.

E Sereno tornou-se um tirano. Fazia tudo o que queria, e Deu já não arranjava força de censurá-lo. Também nem mais adiantava. Sereno não ouvia nada além de seus instintos. Sua audácia chegou ao ponto de bolinar todas as meninas, não importando se fossem bonitas ou feias, e todos os meninos, estes os mais bonitinhos, assim que saíam do banho, ou quando fosse à rua.

Deu tratou de reunir todos os seus seguidores numa sexta-feira marrom, e foi o que disse:

"Caros seguidores. São de vosso saber as travessuras que meu discípulo Sereno vem cometendo. Suas atrocidades passam de qualquer limite, e nenhuma menina, e nenhum menino bonito, podem sair por aí tranquilos. Eis o seguinte conselho que vos ofereço e peço que espalhem para todos os conhecidos: Cuidado com o Sereno."

O discurso de Deu foi muito comovente - ele chorou em alguns instantes. As pessoas saíram de lá com esperança, mas tudo o que se sabe é que depois que os pais e as mães ofereciam este conselho aos filhos, eles tratavam somente de se agasalhar melhor. O que é totalmente ineficaz, como costuma dizer Deu, o singular de Deus.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Gravatas, borboletas, e gravatas borboleta

Sobre as gravatas

Eu já disse aqui umas três vezes, e por isso não faz mal dizer pela quarta vez: as gravatas representam para o vestuário o que o bigode representa para a face.

Não entendeu? Eu preciso conquistar novos leitores, é por isso que explicarei. Quando um homem deixa a barba crescer, o faz somente por desleixo. Não é para embelezar a cara. Aliás, pode até ser, mas não parece que é. Aquilo é natural para o sexo masculino: crescem pêlos na face. Agora, quando ele deixa simplesmente o bigode, sinaliza logo que tem uma preocupação estética com os pêlos faciais. Da mesma forma, a gravata.

O homem veste a camisa porque é preciso vestir alguma coisa. Põe o terno porque faz frio. E a gravata? A gravata ali serve como um enfeite da mesma forma que o bigode. Sim?

Há gravatas de todas as cores, todos os tamanhos, todos os tecidos. Não há, porém, gravata que seja bonita. Também pudera. Os vestuários ornamentais só ficam bem nas mulheres. E eu nunca vi mulher de gravata.


Sobre as borboletas

A borboleta é o símbolo maior da frescura na natureza.

Não sei se Deus, não sei se Darwin, ou se nenhum dos dois. Mas alguém não estava satisfeito com todas as belezas da floresta, e resolveu criar um adorno, alguma coisa que desse ainda mais beleza ao mundo. E o mundo, à época da criação, era aquela coisa doce. Posso dizer até aquilo que nossas tias dizem para a gente quando temos três anos: - "Se melhorasse, estragaria".

Pois foi preciso um defeito para compensar a borboleta, que melhoraria o mundo e o estragaria. Daí surgiram as lagartas, para dar origem a elas.

Acompanhem o raciocínio: se as gravatas representam para o vestuário o que o bigode representa para a face, a lagarta representa para o mundo animal o que o cocô representa para o mundo vegetal.

Sim, sim. A lagarta é o adubo necessário, repugnante e inconfessável da borboleta.


Enfim, sobre as gravatas borboleta

Quando eu disse aquilo sobre a semelhança entre bigode e gravata, imagino que o leitor tenha imaginado uma gravata convencional, daquelas que lembram uma seta rumo ao pênis. Simplificaria se pedisse que o leitor guiasse sua imaginação à gravata borboleta.

Este é um tipo de gravata que lembra até fisicamente o bigode. Coloque uma camisa branca e uma gravata borboleta preta, deixe crescer os pêlos abaixo do nariz e acima da boca, que você terá dois bigodes em seu corpo.

Mas tome cuidado: a gravata borboleta lembra muito, desculpe, o bigode de Hitler.

O fim de um blog

Como um blog termina é mais difícil dizer. Mas o começo é sempre muito parecido.

O sujeito se acha criativo, pensa que é genial, e tem a certeza de que é um desperdício ter todas as suas ideias guardadas para ele mesmo. Então, como as revistas lhe recusam espaços, os jornais pensam que ele tem a relevância de um suicida e, posso dizer, nem a mãe do sujeito desconfia que ali exista algum talento, ele resolve criar um blog.

Aí, mesmo sonhando com a entrevista no Programa do Jô, ele jura não ter a pretensão de ficar famoso. Diz que faz aquilo somente por generosidade! Que ele não é egoísta como alguns gênios que existem por aí, que escondem o conhecimento dos outros. Nada! É mais que uma obrigação que as outras pessoas desfrutem todo esse talento. Assim como a Brigitte Bardot não coloca uma burca para andar por aí, ele não bloqueia suas idéias.

Alguns posts criados, o próximo passo é comentar descompromissadamente em blogs de respeito. Nosso herói cita seu blog com um despropósito menor do que se pedisse por favor. Elogia o dono do blog famoso como se ele Rubem Braga fosse. "Suas crônicas de seu dia a dia são muito divertidas. Às vezes eu bocejo enquanto as leio, mas não se engane! É porque durmo muito pouco de noite. Não vá pensar mal de mim e de seu blog, por favor. Ah, eu tenho um blog. Se você entrasse seria uma honra. Uma honra, não! Muito mais que isso. Mas eu não conheço palavra maior do que honra para essa situação, então fique sabendo que seria mais que uma honra, ou duas." E em seguida vai o endereço do blog.

O dono do blog famoso fica, claro, muito lisonjeado. Ele é muito seguro de si, e não vai imaginar, nunca, que o elogio do blogueiro iniciante veio por interesse. Os outros recebem elogios por interesse. Ele só recebe por merecimento. Deve ser pela posição dos planetas, ou pela foto descolada que tem lá em cima, à esquerda, que repele os oportunistas. Mas eu estava falando de nosso amigo blogueiro iniciante.

Eu ainda não dei nome a este blogueiro. Oswaldo, com dáblio. O dele era com vê, mesmo. Mas ele inventou o w para a internet (www).

Oswaldo recebe um elogio no blog famoso, e toma isso como incentivo, porque muitas pessoas começam a entrar, a comentar, e quando ele percebe, já está postando várias vezes ao dia. Mais! Enquanto não posta, pensa nos futuros posts. Chega até a receber alguns comentários despretensiosos de gente pedindo para linkar o blog dele. E ele linka, porque não se esqueceu da generosidade anterior.

Passa um tempo, porém, e a empolgação passa. Oswaldo se cansa do próprio blog, dos próprios pensamentos, e posta somente uma vez a cada semana. Depois uma vez por mês. E quando percebe, o blog que ficou famoso em tão pouco tempo, já é esquecido em tempo menor ainda.

O leitor deve achar, agora, com razão, que este post sinaliza o fim deste blog. Eu também pensaria.

Mas é com imensa alegria que digo que não, não é o fim deste blog. Pelo contrário! Ele existe há apenas dois anos, e pretendo mantê-lo pelo menos nos próximos cinquenta. Vocês pensaram isso somente pela história comovente de Oswaldo, que poderia ser uma analogia com a minha. Mas não é.

Agora esqueçam o Oswaldo.